A queda nas temperaturas, que sinaliza o fim do outono e a chegada do inverno, marca a passagem de um fenômeno que se repete a cada ano: a migração dos pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) pelas praias da região. E, nos últimos 15 dias, institutos ambientais começaram a identificar a chegada de grande número espécimes juvenis.
Levantamento feito por ATribuna.com.br indica que mais de 264 animais se perderam no trajeto e aportaram na orla do litoral paulista. O número é quase seis vezes superior ao verificado no mesmo período do ano passado, informam as três principais entidades integrantes do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Todos os anos, os pinguins-de-magalhães migram da Patagônia (chilena e argentina) e das Ilhas Malvinas em busca de alimentos em águas mais quentes. São aves com o corpo adaptado para viverem na água, não voam, e têm suas asas modificadas em nadadeiras. Porém, por influência das correntes marinhas, parte deles se perde do grupo e encalham nas praias paulistas.
“É neste período que esses animais são encontrados, muitas vezes fracos, debilitados e necessitando de cuidados. Estes animais são encaminhados para tratamento e, depois de reabilitados, devolvidos à natureza”, explica a bióloga Carla Beatriz Barbosa.
Nas cidades centrais da Baixada Santista, o Instituto Gremar já contabiliza 113 animais resgatados. Deste total, 95 foram resgatados com vida (foram 50 em Bertioga, 33 no Guarujá, nove em Santos e três em São Vicente) e 18, mortos (11 em Bertioga, cinco no Guarujá, um em Santos e um em São Vicente).
Conforme o instituto, a maioria das aves estava abaixo do peso e em estado de exaustão. Eles estão em recuperaçao no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, no Guarujá.
Até terça-feira (23), 74 espécies encalharam em praias de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Ao 35% desse total (26 animais) estão em tratamento no Instituto Biopesca, no bairro Canto do Forte. Após ficarem aptos, eles são devolvidos para o mar e seguem sua viagem em busca de alimento e águas mais quentes.
“O encalhe de pinguins nas praias é muito comum no inverno. Já esse grande número que estamos registrando pode provavelmente ter o sucesso reprodutivo como uma das causas, ou seja, há aumento na população desses pinguins e, assim, mais desses animais acabam chegando na costa do Brasil”, explicou o médico veterinário e coordenador geral do Instituto Biopesca, Rodrigo Valle.
Litoral Norte
No litoral Norte, o Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha começou há 15 dias a identificar a chegada de grande número de Pinguins-de-Magalhães. O primeiro foi encontrado no dia 9 de junho na praia do Itaguaçu, em Ilhabela. Até terça-feira (23), já foram contabilizadas pela instituição 77 ocorrências.
Deste total, são 38 animais vivos que passam por reabilitação na Unidade de Estabilização de São Sebastião e no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba. Outros 39 pinguins já chegaram mortos.
“Infelizmente, muitos deles não sobrevivem, uma vez que já chegam debilitados pela falta de alimento. Em um comparativo com anos anteriores, é possível notar o número expressivo de ocorrências de animais vivos neste ano, conforme o gráfico a seguir”, diz o oceanógrafo Hugo Gallo Neto.
Contatos
Responsável pelo monitoramento do litoral Sul, o Instituto Biopesca recebe informações de animais encalhados nas praias pelos telefones 0800 642 3341 (horário comercial) ou (13) 99601-2570 (WhatsApp e chamada a cobrar). O Instituto Gremar pode ser acionado pelos telefones 0800 642 3341 e (13) 99711-4120. Já no litoral Norte, o Instituto Argonauta atende pelos telefones 0800-642-3341 ou (12) 3833-4863.