Servidor público de Praia Grande 'faz história' ao nadar 14 horas sem parar

Sem agilidade necessária para competir em provas de velocidade, Roberto de Souza Araújo Filho descobriu a maratona aquática e se destacou na modalidade

Por: Thiago D'Almeida  -  12/02/21  -  17:56

O servidor público Roberto de Souza Araújo Filho “nasceu” na água e entrou para um seleto grupo de esportistas no ano de 2019, quando completou a prova “Do Leme ao Pontal”, que atrai nadadores de maratona aquática do mundo todo. A equipe de A Tribuna esteve na Praia Grande e teve acesso a imagens de Araújo em provas, assim como uma entrevista exclusiva com o homem que se divide entre a formalidade do trabalho e os desafios do mar aberto. Confira a videorreportagem acima.


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Araújo contou que foi matriculado na natação por sua mãe antes mesmo de completar um ano e nunca mais abandonou as águas. “Me colocou na natação com apenas seis meses. Passei por todos os clubes e academias aqui da Praia Grande”, explicou Araújo, que hoje faz parte de um grupo chamado “Lunáticos do Mar”, que reúne mais de 100 pessoas.


Apesar do contato com o esporte desde cedo, Araújo não se enquadrou nos requisitos de provas aquáticas de velocidade. Porém, foi na maratona em mar aberto que encontrou seu lugar.


Roberto de Souza Araújo Filho descobriu a maratona aquática e está se destacando na modalidade
Roberto de Souza Araújo Filho descobriu a maratona aquática e está se destacando na modalidade   Foto: Thiago D'Almeida/AT

“Nunca fui um cara rápido, não sou de explosão, de prova curta. Sempre fui mais devagar. Na maratona aquática, que exige [resistência para] longas distâncias, foi onde me encontrei”, relatou. “A mais longa que eu fiz teve o trajeto de 36 quilômetros, quando nadei do Leme até o Pontal”.


A prova que tem o nome em homenagem à música do falecido cantor e compositor Tim Maia é longa e, segundo Araújo, atrai nadadores de mar aberto de todo o mundo. Seu feito foi registrado no site “Open Water Swimming”, que relata os principais feitos da categoria. Ele contou que treinou por 10 meses e que foi o 17º brasileiro a concluí-la. Trata-se de uma prova oficial, acompanhada por um juiz que registra todos os movimentos do nadador.


“Foi uma experiência surreal. Largamos às duas horas da manhã, nadei por 14 horas e 28 minutos”, disse. “É como se fosse o Canal da Mancha do Brasil. E tive a felicidade e o sucesso de realizar com êxito”.


Como não tem agilidade necessária para provas de velocidade, Roberto seguiu a carreira na maratona aquática
Como não tem agilidade necessária para provas de velocidade, Roberto seguiu a carreira na maratona aquática   Foto: Arquivo Pessoal

A preparação não é simples. Ele explicou que treinos longos na piscina são necessários, combinados com musculação e, claro, alimentação balanceada. “No dia da prova, parece que todos os sentidos se afloram. Tudo fica mais difícil e fácil, triste e feliz”, comentou. “Fiquei quase 15 horas nadando e sem colocar o pé no chão, então, doeu tudo”.


Embora já tenha realizado grandes feitos no seu “hobby profissional”, Araújo tem como maior meta o percurso pelo Canal da Mancha, que faz parte do oceano Atlântico e separa a ilha da Grã-Bretanha do norte da França.


“Se um dia Deus permitir, a minha ideia é fazer [o percurso do] Canal da Mancha. Tem 34 quilômetros, o ‘Leme’ é maior, tem dois quilômetros a mais, mas lá é mais frio e tem uma correnteza mais ‘puxada’. Fora o investimento, que é bem expressivo. É um dos meus maiores sonhos”, exclamou.


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