Raquel Chini pretende estimular conversas entre as prefeituras da Baixada Santista

'Temos que trabalhar juntos, porque há problemas que não se resolvem nas cidades', diz a prefeita eleita de Praia Grande

Por: Sandro Thadeu  -  29/12/20  -  11:28
"Estar prefeita não muda a minha vida. Me dá mais responsabilidade”, disse Raquel   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Sucessora de Alberto Mourão, a prefeita eleita imagina deixar a sua marca com uma gestão mais próxima das pessoas, por ser, como diz, a sua característica. Assim como Mourão, Raquel pretende estimular as conversas entre as prefeituras da Baixada Santista para ampliar a busca de soluções em conjunto, a problemas comuns, como convém a uma região metropolitana. Também sinaliza com estudos para reajustes de servidores e um planejamento para a Educação, ainda com pandemia, em 2021. 


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Essa foi a primeira eleição como candidata, mas já tem ampla experiência técnica, com a máquina, passou pela Agem. Como isso ajudará na condução da Cidade?


Facilita muito. Passei por secretarias de manutenção, de urbanismo e meio ambiente e habitação – que lida com a população e com empresários. Isso me dá tranquilidade para administrar, porque eu sei como funciona. Não é aquela coisa de imaginar. E conhecer um pouco de contabilidade pública, lei de responsabilidade fiscal, ajuda. Eu posso começar a pensar em um projeto e eu sei o que tem que contemplar do começo, meio e fim. 


A senhora foi eleita com apoio do prefeito Mourão, portanto, será um governo de continuidade. Até que ponto será possível a senhora deixar uma marca sua? Qual será o diferencial da sua gestão?


Nós somos pessoas diferentes. Somos muito parecidos na forma de tratar com a coisa pública, de gestão, de ser rígido. Brinco sempre, que eu falo muito, com todo mundo. Até porque, não sei se é minha formação de engenheira civil, de lidar com obra, com os funcionários, embaixo do sol e de chuva junto com eles. Isso me deu uma intimidade com os funcionários de todos os níveis, que eu mantenho na vida. Estar prefeita não muda a minha vida. Me dá mais responsabilidade, por substituir uma pessoa como o Mourão, mas não muda minha essência. Então acho que a diferença vai ser essa. Eu vou lidar com todo esse trabalho muito próxima das pessoas, porque é minha característica. 


Em uma entrevista nossa na campanha, você mencionou que estava ocorrendo um boicote de alguns segmentos do serviço público, para prejudicar a sua candidatura. Você disse: “no dia 30 de novembro isso vai acabar”. Acabou mesmo? 


Está melhorando. Estive conversando, perguntando o que aconteceu, onde desligou a comunicação. Porque eu entendo que tudo isso é falta de comunicação. Não adianta fazer boicote, ficar falando nas redes sociais ou fazendo grupinhos... sempre coloquei que a gente tem que tratar com quem pode resolver. Esse acesso eu tô garantindo. 


Na campanha, a senhora mencionou reajuste de 25% para atendente 1, abono salarial para servidores da saúde na pandemia e até mesmo buscar uma saída judicial para o retorno do vale alimentação dos inativos. Você acha que consegue implantar esses planos no primeiro ano de mandato?


A Prefeitura está fazendo os estudos e, dentro do que for possível legalmente, a gente vai fazer. Agora, a parte dos inativos é uma ação judicial. Temos o recurso pra esse tempo que não foi pago. Mas a gente depende da resposta. 


Um outro compromisso de campanha é a construção de três restaurantes Bom Prato. Eles devem ficar em quais bairros ou regiões?


Nos bairros com mais demanda. Até falei, fazer um só, não atende. Porque a cidade é muito comprida, tem 22 quilômetros e meio de praia. Estamos viabilizando terrenos. Um ali do lado da Vila Sônia, um pro Trevo; e um mais pro lado da Caiçara. Os três pro lado pista-morro. Mesmo assim, com certeza alguém vai reclamar que a gente não faz nada na chamada 3ª Zona. A gente tem a maior parte dos nossos equipamentos lá. Das 67 escolas, 50 são nessa chamada 3ª Zona… As unidades de saúde são 30, sendo 20 na 3ª Zona. 


Durante a campanha, você falou sobre auxílio financeiro para alguns ambulantes. Como prevê pagar? A partir de quando?


Seria agora no começo do ano. Já tem previsão no orçamento. A gente vai trabalhar com o Banco do Povo também, com redução do valor da licença. E dar oportunidade para eles trabalharem de forma organizada. A gente acredita que o ambulante seja nosso cartão de visita. Ele precisa ser qualificado para fazer um turismo receptivo. 


Como a senhora pretende encarar a covid-19, no verão, com expectativa do comércio, turismo... como pretende trabalhar isso?


Dos protocolos, não posso abrir mão. Que é a ocupação, o álcool em gel, evitar as aglomerações. Alguns comerciantes acabam exagerando… Com relação ao funcionamento do comércio, quanto mais espaçado for o atendimento, melhora a ocupação. A gente vai pegar no pé de todo mundo com relação à aglomeração. E fazer campanhas. 


Ainda nesse cenário de pandemia, como você pretende trabalhar a educação para dar suporte às famílias, aos alunos e professores? 


A Secretaria está trabalhando nisso. Ela teve que se reestruturar para fazer o atendimento on-line, E já está com programação com reforço escolar. Para os menores, foi uma perda muito grande. A gente vai ampliar de 800 até 1,2 mil horas para dar um reforço no contraturno. Não podemos simplesmente passar de turma e perder o aprendizado. 


O plano de governo fala em ampliar o Irmã Dulce em 100 leitos. Também cita a proposta de criar um centro de hemodinâmica no Irmã Dulce. Quando será possível viabilizar isso?


A gente vai reorganizar o hospital no pronto-socorro. Vamos fazer essa ampliação de leitos no pronto-socorro também. A gente já tem um planejamento e vai segui-lo. 


A ideia seria tirar o pronto-socorro do Irmã Dulce e passar a outro imóvel?


Mais ou menos. A gente vai separar, para que se possa enxergar o que é pronto-socorro, UPA, hospital. Causa muita confusão. As pessoas reclamam do hospital, quando na verdade estão no pronto-socorro. É importante a população entender o sistema. Não sabe usar o sistema. Aí é culpa nossa também, que não conseguiu passar uma “cartilha”. Às vezes, as pessoas estão esperando algo que já está disponível. A gente vai trabalhar bastante nisso.


Sobre habitação, você fala em construir 5 mil casas. O projeto seria financiado pela própria Prefeitura. Em que moldes? 


Já fizemos uma readequação na lei de uso e ocupação de solo em que se permite uma ocupação maior de determinadas áreas para habitação popular. Se construir um prédio normal, há um índice tal, dará 20 unidades. Mas se você for popular, pode fazer 40. Já há esse programa e ele tem funcionado. São imóveis de até R$ 180 mil, R$ 200 mil, com financiamento pela Caixa. 


Para investimentos e obras, muitos recursos são oriundos de emendas parlamentares. Como pretende trabalhar para trazer esses recursos? 


O Mourão já estruturou isso: cada secretaria é responsável por buscar suas emendas. Além de um trabalho político, a gente tem que fuçar. Tem muita linha de crédito voando por aí. Não adianta ter recurso… às vezes, há o recurso e você não sabe o que fazer. A gente vai trabalhar para sempre manter o nosso banco de projetos. E fazer uma aproximação com os políticos, principalmente aqueles que tiveram uma votação na nossa região. 


Como você espera que será o Condesb com os novos prefeitos?


Até já conversei com o Kayo Amado, quero ver se a gente consegue juntar todo mundo, principalmente esse pessoal novo, para entender a mecânica disso, de como funciona a Agência Metropolitana, e entender mais ainda os problemas metropolitanos, do transporte, o lixo. Temos que baixar a guarda e trabalhar juntos, porque há problemas que não se resolvem nas cidades. 


O que os moradores de Praia Grande podem esperar de você?


Quero agradecer os mais de 75 mil votos, lembrando que a gente ficou chateado por ter mais de 60 mil pessoas votando em uma pessoa que ninguém conhecia na Cidade. Mas parei pra pensar: me tornei candidata em 100 dias e tive 75 mil votos. Era conhecida no meio que eu atuo. Mas para a população, nunca fiz campanha, nunca impulsionei rede social, nunca apareci. Sou uma pessoa que realiza. Então acho que fomos muito vitoriosos. Mas, agora, eu vou governar pra todos, porque queremos uma sociedade unida. Espero que as pessoas acalmem o coração. Agora não é momento mais de ficar cutucando ninguém em rede social. Eu já venci a eleição. Ponto. A gente tem que discutir a Cidade, temos uma temporada, uma pandemia a enfrentar. Não adianta ficar falando mal em rodinhas: a gente tem um canal oficial pra reclamar. A gente quer que sejam reclamações construtivas. Que no próximo ano, e nos próximos quatro da minha gestão, estejamos todos unidos, uma união em prol da sociedade, em prol da Cidade.


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