Mulher com doenças degenerativas protesta no INSS após suspensão de benefício em Praia Grande

Professora de Educação Física teve protesto compartilhado nas redes sociais

Por: Yasmin Vilar & De A Tribuna On-line &  -  30/07/19  -  11:39
Vídeos de Adriana na porta da unidade de Praia Grande ganharam repercussão nas redes sociais
Vídeos de Adriana na porta da unidade de Praia Grande ganharam repercussão nas redes sociais   Foto: Arquivo Pessoal

As dores causadas por doenças degenerativas tiraram uma profissional de Educação Física de suas atividades rotineiras. Para controlar o lúpus e demais problemas de saúde, são necessários cerca de 600 comprimidos mensais. No entanto, a ajuda que recebia foi suspensa. Sem o benefício, Adriana Regina Curcio Cosme, de 45 anos, passou três dias em frente à sede da Previdência Social de Praia Grande em um protesto silencioso, que ganhou forças nas redes sociais.


A manifestação começou após ter seu benefício suspenso em março deste ano. Afastada do trabalho desde 2013, devido às fortes dores, a ajuda proveniente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) era o seu sustento e também servia como maneira de arcar com as despesas médicas causadas pelas doenças.


Sua indignação foi compartilhada nas redes sociais e viralizou na web. Durante os três dias em que passou na porta da unidade, recebeu mensagens de apoio de outras pessoas e seus vídeos ganharam repercussão. No primeiro dia, um dos funcionários do INSS pediu que ela buscasse sua documentação para que fosse atendida. Ao retornar, teve a resposta de que sua decisão judicial, emitida pelo Juizado Especial Federal da 3ª Região, havia vencido. “Não estou indignada com as minhas doenças, isso eu já passei antes. Mas o descumprimento de uma ordem judicial federal em que me deram permanente incapacidade”, comenta.


Adriana conta que sua manifestação foi contestada por funcionárias da Previdência, que questionaram se ela continuaria a fazer o ato em vão. “Quando estava lá fora, uma funcionária me perguntou por que eu não iria trabalhar. Olhei para ela e, com muita ironia, respondi que não vou porque sou uma preguiçosa, porque trabalho desde os 15 anos e não quero fazer nada”, relata.


Além disso, a educadora física comenta que funcionários alegaram que o benefício foi cortado devido ao não comparecimento em uma perícia. “Eu não fui convocada em momento algum. Primeiro alegam que foi suspenso porque estava em reabilitação sendo que a decisão é permanente. Posteriormente explicaram que minha decisão estava vencida. Em seguida, justificam o corte que aconteceu em março devido a uma falta no exame que aconteceria em 4 de julho. Se eu faltasse em uma perícia não teriam cortado o benefício meses depois”, desabafa.


Só no primeiro semestre de 2019, o INSS encerrou o pagamento de 170 mil benefícios em todo o país. Já no Estado de São Paulo, 33 mil deixaram de ser pagos. A professora comenta que enxerga o “pente-fino” feito pela Previdência Social de uma maneira positiva. “Tem fraude em todo lugar, mas eu não sou uma fraude. Só quero que cumpram a decisão federal”.


Doença e 600 comprimidos mensais


Doença obrigou que professora de Educação Física abandonasse vida profissional
Doença obrigou que professora de Educação Física abandonasse vida profissional   Foto: Arquivo Pessoal

A rotina de 16 horas diárias praticando esportes era encarada com muita determinação por Adriana. Formada em Educação Física, ela dava aulas de remo e canoagem na Prefeitura de Praia Grande, além de lecionar em escolas estaduais. Antes da carga horária, ela frequentava a academia diariamente durante uma hora, por lazer.


Entretanto, sua carreira esportiva teve que ser deixada de lado devido ao lúpus, doença inflamatória causada quando o sistema imunológico ataca seus próprios tecidos. Desenvolvida no parto de seu filho, em 2001, a doença evoluiu e só foi descoberta em 2010, após uma crise mais severa, devido à exposição ao sol. Após ser afastada de suas atividades, ela decidiu retornar à sala de aula e entrou em seu primeiro coma no ano de 2013. Depois do episódio, ela passou cerca de 300 dias internadas em um hospital.


De lá para cá, outros problemas de saúde foram desenvolvidos. O lúpus, que era a doença base, hoje é acompanhada por dores causadas pela fibromialgia, vasculite, fenômeno de Raynaud, artrite reumatoide, hipertensão arterial, neuropatia periférica e lesão na coluna cervical com sequelas de dor crônica e prótese nas vértebras C5 e C6. Para combater a dor, Adriana precisa tomar cerca de 600 comprimidos mensais.


Posicionamento


Em nota, o INSS informou que o auxílio-doença da segurada, que vinha sendo pago desde maio de 2016, foi suspenso em março de 2019 devido ao não comparecimento em perícia médica agendada para 17 de dezembro de 2018. Na última quarta-feira (24), a segurada apresentou documentação na agência do INSS em Praia Grande, justificando a falta à perícia, o que levou à reativação imediata do benefício. O pagamento será restabelecido nos próximos dias. O INSS já entrou em contato com a segurada para informar a data, horário e local da nova perícia médica agendada.


Além disso, o órgão esclarece que a segurada foi atendida em todas as vezes que compareceu ao INSS em Praia Grande pelo gerente da unidade, que prestou esclarecimentos e recepcionou a documentação acima citada. Caso se sinta prejudicada, a segurada pode registrar reclamação na Ouvidoria do INSS.


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