Jovem fica roxa e morre após receber medicação em PS de Praia Grande

Oberleide Jesus deu entrada na unidade de saúde após sentir dores no corpo e febre, e acabou falecendo no dia seguinte. Secretaria de Saúde Pública da cidade investiga o caso

Por: De A Tribuna On-line  -  03/08/19  -  12:09
Jovem de 23 anos seria transferida para UTI, mas não resistiu
Jovem de 23 anos seria transferida para UTI, mas não resistiu   Foto: Reprodução/Facebook

Uma simples dor de cabeça se tornou um pesadelo para a família de Oberleide Jesus, de 23 anos. Nascida em Fátima, na Bahia, e moradora de Praia Grande há cinco meses, a jovem deu entrada no Pronto Socorro Quietude na terça-feira (30), queixando-se de febre e dores. Ao receber uma medicação, no entanto, seu corpo todo começou a ficar da cor roxa, e ela veio a óbito. A Secretaria de Saúde Pública (Sesap) da cidade investiga o caso.


A cunhada de Oberleide, Josefa Ilda dos Santos Oliveira, acompanhou o caso junto ao marido da jovem. Ela conta que, ao chegarem à unidade de saúde, sua cunhada foi medicada com dipirona, mas o remédio não fez efeito. Por volta das 5h de quarta-feira (31), a paciente - que já estava em casa - foi levada novamente ao PS com os mesmos sintomas.


Após um exame de sangue com resultados normais, foi aplicada uma nova medicação, desta vez intravenosa, na paciente. Foi então que a cunhada percebeu que manchas roxas começaram a aparecer em todo o corpo de Oberleide. “Ela estava sentindo muita coceira, sentia queimação”, lembra.


Por volta das 13h de quarta-feira, um médico avisou a família que o caso da paciente era grave e que ela precisaria de uma vaga na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com urgência. Por volta das 15h, Oberleide passou a sentir falta de ar e foi entubada.


A vaga na UTI foi liberada por volta das 16h, entretanto, o médico explicou que a paciente não tinha condições de ser transferida, porque seus batimentos estavam muito fracos, conta a cunhada. “Ela estava na Emergência quando começaram a fazer reanimação, e ela faleceu umas 16h40”. No laudo médico, a morte consta como causa natural.


Família cobra justiça


A família de Oberleide cobra uma investigação. “A gente quer pelo menos um posicionamento. Uma hora falavam que podia ser dengue hemorrágica, outra hora falavam que era embolia. Como a família vai se conformar? Até um dia antes, a menina estava bem, sem nenhum problema de saúde”, diz Josefa, indignada.


Em nota, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande informou que o atendimento realizado a paciente no PS Quietude transcorreu seguindo todas as medidas e ações preconizadas nos protocolos definidos pelos órgãos reguladores da área da Saúde.


De acordo com a pasta, a equipe técnica da unidade realizou todos os procedimentos clínicos possíveis e deu total atenção para a paciente, que já chegou a unidade com fortes dores e mal estar. Esse quadro já vinha sendo apresentado no dia anterior de sua ida ao PS Quietude.  


A Sesap esclareceu ainda que a causa do óbito, de acordo com o laudo do Serviço de Investigação de Óbito (SVO), foi hemorragia da glândula supra-renal, proveniente da doença Meningococcemia, uma bactéria agressiva que pode causar a meningite. A doença tem alta taxa de mortalidade e evolui de forma agressiva comprometendo o funcionamento de órgãos vitais, fato que, infelizmente, ocorreu com a paciente.


Ainda segundo a secretaria, "não são verídicas as informações que estão sendo publicadas nas redes sociais em páginas e perfis, em sua maioria ligados a grupos políticos que atuam na Cidade, sobre qualquer tipo de erro médico ou descaso no atendimento desenvolvido no PS Quietude".


Por fim, a Sesap prestou as mais sinceras condolências a família e ressaltou que está a inteira disposição para qualquer tipo de esclarecimento sobre as condutas médicas e procedimentos adotados durante todo o atendimento da paciente.


Despesas


A família pretende realizar o sepultamento de Oberleide em sua cidade natal, na Bahia. A cerimônia fúnebre deve acontecer em um povoado da cidade de Fátima. Eles pedem ajuda para arcar com os custos de cerca de R$ 8 mil, por meio de vaquinhas e bingos.


Familiares que moram na Bahia ficaram estarrecidos com a notícia. “O esposo dela foi para lá em choque. Não se segurava em pé, desmaiando o tempo todo. Ela estava bem, nunca tinha viajado, nunca tinha saído da casa dos pais. Em tão pouco tempo aqui já aconteceu uma coisa dessas”, desabafa a cunhada.


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