Gari que salvou a vida de bebê em Praia Grande revela instinto paterno: 'E se fosse com meu filho?'

Alex Sandro conta que o destino ajudou porque seu contrato de trabalho tem seis meses e ele está no quinto: 'Nada é por acaso'

Por: Ágata Luz  -  15/04/21  -  11:30
Enquanto limpava uma rua no bairro Vila Tupi, o trabalhador ouviu gritos de desespero de uma mãe
Enquanto limpava uma rua no bairro Vila Tupi, o trabalhador ouviu gritos de desespero de uma mãe   Foto: Reprodução/BNT - Boca no Trombone PG

“Foi o instinto de salvar uma vida”. Esta é a explicação do gari Alex Sandro Barros Gonçalves da Silva, de 37 anos, sobre como manteve a calma para amparar um bebê que estava engasgado em Praia Grande e salvar a vida da criança. De acordo com ele, o gesto foi natural: “Tanto que depois que o neném estava bem no colo da mãe, eu voltei para continuar meu trabalho”.


Enquanto limpava uma rua no bairro Vila Tupi no dia 7, o trabalhador ouviu gritos de desespero de uma mãe com um bebê engasgado. Sem pensar duas vezes, Alex foi ver como podia ajudar. O gesto repercutiu nas redes sociais, porém, para o gari, o mais importante foi o ‘simples’ sorriso de alívio das pessoas que estavam em volta. “Neste momento da pandemia tão difícil que estamos vivendo, tentar devolver o sorriso para alguém é muito importante”, destaca sobre o sentimento que teve durante a ação.


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Em conversa com ATribuna.com.br, o morador de Praia Grande contou detalhes sobre o dia em que virou herói. Ele diz que trabalha em uma empresa que presta serviços para as feiras da cidade com a limpeza. “Eu estava com a mangueira lavando a feira quando percebi uma movimentação e ouvi gritos ‘meu Deus, meu neném’. Então, sai correndo por instinto”, relata Alex Sandro.


Ao encontrar a mãe que gritava por ajuda, o gari pegou o bebê do colo da mulher: “Olhei para a criança que já estava meio roxinha, sabia que estava engasgada. Nem vi se era menina ou menino”. De acordo com Alex, ele deixou o bebê de bruços no próprio braço. “Levantei o queixinho e comecei a dar palmada nas costas. Na sexta ou sétima palmada, desobstruiu a via aérea e começou a chorar”, explica sobre o último contato que teve com a criança.


“Sou calmo de natureza e isso não muda em situações extremas”, enfatiza o ‘herói’, que não lembra o rosto da mãe e nem teve maiores informações sobre a família. “A mãe não estava entendendo direito o que estava acontecendo. Ela falou ‘obrigada’, eu peguei a mangueira de novo para voltar ao trabalho, afinal ainda tinha mais uma feira pela frente”, completa.


No local certo, na hora certa


De acordo com Alex Sandro, a ação que ‘reanimou’ a criança foi natural e ele já tinha realizado o procedimento com o filho, que hoje tem 12 anos. “Trabalhei em empresas com curso de primeiros socorros. Meu próprio filho já engasgou e eu fiz o procedimento. Então eu tinha uma base”, relata.


“As coisas não acontecem por acaso. Podia ser qualquer outra pessoa que talvez não tivesse experiência. A criança já estava roxa, se passasse um minutinho acredito que ela não voltaria”, explica o gari que trabalha em regime de contrato de seis meses. “Já estamos no quinto mês, então se tivesse acontecido um pouco mais tarde, poderia não ser eu que estivesse ali”, diz.


Além disso, os filhos de Alex Sandro também tiveram ‘participação’ no gesto que salvou a vida de um bebê, já que o gari pensou neles. “Passou pela cabeça: e se fosse com meus filhos? Quando a gente é pai e mãe, o sentimento muda”, relata sobre os dois filhos: o jovem de 12 e uma menina de três anos.


Repercussão


Segundo o funcionário de limpeza, na hora em que a mulher pediu ajuda, havia um carro parado em frente. “Acredito que a pessoa não saiu para ajudar porque ficou assustada”, diz. Porém, o condutor do veículo pediu para tirar uma foto de Alex Sandro com a criança após o ato.


A imagem, portanto, foi a responsável pela repercussão da história na internet. “Eu não esperava, estava falando com minha esposa que nunca passou na minha mente que teria toda essa repercussão”, explica o gari.


“A gente está ali para ajudar quem está na rua. Se puder, ajudar é sempre uma boa ação”, finaliza.


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