Cadeirante comove a web ao vender brigadeiros nas ruas de Praia Grande: 'Só quero trabalhar'

Lívia Mendes Costa teve paralisia cerebral na infância e usa cadeira de rodas desde os 17 anos

Por: Daniel Gois  -  26/01/21  -  15:15
Para ajudar na renda e realizar o sonho da casa própria, Lívia vende brigadeiros pelas ruas
Para ajudar na renda e realizar o sonho da casa própria, Lívia vende brigadeiros pelas ruas   Foto: Arquivo pessoal

Aos nove meses de idade, Jord'any Lívia Mendes Costa teve paralisia cerebral, que deixou sequelas para locomoção. A moradora do bairro Esmeralda, em Praia Grande, é cadeirante desde os 17 anos. De terça a domingo, ela está nas ruas do município vendendo brigadeiros e doces com uma meta: adquirir um terreno e construir uma casa própria para ela, o marido e a filha de três anos.


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As vendas de Lívia começaram em março de 2020, no início da pandemia de Covid-19. O ponto de partida foram os bolos de pote, e em segudia, vieram os brigadeiros. A confeiteira, hoje com 23 anos, costuma realizar vendas no Bairro Mirim, em Praia Grande, em dois períodos: das 13h às 17h e das 19h às 1h, conforme a demanda dos clientes.


“Muitas vezes voltava pra casa sem vender os bolos, e eles têm tempo de validade. As coisas começaram a apertar, estava difícil. Decidi colocar os brigadeiros na minha forma e vender pela comunidade, e deu certo”, comemora Lívia.


As segundas feiras costumam ser reservadas para produzir grande parte dos brigadeiros. Segundo Lívia, na parte da manhã, ela consegue produzir entre 100 e 120 doces, que são vendidos à tarde e à noite. O transporte é feito com auxílio de motoristas de aplicativos.


Brigadeiros são feitos nas segundas-feiras e nas manhãs anteriores às vendas
Brigadeiros são feitos nas segundas-feiras e nas manhãs anteriores às vendas   Foto: Arquivo pessoal

“Não quero ficar dentro de casa sem fazer nada. Geralmente faço os brigadeiros todo dia quando chego, e vou complementando ao longo da semana. Quando chego em casa faço as massas, deixo descansando, e de manhã enrolo tudo antes de vender", conta Lívia, que também já trabalhou como atendente, telemarketing, caixa em supermercado e vendedora ambulante nas praias.


Após realizar a venda para uma cliente, ambas tiraram uma foto juntas, que foi postada nas redes sociais. Lívia conta que, em seguida, novos clientes começaram a aparecer, comovidos com a situação. O sucesso do negócio faz Lívia cogitar abrir vendas por aplicativos de entregas.


“Tô um pouco assustada com a repercussão, não esperava. Abri meu celular e muita gente estava me marcando nas redes. Fiquei muito feliz. Estar na cadeira vendendo na rua ainda choca um pouco as pessoas, mas eu gosto. Faço não só porque preciso, mas porque eu gosto do que faço. Eu só quero trabalhar”, afirma a autônoma.


Lívia começou com bolos de pote e hoje vende brigadeiros em Praia Grande
Lívia começou com bolos de pote e hoje vende brigadeiros em Praia Grande   Foto: Arquivo pessoal

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