Alberto Mourão faz balanço da transformação de Praia Grande nas últimas décadas

Cidade comemora 53 anos de emancipação político-administrativa neste domingo (19)

Por: Paulo Rogério & Especial para A Tribuna &  -  19/01/20  -  09:18

Alberto Mourão (PSDB) entra no último ano do 5º mandato avaliando-se de maneira positiva, mas achando que ainda poderia ter feito um pouco mais, o que não aconteceu por circunstâncias que não lhe competem diretamente.


Em entrevista exclusiva, o prefeito de Praia Grande comemora a alta presença de turistas no último Réveillon, faz um balanço da transformação pela qual a cidade passou nas últimas décadas e projeta o próprio futuro.


A população de Praia Grande aumentou bastante durante o Réveillon, dado o número de turistas que a cidade recebeu. A que o sr atribui essa procura tão grande?


Conforme você melhora a infraestrutura esse número aumenta. Dos 260 mil imóveis de veraneio da região, 135 mil estão em Praia Grande. Quando você melhora a balneabilidade das praias também. Todas as nossas praias estão próprias. E a referência boca a boca é fundamental. Pegamos pessoas que deixaram de viajar para longe nesse período. Havia pessoas que viajavam tendo apartamento na cidade e neste ano essas pessoas preferiram vir para Praia Grande. (N. da R.: na semana do Réveillon a Baixada recebeu 4,9 milhões de pessoas. Dessas, 1,58 milhão estavam em Praia Grande).


E o aumento da população em geral? A questão econômica ainda está falando alto?


Tem muita gente de outras cidades da Baixada comprando imóveis aqui. Hoje estamos adensando a parte sul da cidade. Solemar e Flórida têm mais áreas de praia do que Santos, no entanto com populações pequenas, uns 10 ou 12 mil habitantes. Isso é preocupante.


Por quê?


Porque é necessário redistribuir a população. Minha preocupação é não adensar todo mundo em poucos lugares. Adensando outros bairros você equilibra a distribuição e aproveita a infraestrutura desses bairros.


A parte sul da cidade tem recebido edificações novas. A construção civil segue numa crescente ou é um momento à parte?


Entre Maracanã e Caiçara, as torres estão aparecendo, porque temos uma via expressa (Via Expressa Sul) que permite a você ir do Caiçara ao Boqueirão em sete ou oito minutos. Desde que planejamos a reurbanização, estabelecemos que a praia seria uma via contemplativa, a (Presidente) Kennedy, uma área de comércio e a Via Expressa garantiria o deslocamento rápido. Hoje você transita para qualquer lugar em pouco tempo na Cidade.


E um dos fatores para incentivar a ocupação dos bairros mais ao sul passa pela mobilidade urbana. Como andam as questões para a implantação do BRT (sigla em inglês para ônibus de trânsito rápido) na cidade? Ou a solução seria expandir a linha do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)?


Trazer o VLT seria economicamente inviável. É uma utopia. Não há lugar no mundo onde um VLT percorra 70 km. Veja o exemplo do Rio de Janeiro. No Centro há o VLT e nos extremos é BRT. E com a expansão dos veículos elétricos a tendência é que os ônibus elétricos sejam a solução para o BRT.


Quais obras serão entregues nesse período de aniversário?


Temos muitas obras em andamento. A Avenida do Trabalhador teve seu primeiro quilômetro entregue e até maio deve estar completa, assim como a Avenida do Cidadão. Temos mais de 3 km de obras na orla, na região do Maracanã. As obras do hospital devem estar concluídas até setembro.


Falando em saúde, como está a parceria com a Santa Casa, firmada em agosto de 2019 e que tinha a intenção de reduzir a fila de espera por cirurgias?


A tendência é manter a parceria para baixar esse tempo de espera. Baixamos a espera para consultas. São mais de 85% dos pacientes com espera de no máximo 60 dias.


Este é seu último ano como prefeito de Praia Grande. Como vai conciliar a administração com as eleições, já que a lei eleitoral não permite entregas de obras a partir de julho?


Normalmente. Não sou candidato e posso inaugurar obras sem ter problemas com a lei eleitoral. E não vou deixar défict para quem vier em 2021. Ao contrário, deixo dinheiro sobrando. Para lançar um edital a partir de abril tem que ter dinheiro em caixa e nós temos.


Há algo que o sr deixou de fazer nesses oito anos de mandato?


Havia um sonho, que era trazer a faculdade de Medicina. Consegui trazer a Residência Médica, mas a faculdade não. Quero recompor as comportas do Tude Bastos, que é para o refluxo de maré não influenciar mais nas enchentes, além de abrir um canal no Princesa, além do desassoreamento do canal do Acaraú-Mirim.


Qual o legado que o sr acredita que deixa após seu 5° mandato?


Cumprimos metas na segurança. Temos mais de 2.500 câmeras e um efetivo de mais de 400 guardas. Se eu deixo algum legado é a preocupação e o trabalho com a segurança.


E já idealiza uma candidatura em 2022 ou a prefeito novamente em 2024?


Eu tenho um grave defeito: penso muito em planejamento estratégico de cidade e não em planejamento político. O currículo de realizações na cidade vira referência para pleitearmos qualquer cargo lá na frente. Só que na política não há uma regra clara, é uma dinâmica complexa. Quero continuar contribuindo com a vida pública. Governar é bom, política é ruim. Adquiri um conhecimento que não pode ser jogado no lixo. Tenho uma visão sistêmica e tenho que passar esse bastão.


No Legislativo o sr não administraria, mas teria mais possibilidades, até para conseguir verbas para outras cidades...


Eu me preocuparia mais com as questões estruturais do que com o fisiologismo. me sinto mais preparado para esse momento.


E esse papel fortaleceria a questão metropolitana?


Também. Eu tenho uma visão mais regional, mais aprofundada. Os problemas se repetem nas regiões.


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