Período de Natal é tempo de autoanálise, dizem especialistas

Luzes de Natal iluminando janelas, presépios nas ruas, velas e orações representam, para muita gente, o ambiente perfeito para o Natal. Seja a cristãos ou não, o convite é para um momento coletivo de reflexão. Religiosos, filósofos e psicólogos sugerem transformar os desejos decorrentes do espírito natalino em uma realidade diária.

A coordenadora do curso de Filosofia da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Priscylla Krone Godói, sugere uma autoanálise para facilitar esse processo.

“É possível refletir: quem está a nossa volta? Como estão as nossas relações interpessoais, com a família e comigo mesmo? No ritmo alucinado do dia a dia, a gente se esquece de olhar para a si e ao outro, com fraternidade e perdão”, diz.

Segundo a filósofa, outro tema importante é a empatia. “Responder: até que ponto me solidarizei com o outro, até que ponto o outro não é minha dor? Até que ponto eu provoquei essa dor, lembrando o ditado que manda não fazer com os outros aquilo que você não queremos para nós mesmos?”

Priscylla orienta que, para tornar o caráter mais resistente, deve-se enxergar no fundo do próprio poço uma mola e tomar fôlego para mudar respostas que incomodam.

É algo semelhante ao que indica a doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e psicóloga clínica Gisela Monteiro, responsável pelo canal Falatório com Gisela, no YouTube. Propõe, também, cuidado com a contaminação pelo cunho comercial da data.

“O ano foi difícil? Isso não pode ser impedimento para comemorar. Dê um abraço, um cartão escrito a mão, porque o importante é não embarcar na continuidade de atividades vazias. O importante é se propor a ver mais o amigo, mas marcar e fazer”, conta.

O babalaô (pai de umbanda) Inívio Borda salienta que o momento é propício a mudanças. Na umbanda, também se comemora o nascimento de Cristo, mas por Oxalá, um orixá. Significa a renovação de energias e fé em dias melhores.

“Principalmente porque o ano de 2019 começa no dia consagrado a Ogum, o São Jorge no sincretismo. É um ano de muita batalha, luta e, portanto, esperamos que de muita vitória.”

Não só um dia

O padre Claudenil Moraes, da Catedral de Santos, explica que, para os católicos, o momento é de preparo e alegria. “Que bom seria se o Natal não fosse apenas um dia”, diz, em referência a músicas sobre a data.

Esse também é o sonho do Papai Noel do Shopping Parque Balneário, Walter Rubens Alperstedt, de 67 anos, na função há 15. “Eu acredito na humanidade, principalmente nas crianças. Se elas conseguirem crescer no mesmo espírito que mostram no Natal, vamos ter mais paz, amor, respeito, mais evolução”, considera.