Pandemia reforça urgência de incluir pessoas com deficiência na Baixada Santista

Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência é comemorado nesta segunda-feira (21). Na educação, o desafio do ensino remoto tem exigido esforços de toda a comunidade escolar

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  21/09/20  -  09:24
Léo Carrasco tem Síndrome de Prader-Willi. Ele e a professora já colhem os frutos do ensino remoto
Léo Carrasco tem Síndrome de Prader-Willi. Ele e a professora já colhem os frutos do ensino remoto   Foto: Arquivo pessoal

Em meio à pandemia, o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (nesta segunda-feira, 21) ganha ainda mais importância. Remover os obstáculos que impedem a inclusão é algo fundamental, principalmente neste momento de distanciamento social. Na educação, o desafio do ensino remoto tem exigido esforços de toda a comunidade escolar. E um deles é para garantir o atendimento aos alunos com deficiência.


Em Santos, a rede municipal atende 1.100 estudantes com algum tipo de deficiência. Segundo a Secretaria de Educação (Seduc), aproximadamente 98% dos alunos da educação especial estão acompanhando as aulas do ensino remoto. Os esforços, de acordo coPam a pasta, são para realizar a busca ativa e trazer os estudantes infrequentes para as atividades.


“As equipes das escolas, professores regentes de classe e os profissionais que atuam na área da educação especial – professor de atendimento educacional especializado, mediador de inclusão escolar e intérprete de libras – estão dando todo o suporte para as famílias, propondo atividades diferenciadas e oferecendo apoio em questões necessárias”, garante a secretaria, em nota.


A Seduc ressalta, porém, a importância das famílias darem retorno frequente aos profissionais, a fim de aprimorar o atendimento.


Domiciliar


Um dos programas que precisaram ser adaptados, mas que seguiram em frente mesmo diante das dificuldades impostas pela covid-19 foi o de atendimento pedagógico domiciliar. As ações comandadas pela seção de Educação Especial são voltadas para estudantes que não conseguem frequentar as aulas regulares em razão de alguma deficiência física, mental ou por condições de saúde, sejam elas temporárias ou definitivas.


Um dos alunos é Léo Carrasco. Aos 21 anos, ele tem Síndrome de Prader-Willi, uma doença genética cromossômica que causa obesidade, tendência a convulsões, problemas na coluna, alta temperatura corporal e dificuldade na fala.


Há sete anos, ele conta com as aulas domiciliares da professora Luciana Lemos. Porém, nessa pandemia, a rotina teve que mudar. Luciana diz que, por conta das características do garoto, é sempre muito importante manter uma rotina. Por isso, com a orientação inicial de suspensão das aulas, ela ficou apreensiva.


“O Léo era atendido presencialmente todos os dias no período da manhã. Eram quatro horas de atendimento, durante cinco dias da semana. Eu fiquei muito preocupada, porque quebrar a rotina dele é algo que não é bom. Por isso, conversei com a família e sugeri continuarmos as aulas via WhatsApp”.


Antes mesmo de se estabelecer o ensino remoto oficialmente na rede, a dupla já tinha se acertado. Com o tempo, a professora e o aluno se adaptaram às novas tecnologias, a rotina de aulas se estabeleceu e o processo de ensino-aprendizagem já passou a dar resultados.


“O formato mudou, mas o central conseguimos manter. Fora que foi possível comemorar nossas datas. Ele fez aniversário durante a pandemia e teve festa. Comemoramos sete anos de atendimento pedagógico com festão, mas de uma forma diferente”, diz Luciana.


Pais comemoram primeiros resultados


Cleide Carrasco e Marco Antônio Santos, pais de Léo, se dizem aliviados com a possibilidade do jovem manter a rotina de estudos. “Graças a Deus, a adaptação foi excelente. Ele até achou um máximo a novidade. Está sendo extremamente proveitoso”, garante Cleide Carrasco.


Apesar disso, ela afirma que Léo tem saudade dos amigos, porque uma vez por semana visitava a classe. “Mas está indo bem. As crianças precisam de rotina e, no caso das crianças sindrômicas, ainda mais. E a pandemia colocou isso em risco, mas, graças a Deus, conseguimos manter. Não considero que tenha sido um ano perdido, foi um ano de muito aprendizado”.


A professora Luciana concorda. “Essa pandemia nos mostrou formas diferentes de poder ensinar e estar ao lado de pessoas que, às vezes, a gente não pode estar”.


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