Pandemia mantém casal de santistas confinado em navio de cruzeiro na Itália

Pelo menos 16 brasileiros estão confinados no navio Costa Victoria, atracado no Porto de Civitavecchia, em Roma, na Itália. São dez passageiros e seis tripulantes. Entre eles, um casal de Santos. Eles estão em quarentena na embarcação há 15 dias, completados nesta quarta (8), e relatam momentos de tensão e angústia. Nem o Itamaraty ou a Costa Cruzeiros, responsável pela viagem, têm a menor ideia de quando todos poderão voltar ao Brasil.

O publicitário Nelson Machado, de 76 anos, e a mulher dele, Maria de Lourdes de Brito Machado, de 77, embarcaram no Sul da Índia, em 29 de fevereiro, para um cruzeiro de um mês.

Deveriam desembarcar dia 29 de março em Veneza. Mas foram pegos pela pandemia do coronavírus no meio do caminho. O transatlântico navegou por diversas rotas sem conseguir autorização de portos estrangeiros para atracar e acabou seguindo para o porto italiano.

“Seria uma viagem de sonho. Primeiro, ficamos duas semanas por terra, na Índia, quando mal se falava em vírus e tomamos o cruzeiro. Passados uns poucos dias, o caos tomou conta do planeta”, diz Maria de Lourdes.

Desde o dia 23 de março, mesmo antes de atracar, os passageiros foram impedidos de sair das cabines, cumprindo isolamento rigoroso. Recebem três refeições por dia na porta e são submetidos a aferição de temperatura duas vezes por dia. “Durante o dia, nós dois, por livre vontade, fazemos alguns exercícios, fechados na cabine. Internet, só mídia social”, conta o publicitário.

A expectativa era de que, quando o isolamento terminasse (terça-feira), fossem embarcados para o Brasil. Porém, estão prevendo mais dificuldades pela frente. “Pediram exame [contra o coronavírus] e quarentena na Itália”, conta Maria de Lourdes. “É um caos inacabável”, acrescenta Nelson.

A filha do casal, Melissa de Brito Machado, sofre à distância. “Acho que estão tentando lidar da melhor forma possível, serem racionais. Mas, é muito complicado! Minha mãe diz que as vezes chora muito”.

Para Maria de Lourdes, toda essa situação poderia ter sido evitada. “A Costa errou porque tinha que abortar esse cruzeiro, na metade, pois teve que mudar o roteiro completamente. Isso, já era um sinal, que eles teimaram em não ver”.

Situação complicada

A Costa Cruzeiros informa, em nota, que está em contato com as autoridades italianas de saúde e representantes diplomáticos, trabalhando “incansavelmente” para repatriá-los. Porém, a empresa não soube precisar uma data para que isso ocorresse.

Diz ainda que precisa cumprir indicações e regulamentos das autoridades sanitárias italianas sobre desembarque e repatriamento.

“Para garantir que tudo seja feito protegendo a segurança e a saúde das comunidades, bem como dos hóspedes e da própria tripulação”.

Destacou também que o cenário do transporte aéreo apresenta “um alto nível de incerteza” no momento por conta de medidas, que incluem bloqueios adotados por “quase todos os países do mundo”.

“A empresa está determinada a encontrar uma solução e todas as energias da companhia estão se movendo nessa direção".

Também em nota, o Itamaraty informa que está há vários dias em contato com os passageiros. Um funcionário do consulado, inclusive, esteve na embarcação conversando com eles.

Acrescentou, no entanto, que a Costa Cruzeiros e autoridades italianas enfrentam dificuldades para desembarcá-los, devido à “alta de acomodação para a quarentena de 14 dias em um dos hotéis-hospitais da região”, o que é uma exigência para que eles possam ser repatriados.