Mortes por queda aumentam no Estado de São Paulo

O número de mortes por quedas vem aumentando ao longo dos anos em todo o Estado e as principais vítimas são os idosos. A situação alerta para a necessidade de prevenção desse tipo de acidente entre as pessoas mais velhas.

Os últimos dados do Boletim Epidemiológico Paulista (Bepa), do Governo Estadual, mostram que, de 2000 a 2016, a quantidade de pessoas que morreram após caírem aumentou 421,9% – sem distinção de faixa etária.

Em 2000, 644 mortes por quedas foram registradas no Estado. Dezesseis anos depois, os números pularam para 3.361 óbitos, com um agravante: a maior parte desse total, 1.809 vidas perdidas, ou 53,8%, foi de pessoas com mais de 75 anos. Esse tipo de ocorrência está na terceira posição na mortalidade por causas externas, quando não depende do que acontece ao organismo humano. Fica atrás só de acidentes de trânsito e homicídios.

Segundo a conclusão do Bepa, os homens têm taxas maiores do que as mulheres de morte por queda nas faixas etárias jovens, mas ambos apresentam elevação semelhante quando idosos. O resultado tem ligação direta com o aumento da população idosa no Brasil. Segundo o IBGE, em 2003 eram 15 milhões de pessoas. No ano passado, o total superou 27 milhões.

A idade avançada prejudica a visão, audição, compromete o equilíbrio e o sistema motor já não responde da mesma maneira. Tapetes em casa ou buracos na rua passam a ser obstáculos e potenciais perigos.

Muitas vezes

É difícil encontrar nas ruas de Santos, cidade com mais de 90 mil idosos, algum que ainda não tenha caído. É o caso da aposentada Maria Gomes de Brito, de 87 anos. “Já caí tanto, não sei como nunca quebrei nada. Há pouco tempo caí na escada de casa e trinquei a coluna. No banheiro também já caí, faz uns três anos”.

A aposentada Carmem Sílvia Neri, 74 anos, já perdeu as contas. “Nunca fui parar no hospital, mas caí muitas vezes. A maioria na rua, porque em casa tomo cuidado, não tenho tapetes e só ando olhando para o chão”.

Prevenção

A coordenadora de Políticas da Pessoa Idosa de Santos, Ana Bianca Ciarlini, diz que é importante pensar em casas adaptadas à Terceira Idade. “Colocação de corrimãos e apoios nos banheiros, retiradas de tapetes, objetos em locais de passagem e mesas de centro e melhoria da iluminação”.

Ela também destaca os exercícios físicos para fortalecer a musculatura do idoso. Essa atividade é oferecida no Espaço do Idoso (Rua Comendador Alfaia Rodrigues, 260, Embaré. O telefone é 3284-2716).

Externas

Nas causas externas do Boletim Epidemiológico Paulista (Bepa), estão óbitos no trânsito, homicídios, suicídios e quedas fatais. Na média, as mortes por razões externas ficaram 33,2% menores em 16 anos, caíram de 33.501 para 22.374 casos. As exceções foram suicídio, com alta de 43%, e quedas fatais, que saltaram 422% no período.

Televida

É um serviço de teleassistência residencial gratuito voltado ao cuidado das pessoas a partir de 60 anos. Funciona 24 horas e beneficia 250 idosos em Santos. Em torno de 25% dos usuários já caíram ao menos uma vez, segundo a empresa que administra o sistema.

A Prefeitura informa que está em andamento um processo licitatório para a duplicação do programa - mais 250 idosos. O encaminhamento para o serviço é feito em uma policlínica. Para acesso, é necessário ter mais de 60 anos, ser acompanhado pela unidade de saúde há pelo menos seis meses, morar sozinho e ter alguma doença crônica.

Um agente comunitário de saúde faz visita domiciliar para confirmar as informações dadas na policlínica. É instalado um aparelho junto ao telefone fixo com sistema de viva-voz, de forma a conectar toda a casa. Se necessário, basta acionar o botão de emergência em uma pulseira ou colar.