Morador de Santos precisa esperar até 27 minutos para serviço de ambulância

ATribuna.com.br fez levantamento sobre atendimento do Samu em algumas das cidades da Baixada Santista

Por: Eduardo Brandão & Por ATribuna.com.br &  -  21/01/20  -  18:58
Em Santos, proposta se tornou lei em março deste ano
Em Santos, proposta se tornou lei em março deste ano   Foto: Francisco Arrais/PMS

Apesar de a região ter número de ambulâncias até três vezes superior do que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS), acionar o 192 pode não garantir socorro imediato. Demanda em excesso, elevado volume de trotes recebidos, falta de mão de obra e problemas em alguns veículos são apontados por operadores do sistema como os principais causadores do entrave no Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região.


O resultado pode ser trágico para quem espera pelo resgate. O “cobertor curto” ficou evidenciado quando uma senhora passou mal e precisou ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central por serviço de transporte individual por aplicativo, como relatado por A Tribuna, na semana passada. A decisão da paciente foi tomada já que a ambulância acionada não compareceu ao local.


Conforme os parâmetros da OMS – que são seguidos pelo Ministério da Saúde –, é recomendada uma ambulância a cada 100 mil moradores e um veículo equipado com Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) a cada 400 mil moradores. De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os nove municípios têm uma população fixa acima de 1,8 milhão. Assim, seriam necessárias cerca 18 ambulâncias e até cinco com UTI.


Levantamento feito por A Tribuna, a partir de informações de oito das nove secretarias municipais e Ministério da Saúde, a frota regional conta com pelo menos 55 ambulâncias e 10 veículos de UTI. População flutuante e longas distâncias em algumas cidades são pontos citados para justificar o número. Até o fechamento dessa edição, Guarujá não informou sua frota.


Bertioga e Cubatão são exemplos de municípios que possuem veículos bem acima dos parâmetros internacionais. A justificativa das duas administrações é a mesma: ampliar a cobertura de veículos em pontos estratégicos para reduzir a tempo resposta. Ambas contam com população que demandaria apenas um veículo, mas valem-se de cinco devido à geografia local.


De acordo com o chefe de Divisão do Samu de Cubatão, Luiz Carlos de Brito, estudos internos apontam para elevar a quantidade de veículos devido ao número de chamados e às peculiaridades do município, cortado por diversas rodovias.


O tempo resposta da cidade é de 17 minutos para os chamados graves. “Considerando a geografia [local], o tempo ideal é de 10 a 15 minutos”, afirma. Para reduzir, há a previsão de incluir duas motolâncias e mais uma viatura básica. A aquisição será por meio de emendas parlamentares estaduais.


Maior cidade da região, Santos possui a frota mais robusta: são 17 veículos (sendo um deles com UTI). Deste total, 12 veículos atendem ao Samu. Cada unidade tem custo mensal de R$ 9,8 mil, conforme contrato de locação firmado em 2017. A frota atende até 4 mil chamados/mês recebidos pela central 192.


Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirma está em processo de compra de quatro motolâncias, veículo com facilidade de deslocamento nas vias congestionadas. Ainda segundo a pasta, o tempo resposta atual é de até 8 minutos para casos de alta complexidade e 27 minutos em média complexidade. Por ano, o Ministério da Saúde repassa R$ 2,9 milhões para ajudar no custeio da Central de Regulação e frota das ambulâncias.


São Vicente (15), Praia Grande (11), Mongaguá (9), Itanhaém e Peruíbe (5 cada) fecham a lista regional. No caso de Praia Grande, apenas sete veículos (seis básicos e um UTI) estão em operação, isso porque duas unidades aguardam formação de equipe (via concurso público), e o restante é reserva técnica.


O prefeito Alberto Mourão (PSDB) deseja que a Central de Regulação Regional do Samu, hoje feita por Itanhaém, volte para Praia Grande. “Quando o cidadão liga para o Samu é o telefone de Itanhaém que toca, toda regulação é feita por lá. É lá também que são realizados administrativamente os pedidos de substituição de ambulância e muitas vezes chegamos ao caos por falta de viaturas”, afirma ele, que garante ter um número de veículos necessário “para cobrir toda a cidade”.


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