Medidas de prevenção ao coronavírus devem ser redobradas no inverno

Queda da temperatura favorece infecções respiratórias, mas ações pessoais contra a Covid-19 podem até ajudar a diminuir outras doenças

Por: Maurício Martins  -  27/05/20  -  19:54
População já começa a circular com roupas de frio na região
População já começa a circular com roupas de frio na região   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O inverno começa oficialmente no dia 20 de junho, mas já é possível perceber a queda na temperatura. A semana começou mais fria na Baixada Santista e os termômetros devem registrar números mais baixos nos próximos dias. No frio, é comum o aumento dos casos de doenças respiratórias. Seria, então, um ambiente ideal para o coronavírus infectar mais pessoas? Não é bem assim, explicam especialistas ouvidos pela Reportagem. 


De fato, na estação mais fria do ano a umidade do ar baixa e facilita infecções, além de deixar as pessoas mais tempo juntas, em ambientes fechados. Por isso a gripe é tão comum nessa época. Por outro lado, não será um inverno comum: os cuidados com o coronavírus (distância, ausência de contato físico, higiene das mãos e uso de máscaras) devem permanecer. Isso pode diminuir não só a transmissão do coronavírus, mas das outras doenças.  


Além disso, os vírus não parecem seguir os termômetros para atacar. Do contrário, o coronavírus não se espalhado tanto no clima tropical brasileiro e chegando ao País em pleno verão. A infectologista Nivia Torres dos Santos afirma que as temperaturas não influenciam a transmissão viral. 


“A aglomeração também é um problema relacionado a dias mais frios. Porém, os locais que propiciam aglomerações permanecem fechados, então esse não seria um problema maior. Acredito que seja determinante, inclusive para (reduzir) transmissão de influenza”, destaca a infectologista.  


O pneumologista Elie Fiss, pesquisador do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e professor titular de Pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC, diz que a pandemia modificou o cenário para este inverno. “Não me parece que vai ocorrer uma somatória de coronavírus, com influenza e outro causadores de resfriados. Isso porque as medidas de precaução para todos são exatamente as que estão sendo feitas para o coronavírus”.  


Segundo o pediatra infectologista Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o frio diminui o movimento ciliar (movimentação de cílios do pulmão que ajuda a limpar impurezas), fazendo com que a limpeza das vias áreas sejam menos eficaz.  


“Mas se a gente pegar os estados (mais quentes) do Norte e Nordeste, como Ceará, Amazonas, e ver a taxa de disseminação (do coronavírus) nesses locais, a gente entende que não é só o frio que determina a alta transmissão da doença. Acredito que seja o fator menos importante”, diz Otsuka. 


Para a infectologista Raquel Stucchi, professora da Unicamp e consultora da SBI, a chegada de temperaturas mais frias traz uma preocupação maior, porque é esperado que o coronavírus seja transmitido mais facilmente, assim com as outras doenças resspiratórias que demandam atenção hospitalar. Para uma sobrecarga não ocorrer, ela ressalta que todos precisam manter os cuidados, ainda que o funcionamento de atividades seja flexibilizado. 


A médica pediatra Talita Cordeschi Correa, do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica, acredita que as pessoas estão mais conscientes da importância da prevenção e isso pode contribuir de forma significativa para reduzir os índices de contaminação de uma forma geral.  


“As medidas de prevenção devem fazer parte da rotina, como lavagem das mãos com água e sabão, uso de álcool em gel, evitar aglomerações e ao tossir cobrir com um papel boca e nariz. Somando-se a tudo isso, o uso de máscaras será mais um aliado na prevenção. E manter a circulação de ar nos ambientes, com as janelas abertas”, diz ela. 


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