Máscaras de pano viram arma de guerra contra o novo coronavírus

Com a falta de máscaras no mercado, Ministério da Saúde faz campanha para que as pessoas confeccionem modelos caseiros; infectologista aprova, mas ainda pede isolamento social

Por: Régis Querino  -  04/04/20  -  16:58
Máscaras podem ser confeccionadas em casa, usando tecido de camiseta de algodão velha
Máscaras podem ser confeccionadas em casa, usando tecido de camiseta de algodão velha   Foto: Reprodução/Instagram

As máscaras viraram um importante aparato de guerra para ajudar na prevenção contra o novo coronavírus. Desde a última quinta-feira (2), o Ministério da Saúde passou a estimular a confecção de modelos caseiros, já que a demanda é alta e o produto anda em falta no mercado, afetando até mesmo os profissionais da área de saúde.


O uso do equipamento é um grande aliado no combate à Covid-19. Tanto que o ministério vai lançar uma campanha digital para mobilizar a população na produção de suas próprias máscaras caseiras. 


De acordo com as informações no site oficial do órgão - https://saude.gov.br/ - , as máscaras podem ser feitas em “tecido de algodão, tricoline, TNT ou outros tecidos, desde que desenhadas e higienizadas corretamente”. 


Para o infectologista Ricardo Leite Hayden, de 67 anos, o Brasil já poderia ter adotado a recomendação do uso máscaras antes, como fizeram alguns países, que apresentaram resultados satisfatórios na contenção da doença. 


“A recomendação é um passo a mais, de repente já poderíamos estar usando desde o momento zero. Isso se mostrou muito bem na República Tcheca, Taiwan e Hong Kong, onde as curvas da epidemia são totalmente diferentes [em comparação a países que sofrem com a pandemia]”, diz Hayden. 


Para o médico, uma camiseta de algodão antiga pode ser usada na confecção da máscara. “Com duas camadas do tecido, ela tem um poder filtrante. Não que filtre tudo, claro, porque se alguém estiver tossindo na sua frente, você acaba atingido, mas diminui sobremaneira [o risco de contágio]”, observa. 


A máscara de pano, de uso individual e nunca compartilhada, pode ser usada novamente, desde que seja devidamente higienizada após a utilização. 


Após o uso, a máscara deve ser retirada pelas tiras presas na orelha, com o cuidado de não levar a mão ao nariz ou à boca. A máscara deve ser lavada com água e sabão ou deixada de molho em água sanitária por dez minutos. E só deve ser usada de novo quando estiver seca. 


Responsabilidade e consciência 


Para o doutor Hayden, as máscaras - caseiras ou não, como as cirúrgicas, N95 ou as feitas de TNT - devem ser usadas sempre que a pessoa precisar sair de casa. “Até naquela saidinha rápida para ir até a padaria da esquina, onde o atendente também deve estar usando máscara”, defende. 


O uso do equipamento como ação de prevenção e controle na disseminação da Covid-19, no entanto, não pode fazer com que as pessoas deixem de manter o isolamento social, lembrou o infectologista. 


“A pessoa não pode achar que, porque está de máscara, pode ir a um baile funk. Estou exagerando no exemplo, mas as pessoas não podem pensar que só porque estão de máscara vão para a linha de frente. É imprescindível guardar o isolamento social”. 


O médico se mostrou perplexo ao notar que muita gente ainda não se deu conta da gravidade que representa o novo coronavírus, doença que até sexta (3) à noite já havia matado quase 60 mil pessoas no mundo. 


“No caminho de casa até o Hospital Guilherme Álvaro, estou cruzando com pessoas que vivem como se nada houvesse. Andando no calçadão, na avenida da praia, com roupas de exercício. Até mãe com criança em carrinho de bebê! Não é hora para isso!”.


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