Sem saber nadar, mãe pula em vala para salvar criança de afogamento em Mongaguá

Acidente aconteceu após menina de um ano cair em buraco de quase 2 metros na Avenida Atlântica

Por: Yasmin Vilar & De A Tribuna On-line &  -  20/08/19  -  11:00
Allana brincava com irmão quando caiu em vala na Avenida Atlântica
Allana brincava com irmão quando caiu em vala na Avenida Atlântica   Foto: Arquivo Pessoal

Uma moradora de Mongaguá precisou pular em uma vala para socorrer a filha de um ano, após a criança cair e quase se afogar na água suja com lama e esgoto. Com quase 2 metros de profundidade, o buraco é alvo de reclamações de moradores do bairro Atlântica após diversos quase afogamentos.


 Em entrevista para A Tribuna On-line, Carina Mercedes, mãe da pequena Allana Kassandra, de um ano e oito meses, explica que o acidente aconteceu na última sexta-feira (16), na Avenida Atlântica. A dona de casa estava conversando com uma vizinha, enquanto a menina e seu filho de dois anos e oito meses brincavam. Após um tempo, o menino passou a chamá-la aos gritos de “mamãe, a vala”, para mostrar que Allana havia caído na água.


“Cheguei a ver ela afundando e sumindo na água, foi aí que pulei para salvá-la. A vala é muito funda, tem quase dois metros de profundidade, e eu não sei nadar. Foi instinto materno”, relata Carina.


A mãe conta que, após retirar a filha da água, já desacordada, realizou manobras de primeiros socorros. Ao acordar, a criança vomitou “uma lama preta da vala”, que acabou ingerindo durante a queda. “Quando ela abriu o olho, vi que estava cheio daquelas larvas da fossa. Pedi ajuda para os vizinhos e consegui dar um banho, porque o cheiro estava muito forte, e a levar de carro ao hospital”.


A criança foi atendida no Hospital Municipal de Mongaguá, mas, segundo a mãe, o atendimento a desagradou. “O médico disse que não poderia fazer nada, e que eu teria que aguardar ela ter sintomas e piorar para voltar ao hospital. Também falou que só deixaria ela sob observação durante duas horas porque eu pedi”.


Uma das preocupações de Carina era de que a criança passasse mal, já que estava com a barriga dura quando foi levada ao hospital. Allana já teve meningite bacteriana e toma remédios controlados para convulsão, recebendo acompanhamento neurológico no Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Meu medo é que ela tenha uma crise enquanto estou dormindo. É um absurdo ela não ter recebido um atendimento melhor. Até hoje está botando para fora a lama preta”, desabafa.


Com água escura, vala tem quase dois metros de profundidade e já foi alvo de reclamações de moradores
Com água escura, vala tem quase dois metros de profundidade e já foi alvo de reclamações de moradores   Foto: Arquivo Pessoal

Descaso


Morando em frente à vala, Carina explica que este não é o primeiro episódio similar ao de sua filha. Uma criança de cinco anos e um cachorro já caíram no local, que além da água da chuva, abriga fluídos de esgotos clandestinos. “Fazemos reclamações há dez anos para que a vala seja limpa. Se tivesse uma cerca ou uma mureta, poderia evitar acidentes como esse”, finaliza.


Esclarecimento


Em nota, a Prefeitura de Mongaguá explica que a vala da Avenida Atlântica, assim como todos os canais e valas abertas, são sistemas de captação das águas das chuvas, por este motivo, permanecem abertas. De acordo com a Diretoria de Serviços Externos, há limpezas periódicas no local.


Quanto ao atendimento no Hospital Municipal, considerando-se a conduta médica, a avaliação diagnóstica não acarretou internação, somente observação aproximada de duas horas. Não houve relatório negativo quanto ao estado de saúde da paciente. Na liberação, foi entregue para a mãe uma receita de medicação e ela foi orientada pela equipe de Enfermagem a retornar à unidade numa eventual alteração de quadro.


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