Ruínas do Abarebebê guardam fragmentos da história de Peruíbe

O sítio arqueológico é um dos principais cartões-postais da Cidade, que completa 61 anos nesta terça-feira

Por: Eduardo Brandão  -  18/02/20  -  13:46

Peruíbe guarda fragmentos de um dos primeiros registros da arquitetura portuguesa do século 16 presentes em solo brasileiro: as ruínas do Abarebebê. Tombada como patrimônio histórico nacional e paulista, a edificação é considerada o marco da construção de igrejas católicas no Brasil. Também deu início à formação da aldeia de São João Batista de Peruíbe, berço do atual Município, que hoje completa 61 anos de emancipação. 


Datada a partir de 1549, a edificação foi erguida com materiais presentes na costa paulista: areia, pedras, conchas e óleo de baleia. Com a finalidade de catequizar os índios da região, a edificação recebeu dos portugueses o nome de igreja Consagrada Nossa Senhora da Conceição. Dos pioneiros habitantes dessa terra, veio o nome com o qual o espaço seria conhecido até os dias atuais: Abarebebê.


Em tupi-guarani, a expressão significa padre voador. Foi assim dado em referência a Leonardo Nunes, que dava a impressão aos indígenas de estar em diversos pontos ao mesmo tempo, por ele se deslocar rapidamente entre os lugares. 


Na construção se estabeleceu o segundo colégio de meninos do País. No seu entorno formou-se o Aldeamento de São João Batista, único no Litoral Paulista, que era um local com agrupamento de indígenas reunidos por oficiais da Coroa Portuguesa. Essas funções eram realizadas no local até o início do século 18, antes de ser abandonado. 


Atração turística


Localizadas a oito quilômetros do Centro da Cidade, com acesso pela Avenida Padre Anchieta, as ruínas são um dos atrativos turísticos da Cidade e ficam próximas a algumas aldeias indígenas que ainda permanecem no Litoral. 



Em 1984, o monumento foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico de São Paulo (Condephaat). Por sua importância, foi escavado e estudado recentemente pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP). 


Também foi retratado pelos traços característicos do pintor natural de Itanhaém Benedicto Calixto (1853-1927).


História e emancipação


A história de Peruíbe está ligada à fundação da primeira Vila do Brasil (São Vicente) pelo explorador português Martim Afonso de Souza (1490-1564) e à trajetória dos jesuítas pelo Litoral Paulista. 


Com a expulsão dos padres jesuítas, no final do século 17, a aldeia entrou em declínio, sendo uma vila de pescadores e produtores rurais de subsistência. Só retomou o desenvolvimento a partir de 1914, com a construção, pelos ingleses, do ramal ferroviário Southern São Paulo Railway.


A partir da década de 1960, novo impulso com a instalação da Rodovia SP-55 (batizada atualmente de Rodovia Padre Manuel da Nóbrega). A chegada de novos moradores melhorou o comércio e o setor imobiliário. Porém, o tímido investimento de Itanhaém (sede da então vila) fez surgirem os primeiros gritos pró-autonomia. 


A celebração de hoje foi iniciada na véspera do Natal de 1958. Foi no dia 24 de dezembro daquele ano que os moradores da do então distrito de Itanhaém votaram sim à emancipação político-administrativa local. A ação liderada por personagens como Geraldo Russomano e João Bechir foi ratificada no dia 18 de fevereiro de 1959, quando Peruhybe (como se escrevia na ocasião) foi oficializada município.


Serviço 


O sítio arqueológico das Ruínas do Abarebebê é aberto ao público, com visitação de terça-feira a domingo, das 9 às 16 horas. Outras Informações com o Departamento de Turismo de Peruíbe, pelo telefone (13) 3455-9426. 


Nome da Cidade


Em tupi-guarani, Peruíbe significa “no rio dos tubarões”. Consta, porém, de alguns documentos que esse nome estaria associado ao modo como José de Anchieta se referia ao lugar, chamando-o de Tapirema do Peru, por suas semelhanças com a região peruana, onde os jesuítas haviam enfrentado dificuldades no exercício da catequese. 


Diversas lendas enriquecem a cultura de Peruíbe. Contos que vêm de séculos passados, quando os índios que habitavam a região, já falavam de deuses e de suas aparições pela floresta. A crença que mais aguça a curiosidade é a do Tucano de Ouro. Difundida pelos caiçaras, a tradição oral cita um pássaro que voa pelo céu na área do maciço da Jureia.


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