Jovem com paralisia cerebral rompe barreiras em busca de conhecimento

Arthur, de 18 anos, passou no vestibular e vai cursar História na modalidade EaD

Por: Náthaly Azevedo & Especial para A Tribuna &  -  06/01/20  -  21:35
Arthur nem pensa em parar de estudar e pretende fazer pós-graduação em Teologia, em São Paulo
Arthur nem pensa em parar de estudar e pretende fazer pós-graduação em Teologia, em São Paulo   Foto: Náthaly Azevedo

Arthur Gabriel dos Santos Dantas decidiu romper barreiras. O rapaz de 18 anos tem paralisia cerebral e passou no vestibular para o curso de História, na modalidade Ensino a Distância (EaD), de uma universidade de Itanhaém. Ele também sonha em ser pastor.


Depois que concluir a faculdade, Arthur nem pensa em parar de estudar e pretende fazer pós-graduação em Teologia, em São Paulo. Deseja formar um ministério e evangelizar pessoas após a conclusão da pós.


O estudante espera que, para isso, possa falar. Mas, caso não consiga, usará a internet a seu favor. É que a paralisia cerebral do rapaz afetou os membros e a expressão oral. Mas a capacidade cognitiva e intelectual, segundo a mãe, Valéria dos Santos Silva, não foi prejudicada.


Arthur se comunica por meio do computador. Tudo o quer dizer ele escreve por meio de programas. “Eu sou a única que entende o que o Arthur fala. Só dele olhar para mim sei o que quer expressar. Apenas em alguns casos usamos o computador para ele se comunicar comigo”, explica a mãe.


O estudante conta que se apaixonou por História por meio de um youtuber que o influenciou. “Eu assistia aos vídeos do Felipe Castanhari, que explicavam muito bem sobre História. Foi aí que decidi pela graduação”.


Vestibular


No dia do vestibular, Arthur estava ansioso, mas seu desempenho foi excelente. Ele não teve nenhum tipo de privilégio e fez a mesma prova que os demais concorrentes, enchendo de orgulho e emoção familiares e amigos.


A irmã de Arthur, a técnica de Enfermagem Franciele Alarice dos Santos Dantas, foi quem o ensinou a ler e a escrever.


“Partiu dele mesmo querer aprender. Foi sempre muito interessado. Eu dei um empurrão. Ele tinha 7 anos. A gente usava um laptop e meu irmão ia escrevendo algumas coisas, como nossos nomes e dos animais de estimação que tínhamos. Eu sempre disse que ele era mais inteligente do que eu. Como de fato é. Ele já me passou. Pela idade, está iniciando a faculdade primeiro que eu”.


Em certo momento, a irmã conta que ensinou a ele algumas expressões em Libras, com a intenção de facilitar o diálogo. Porém ao saber, um médico que atendia o garoto não gostou e disse que ele não era surdo ou mudo para se comunicar dessa forma.


“A partir disso, fomos nos adaptando na comunicação e Arthur não precisou mais de Libras. O computador é muito utilizado”.


Vencedor


Arthur sempre foi um vencedor. Em 2013, foi medalhista de bronze na Olimpíada de Matemática Brasileira de Escolas Públicas (OBMEP). Naquele mesmo ano, foi medalhista da Olímpiada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). “Ele sempre foi muito estudioso. Desde quando começou na pré-escola, percebi que seria uma criança estudiosa e muito inteligente”, diz a mãe, orgulhosa.


Atualmente, o jovem precisa de equipamentos que lhe deem suporte para evoluir. Ele utiliza uma cadeira de rodas antiga e que o limita na locomoção, afetando, assim, a qualidade dos estudos e seu desenvolvimento.


Para melhorar, ele sonha em ter um quarto, equipamentos modernos e uma cadeira de rodas. Afinal, com sua determinação e capacidade, Arthur aprendeu logo cedo que não existem limites para ser feliz e alcançar seus objetivos.


“Vou fazer de tudo para lutar pelos meus sonhos. Na vida, não é questão de ter sorte ou azar. Tem que suar. É o que estou fazendo. Digo isso para as pessoas que reclamam da vida também”.


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