Homem faz o parto da própria esposa e 'ressuscita' bebê que nasceu sem respirar no litoral de SP

Jovem de 22 anos tinha gravidez de risco. A pequena Isabela nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço e sem se mexer

Por: Ágata Luz  -  18/02/21  -  12:17
Após internação, família já está em casa e bebê passará por acompanhamento médico
Após internação, família já está em casa e bebê passará por acompanhamento médico   Foto: Arquivo Pessoal

"Foi uma angústia imensa. Até agora a cena não sai da minha cabeça", relata Rodrigo Régis Brasilio, de 22 anos, sobre o nascimento de própria filha. A dor dele é fruto do desespero ao ver sua esposa, Tábata Aretha Soares Guedes - também de 22 anos - dar à luz em casa mesmo vivendo uma gravidez de risco. Além disso, o pai viu a pequena Isabela Régis Soares Brasilio nascer com o cordão umbilical enrolado no pescoço e sem se mexer: "Pensei que ela tinha nascido morta".


A situação aconteceu após uma médica dispensar o casal, que procurou atendimento na Maternidade do Hospital Regional Jorge Rossmann (HRJR), em Itanhaém, na noite da última quarta-feira (10). A bebê nasceu às 6h55 do dia seguinte, antes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegar na residência.


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Em conversa com A Tribuna, o pai de Isabela explicou que a esposa teve um princípio de aborto e toxoplasmose durante a gestação, por isso, a família passou por acompanhamento no HRJR. Porém, apesar do alto risco da gravidez, Tábata não foi internada quando compareceu ao hospital sentindo fortes dores e com contrações em intervalos de cinco minutos. Grávida de 40 semanas e um dia, a mulher foi orientada a voltar para casa. "A médica examinou ela e afirmou que estava com três dedos de dilatação, mas que não poderia internar, pois para isso somente a partir de seis dedos".


Em seguida, Tábata fez exame de cardiotocografia que, segundo o marido, constou alterada. Mesmo assim, a médica disse para o casal que os sintomas não eram de trabalho de parto e que a dor era normal. Desta forma, a família foi embora 23h30.


"Quando foi 4h, ela começou a sentir a mesma dor, mas pensou que era o que a médica disse", ressaltou Rodrigo. De acordo com ele, às 6h40 as dores se intesificaram e ele acionou o SAMU. "Mas às 06h55 ela começou a nascer". Tábata começou a entrar em trabalho de parto enquanto Rodrigo conversava com a mãe por telefone. "Minha esposa começou a me chamar e, quando cheguei no quarto, a cabeça da nenê já estava saindo. Foi quando eu percebi que ela teria que nascer ali".


Rodrigo ligou para a mãe por chamada de vídeo buscando ajuda, mas segundo ele, o desespero foi geral, pois ninguém sabia como agir. "No começo tentei manter a calma ao máximo, mas não teve como, ela já estava com muita dor e desesperada por estar nascendo em casa", relata.


O pior momento, no entanto, foi quando o pai viu o cordão umbilical enrolado no pescoço da recém-nascida. "Vi que ela não se mexia e me desesperei. Foi a maior dor que já senti na vida, meu coração acelerou", explica Rodrigo. Ele afirma que a esposa percebeu que tinha algo errado pelo olhar dele, por isso, também ficou mais aflita. "A pressão dela foi a 15", conclui.


Porém, mesmo com medo, o pai conseguiu desenrolar o cordão do pescoço da bebê, mas Isabela ainda não chorava ou se mexia. A irmã de Rodrigo chegou ao local e, junto com Tábata, elas tentaram fazer a neném chorar com tapinhas nas nádegas e nas costas. "Aí ela começou a chorar e mexer o dedo", explica.


Rodrigo conversava com a mãe no momento em que Isabela começou a nascer
Rodrigo conversava com a mãe no momento em que Isabela começou a nascer   Foto: Arquivo Pessoal

Entretanto, a dor da mãe não passava, pois a placenta ainda não havia sido expelida. "Ela teve que fazer mais força para sair sozinha, pois não sabíamos como ajudar nisso". O socorro médico chegou apenas após cerca de 50 minutos depois do chamado. "Chegamos na maternidade mais de uma hora depois que a bebê nasceu".


Tábata teve princípio de eclampsia e Isabela engoliu toda a água da bolsa. A neném terá que passar por acompanhamento médico frequente durante, pelo menos, os dois primeiros anos de vida por conta da toxoplasmose. "Durante os primeiros dias, não conseguimos dormir", relatou Rodrigo após a situação.


Desde o nascimento, mãe e filha ficaram internadas no Hospital Regional. Elas tiveram alta na última segunda-feira (15). "Não podemos reclamar de nada. Fomos bem tratados", finaliza Rodrigo.


Resposta


ATribuna.com.br entrou em contato com o Hospital Regional para falar sobre o assunto, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno. A Prefeitura de Itanhaém informa que no SAMU, foi aberto o chamado às 6h40 para VTR USB (Ambulância), prioridade alta para secundigesta.


A VTR foi acionada às 6h48, quando chegando a residência foi acionado a VTR USA - Unidade de Suporte Avançado. O parto aconteceu na residência. As informações foram transmitidas pela Secretaria Municipal de Saúde.


A Secretaria da Saúde do Estado enviou uma nota para ATribuna.com.br, explicando sobre o caso. Leia abaixo na íntegra:


A denúncia não procede. A Sra. Tábata Aretha Soares Guedes deu entrada no dia 10 de fevereiro no Hospital Regional de Itanhaém, às 20h41, passou por avaliação médica, exames e foi verificada a vitalidade fetal. Seguiu sob acompanhamento e recusou a medicação indicada pelo médico. O hospital prosseguiu com todos os protocolos e a própria gestante e seu acompanhante optaram por aguardar em casa após esclarecimentos pela equipe do hospital. No dia 11 de fevereiro, a paciente e o recém-nascido deram entrada no hospital, ambos em boas condições de saúde.
O Hospital permanece à disposição da família para esclarecimentos.


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