'Estamos trabalhando de uma forma organizada, planejada', diz Márcio Cabeça

Após assumir um governo pela metade, prefeito deu a volta por cima e conseguiu se reeleger em Mongaguá

Por: Sandro Thadeu & Da Redação &  -  25/12/20  -  11:38
'Posso afirmar que serão os quatro anos mais promissores da história', comentou o prefeito
'Posso afirmar que serão os quatro anos mais promissores da história', comentou o prefeito   Foto: Carlos Nogueira/AT

Após assumir um governo pela metade, em meio a uma turbulência política que culminou com o impeachment do então prefeito Artur Prócida, Márcio Melo Gomes, o Márcio Cabeça (Republicanos), deu a volta por cima e conseguiu se reeleger. Como ele diz, foram “quatro anos em dois” para marcar a sua atuação no que é considerado o seu primeiro governo. Neste segundo mandato, cujo início é dia 1 de janeiro, ele prevê aprofundar políticas já desenvolvidas e ampliar o escopo das 207 obras levadas a cabo entre 2018 e 2020. 


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No final de uma entrevista há dois anos, o senhor disse “vou fazer em dois anos o que era pra fazer em quatro”. Conseguiu?


Acredito que fizemos a diferença. A prova disso é que assumimos a Cidade com quase 90% de rejeição, demos uma virada muito forte e ganhamos a eleição. Acho que se a gente não tivesse feito melhorias de que precisávamos, não teríamos êxito. Mongaguá saiu de uma linha administrativa mais moderada e conseguimos ousar mais. Fizemos creches, uma escola municipal de balé, com piso de balé flutuante… tínhamos uma zoonoses ultrapassada, que está ficando quatro vezes maior. Com hospital de cirurgia e com estrutura. Colocamos a máquina anfíbia contra as enchentes, os moradores sofriam, saindo com água pelo pescoço. Acho que essa máquina é a primeira do Estado. Trouxemos uma inovação a moradores que, há 20 ou 30 anos, sofriam com enchentes.


Essa máquina faz o quê? Mexe com drenagem?


Ela literalmente anda dentro d’água, vai pegando e desobstruindo tudo que ficou anos ficou obstruído, canais, limpeza. Fizemos muitas pavimentações, melhorias em ruas que esperavam 20, 30 anos por calçamento. Fizemos um pronto-socorro moderno. Em menos de 2 anos, são 207 obras.


O senhor assumiu com grande dificuldade na Câmara, onde tinha uma minoria. Reverteu esse jogo e agora tem maioria. Com essa perspectiva, o senhor pretende enviar de imediato algum projeto que teria dificuldade em aprovar anteriormente?


Estamos com muitas ideias e planejamentos, trabalhando de uma forma organizada, planejada, temos que fazer um trabalho muito forte na reestruturação, principalmente no quadro da Prefeitura. Tenho que fazer o plano de carreira do funcionário, que há muitos anos sonha com isso. Talvez o projeto mais importante neste momento de pandemia, de aquecer a economia local, é atrair distribuidoras, cedendo terrenos, desde que 80% da mão de obra seja do Município.


Distribuidoras de qual ramo?


Principalmente o alimentício. Uma Kibon, Schincariol. Quando você traz um mercado, vai dar privilégio a quem está chegando, mas o que faz com quem já está? Quando trazemos quem não atrapalha o movimento econômico da cidade, mas atrai o interesse, a gente consegue um rumo muito grande. Temos vários projetos para terceirizar alguns pontos turísticos – entre eles a plataforma de pesca. Lá na entrada da Cidade, onde temos a imagem de Nossa Senhora Aparecida, podemos criar um elevador panorâmico, um teleférico. Criar um trem turístico, no modelo do Roda São Paulo, o Roda Mongaguá. Saindo de São Paulo e indo nos pontos turísticos.


Essa ideia do teleférico é antiga. Seria mais fácil agora de viabilizar?


Não diria mais fácil, mas temos que iniciar agora para contemplá-lo em um futuro próximo. Depende de planejamento, organização, aprovar na Câmara. Não é um projeto municipal, administrativo, tem que ser um projeto terceirizado, e pra isso tem que criar algum atrativo, para ceder o espaço, ceder áreas, dar uma concessão de 10, 15 anos a quem for instalá-lo.


No plano de governo, há a ideia de criar uma data base para negociação salarial do funcionalismo e oferecer vale refeição e plano de saúde. Quando o senhor acha que conseguirá isso?


O plano de governo é para ser cumprido dentro dos quatro anos, até porque, quando dá um vale refeição, traz qualidade ao funcionário, mas é uma despesa muito alta. Mongaguá tem cerca de 2,4 mil servidores. O plano de saúde não é diferente, mas seria o passo prioritário. Além de dar o plano de saúde, dependendo da forma que licitar esse plano, você o traz para a Cidade, com um pronto-socorro e um hospital. Investe no servidor e ainda desafoga a saúde.


No seu plano de governo, há a ideia de criar uma Secretaria de Educação – salvo engano, hoje não existem secretarias, mas diretorias municipais. Só a de Educação ou outras também?


A ideia é criar três secretarias. Depois, dando certo, a gente aplica nas demais. Educação, Saúde e Social. Mongaguá, acho, é a única cidade da região metropolitana que não tem o sistema de secretarias, são diretorias. Até então acho que era perfeito, deu certo. Mas vai ficando ultrapassado, não se consegue um atendimento qualificado.


A ideia é criar em janeiro essas secretarias?


Não. É um outro setor que você tem que criar. Tem que organizar, planejar. Eu inicio 2021 criando todas as coisas necessárias pra criar o projeto, mando pra Câmara, para funcionar a partir de 2022.


O verão está chegando, o comércio cria uma expectativa com o turismo, mas este ano temos a pandemia. Como será esta temporada?


Foi uma ducha… É um vírus que não vamos vencer só administrativamente. É preciso conscientização. Fazer com que as pessoas entendam a máscara, o álcool em gel. A gente vai trabalhar muito com esse tipo de campanha. Muitas pessoas não vão para o exterior por causa da covid. Não vão pra fora do Estado. A tendência é ter um número recorde de pessoas aqui.


O senhor tem algum projeto para famílias afetadas pela pandemia?


Estamos discutindo isso. Eu apanhei muito, e apanho até hoje, com a questão dos kits escolares, por exemplo. O primeiro ato meu, quando deu a pandemia, fez eu voltar ao colégio onde estudei. Todos os meus amigos comiam um prato de merenda que era a única refeição deles no dia. De prontidão, mandei fazer o kit para toda família, não por aluno. Fiz um kit com sucrilhos, leite nan, arroz, feijão, para atender a família. Agora eu penso: 2019 tinha pandemia? Não. 2018 tinha pandemia? Não. Qual ação política ou administrativa, seja minha ou da oposição, foi feita? Porque essas crianças passavam fome do mesmo jeito. Essas famílias que mais precisam foram atendidas com R$ 600,00, R$ 1,2 mil, mais os kits. Quando acabar a pandemia, essa classe não terá mais esse atendimento, mas vai continuar com o mesmo problema. Aí virá a atuação maior.


A questão do hospital, da maternidade, como está? O senhor afirmou lá atrás que tinha acordo com Estado, por conta do Hospital Regional de Itanhaém.


Nós temos a maternidade, que não é de Itanhaém. É um hospital regional para atender Mongaguá, Peruíbe, Pedro de Toledo... Nós temos o Guilherme Álvaro, em Santos, que nem sei se tem maternidade, mas deve ter. Nós temos o Irmã Dulce, em Praia Grande, que recebe contrapartida do Estado. E nós temos o hospital em São Vicente, que recebe contrapartida do Estado. Qual o meu entrave com o Estado? Ah, você tem hoje a maternidade, tem os equipamentos, então por que não abre? Ah, é? Quando a mãe vai ganhar nenê e corre tudo bem, é só ela fazer a cesárea, ótimo. Mas e se a criança precisar da UTI neonatal, se a mãe precisar da UTI, eu faço o quê? Eu não vou correr o risco, tendo um hospital regional a menos de 10 minutos de ambulância.


As escolas estão prepararas para um eventual aumento de alunos, em vista da crise? Como está a estruturação para viabilizar a educação?


A gente está se preparando para esse crescimento. A gente tem certeza que vai aumentar muito. Porque gerou desemprego (pandemia), o cara que tava com o filho no particular tirou e vai pôr no público. A gente tem que ter uma preocupação maior: como que você faz a criança ficar de máscara o tempo inteiro, não se abraçar? Isso é da criança. Esse é o grande desafio, aí, pra retomar com mais segurança.


O que o senhor espera dos investimentos do Estado? O BRT, comentado há alguns anos, e a concessão da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega. O senhor está otimista?


A gente escuta isso há uns 20, 30 anos. E sempre vai ficando no papel. Falta objetividade. Falta pensar um pouco mais de forma técnica e não política. Sou totalmente favorável, desde que tenha os investimentos na Cidade. A estrutura geográfica de Mongaguá é muito complicada. Até pra passar o BRT. Pega Praia Grande, tem uma estrutura muito maior. Há 10 ruas até chegar no mar, Mongaguá tem umas 2 ou 3. Acho que falta ter um planejamento pensando de forma individual para cada município, mesmo sendo uma região metropolitana.


O que dá para esperar do senhor nos próximos quatro anos?


É a cidade onde nasci, cresci, e onde criei meus filhos. Posso afirmar que os próximos serão os quatro anos mais promissores da história de Mongaguá. Um governo sério, focado, e, principalmente, buscando o desenvolvimento da Cidade. 


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