O Banco de Alimentos de Itanhaém pode ser considerado o coração da rede de agricultura familiar da Cidade, reforçando o elo entre quem entrega e quem mais precisa receber. Tudo sem perder o foco na segurança alimentar.
Como uma espécie de corredor social, por uma porta entram alimentos plantados por quem vive do que a terra oferta e, na outra, quem precisa recebe legumes, frutas, verduras e até pescado. Em junho, foram 11 toneladas de alimentos destinadas a 5.120 pessoas.
Pela parte deixada da produção os agricultores recebem R$ 6.500,00 anuais - não é muito, mas há grande adesão, mostrando a função social viva do projeto.
A partir desse trabalho, centenas de pessoas atendidas pelo Centro de Referência em Assistência Social (Cras) da Cidade recebem alimento. O sistema de Saúde e instituições de caridade também enviam pedidos.
O tamanho da cesta depende da oferta de alimentos no dia. Além do que é levado pelos agricultores às segundas e terças-feiras, o caminhão do Banco de Alimentos passa em supermercados parceiros recolhendo as quebras, como explica a diretora de departamento de Agricultura de Itanhaém, Thais Maria Muraro Silva Souza.
“São alimentos separados porque estão quebrados, amassados ou com aparência que dificulta a comercialização. No banco, eles são higienizados, manipulados e entregues em perfeito estado em cada cesta”.
Oferta
Há épocas em que quatro caixas são ofertadas a cada família. Na última semana, eram duas por pessoa. Por isso, a dona de casa Marcia Nunes Pereira, de 62 anos, chamou o filho, o ajudante de pedreiro Fábio Pereira, de 34, para ajudá-la a carregar. Ela é uma beneficiária do projeto desde 2009.
“Eu era diarista, mas meu marido sofreu acidente como motorista e amputou a perna. Depois, andando de muleta, foi atropelado. Parei tudo para cuidar dele, que ficou aposentado. Moro com ele, a neta de 12 anos que criei, uma filha de 40 e a filhinha dela, de 2 anos”, conta dona Márcia. “Se não fosse a cesta, eu não tinha como
Lição para a vida
Não só os beneficiários do Banco de Alimentos levam para casa coisas boas. A manipuladora de alimentos Iracema da Silva Barbosa, de 48 anos, é uma das funcionárias mais antigas de lá. Acompanha todo o processo envolvendo os produtos e conta o que a faz levar para casa, todos os dias, satisfação e gratidão.
“Depois de trabalhar aqui, vi o quanto se joga comida fora e o quanto ele vale a quem não tem nada! É um trabalho gratificante. Ajuda até na minha casa. Sou mãe de cinco filhos e meus netos comem de tudo. Até o Enzo, de 5 anos e os gêmeos Alice e Benício, de 3, amam beterraba”.