'Afastamos aos poucos a desconfiança da população', diz prefeito Márcio Cabeça

Prefeito de Mongaguá revela os avanços programados para o próximo ano

Por: Sandro Thadeu & Da Redação &  -  28/12/19  -  09:30
Márcio Melo Gomes, o Márcio Cabeça, foi empossado prefeito nesta terça-feira
Márcio Melo Gomes, o Márcio Cabeça, foi empossado prefeito nesta terça-feira   Foto: Carlos Nogueira/AT

Após ter sido afastado do cargo de vice-prefeito por uma decisão judicial, em maio do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Prato Feito, da Polícia Federal (PF), que apura fraudes em licitações da área da Educação em várias administrações paulistas, Márcio Melo Gomes, o Márcio Cabeça (Republicanos), conseguiu na Justiça o direito de reassumir o cargo e o comando da Cidade, pois o chefe do Executivo, Artur Parada Prócida (sem partido, ex-PSDB), foi preso em flagrante pela PF por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, após os agentes da corporação encontrarem na residência dele a quantia de R$ 5,3 milhões não declarados oficialmente. Depois, Prócida teve o mandato cassado na Câmara.


O mesmo ocorreu com Cabeça, mas ele conseguiu reverter a situação e assumiu o comando do Município. O atual gestor acredita que conseguiu superar a desconfiança inicial de grande parte da população com muito trabalho e revela os avanços programados para o próximo ano.


A Tribuna - Como foi o ano de 2019 para a Prefeitura, após um início de mandato marcado por alguns protestos em razão da disputa política na Cidade?


Márcio Cabeça - Foi um momento de muita turbulência e de uma pressão muito forte de alguns vereadores de oposição, que quiseram se aproveitar daquele tempo sem se preocupar com o futuro da Cidade. Quando eu assumi, disse que ia trabalhar bastante e que meu foco era fazer em dois anos o que seria feita em quatro. Acredito que 2019 foi positivo, porque, apesar da pressão, não deixamos a peteca cair em nenhum momento. A Cidade ficou lotada, com 400 mil pessoas na temporada de verão.


Assumi a Prefeitura com apenas uma ambulância e agora temos três novas. Conseguimos mais dois veículos para transportar as pessoas que fazem tratamento de saúde fora do Município, com ar-condicionado e TV para dar maior conforto aos pacientes. Foram cinco novos ônibus para a Educação e 77 obras licitadas, sendo que algumas foram entregues, como as crechEs de Agenor de Campos e a Zico Bucanas, a ciclovia da Avenida Marina e o prédio do novo dos Correios, assim como 60 mil metros quadrados de ruas pavimentadas em diversos bairros. Trabalhamos muito e afastamos aos poucos essa desconfiança da população.


AT - Pelo que A Tribuna acompanha, o senhor também conseguiu reverter uma situação desfavorável na Câmara, certo?


MC - Sim. No início, tínhamos uma minoria. Para se ter uma ideia, esse Centro de Oficina Cultural e a Escola de Balé foram rejeitados em um primeiro momento pela Câmara. Conversei com os 13 vereadores sobre a importância de pensar no futuro da Cidade, deixando de lado as diferenças políticas e pessoais.


Felizmente, a maioria entendeu isso, o que nos deu uma maior tranquilidade para a gente imprimir um ritmo mais forte para o desenvolvimento de Mongaguá.


AT -Novos empreendimentos privados devem se instalar na Cidade no próximo ano?


MC -Tivemos a chegada de grandes lojas, como as Casas Bahia e Magazine Luiza, e importantes estabelecimentos gastronômicos, o que demonstra a credibilidade na Cidade. Em janeiro, será inaugurada a primeira concessionária do Município, da Chevrolet, o que vai gerar novos empregos.


Algumas grandes lojas querem se instalar aqui e estamos trazendo cursos de capacitação para o pessoal do comércio. Na primeira quinzena de janeiro, será instalado um posto do Sebrae, o que representará um grande avanço para os empreendedores.


AT -O senhor deve encaminhar algum projeto importante para a Câmara no próximo ano?


MC -Enviamos agora no final do ano o projeto de lei para criar o cartão do servidor. O funcionário público receberá um valor mensalmente e obrigatoriamente terá de utilizá-lo em estabelecimento da Cidade. É uma forma para girar a economia local. Por ser um ano eleitoral, precisamos ver se poderemos implantá-lo em 2020. Criamos também o Bolsa Atleta, que vai ajudar muitos jovens a seguirem no esporte. Vamos trabalhar no projeto do Novo Agenor de Campos. A Avenida Nossa Senhora de Fátima será reurbanizada, assim como a Avenida Antônio Humberto Tórtora. A Avenida Monteiro Lobato passará por remodelação e vamos licitar e entregar a ciclovia dela até 2020. Temos um projeto para fazer o calçamento em 80% das vias públicas e isso depende de um financiamento da Caixa Econômica Federal.


AT -O que está programado de melhorias para a área da Saúde?


MC -Vamos descentralizar a farmácia municipal. Cada postinho de saúde terá sua própria farmácia. Vamos entregar o centro médico de Agenor de Campos e reabrir o pronto-socorro da Vera Cruz. Essa é uma das obras que estão atrasadas. A gente implantou os aparelhos de raios X digital na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e no hospital municipal. Conseguimos manter um ortopedista 24 horas.


AT -Como ficou a situação de equipar a maternidade municipal?


MC -Existe um pacto com o Hospital Regional de Itanhaém, do Governo do Estado, e temos dados concretos que mostram que Mongaguá tem, em média, 40 partos por mês. O investimento para manter a maternidade completa seria de mais de R$ 1,5 milhão mensais e precisamos de uma contrapartida do Estado. A maternidade já está em funcionamento, mas não faz cesáreas. O funcionamento do centro cirúrgico dependeria de um aporte do Governo do Estado. Não temos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal. Precisamos ter a responsabilidade de fazer a coisa correta, para que as pessoas não corram risco de vida. Não vou abrir por abrir a maternidade para ganhar méritos políticos. Só farei isso quando tivermos a contrapartida e as condições necessárias para dar um atendimento digno.


AT -Na Educação, algumas das medidas projetadas eram a climatização das escolas e a ampliação da parte de informática. Houve avanço nessa área?


MC -As escolas não estavam preparadas com o padrão necessário. Já compramos vários aparelhos de ar condicionado, mas a instalação deles depende da mudança do transformador, que é feita pela Elektro. Continuaremos a implantar a lousa digital para os alunos do sexto ao nono ano. Isso era algo que não tinha na Cidade. Também teremos tablets. Há um projeto diferenciado para crianças com autismo. Faremos a construção de uma escola no bairro Jussara, a da creche, e Casulo, em Agenor de Campos, e de uma creche no Jardim Santa Eugênia, e ampliação da Escola Pingo de Gente, no Itaoca, que ficará três vezes maior. Vamos nos esforçar para a entrega dos kits e dos uniformes escolares no começo do ano. Vamos tentar trazer uma universidade para o Município.


AT -O senhor tinha a ideia de construir um mirante e colocar lá a imagem de Jesus Misericordioso para incrementar o turismo na Cidade. Como está esse processo?


MC -A gente conversou com alguns artistas que fazem esse tipo de peça, mas o valor orçado (cerca de R$ 3 milhões) tornou inviável essa ideia neste momento e vamos tentar buscar parcerias com a iniciativa privada. Vamos reformular a Avenida do Samba, incentivar o turismo rural e remodelar a Plataforma de Pesca. Vamos trabalhar também com ecoturismo.


AT -Que medidas estão sendo tomadas para melhorar a segurança?


MC -A gente conseguiu ampliar o diálogo com as polícias. Fizemos a nossa parte ao ampliar o número de guardas municipais. Essa categoria foi valorizada em nosso governo. Todos eles receberão uma taser (arma que dispara carga elétrica). Ampliamos a central de monitoramento e o número de câmeras de monitoramento. Estamos abrindo licitação para a instalação de câmeras nas unidades de ensino e da área da saúde. Vamos avançar muito nessa área em 2020.


AT -Mais algum avanço programado para 2020?


MC -Na área habitacional, já entregamos mais de 500 escrituras de imóveis por meio do programa Cidade Legal, uma parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado para regularizar os núcleos habitacionais. Temos outras 500 para serem entregues em breve. Vamos avançar na área de drenagem para resolver alguns pontos de alagamento que incomodam a população há muitos anos.


*Na edição de segunda-feira, não perca a entrevista com o prefeito de Peruíbe, Luiz Mauricio (PSDB).


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