Ipea propõe criação de novo cálculo para planos de saúde

Aumento foi de 382% em 18 anos, diz o órgão

Por: Da Redação  -  18/06/19  -  19:48
Centenas de profissionais da saúde estão sob suspeita de Covid-19 na Baixada Santista
Centenas de profissionais da saúde estão sob suspeita de Covid-19 na Baixada Santista   Foto: Adobe Stock

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) propõe estudos para a criação de outro índice de preços para todas as modalidades de planos de saúde. Pela proposta, a base de cálculo do reajuste seriam a produção dos serviços médico-hospitalares e o IPCA Saúde.


“É preciso que a sociedade discuta o assunto, a fim de assegurar que os brasileiros não sejam prejudicados por conta do aumento de preços dos planos de saúde, principalmente porque a maioria do mercado continua desprotegida”, afirma o pesquisador Carlos Ocké, coautor do estudo ao lado de Eduardo Fiuza e Pedro Coimbra.


A proposta nasceu a partir de um levantamento do próprio órgão, que aponta alta acumulada de 382%, entre 2000 e 2018 nos preços dos planos.


O percentual é superior à inflação geral registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 208% no período. A diferença é ainda maior se comparada com o IPCA Saúde, que teria registrado inflação de 180% no mesmo período.


Para o levantamento, os técnicos do Ipea coletaram informações na base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).


Como consequência, os pesquisadores ponderam que, considerando o aumento do desemprego e a queda da renda da população, é necessário o debate sobre a validade do índice, que teria sido um dos fatores que fez com que, nos últimos quatro anos, mais de três milhões de pessoas deixassem de ter planos de assistência médica.


Novo método


No fim do ano passado, a ANS adotou nova metodologia para o reajuste dos planos individuais e familiares, mas o Ipea questiona a eficácia da medida quanto aos reajustes, uma vez que a ANS teria deixado de fora os planos coletivos, que respondem por 80% dos usuários e que não têm reajuste definido pela agência reguladora.


Para a advogada e pesquisadora em Saúde do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ana Carolina Navarrete, ainda pairam dúvidas na forma de se calcular o teto do reajuste nos planos individuais e familiares.


“Um dos argumentos que as empresas usam para os aumentos serem tão diferentes do que a inflação é que a inflação de serviços médicos é maior que a inflação geral. Contudo, o estudo mostra como na verdade a relação é invertida: não é a inflação de serviços de saúde que faz os reajustes dos planos altos, mas os reajustes dos planos que jogam essa inflação pra cima”, avalia.


Logo A Tribuna
Newsletter