Integração ônibus-VLT ainda limita benefícios aos usuários

Se a medida envolvesse todas as linhas de transporte coletivo de Santos, até 5 mil passageiros/dia teriam vantagem. Atualmente, nem 200 contam com esse serviço

Por: Maurício Martins & Da Redação &  -  09/08/19  -  16:05
Há 45 linhas de ônibus intermunicipais ligadas ao serviço, mas apenas dez do transporte municipal
Há 45 linhas de ônibus intermunicipais ligadas ao serviço, mas apenas dez do transporte municipal   Foto: Sílvio Luiz

Até 5 mil passageiros por dia deveriam ser beneficiados com a integração dos ônibus municipais de Santos e do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). Ou seja, com cartão transporte, pagando apenas uma tarifa, de R$ 4,70, poderiam desembarcar do ônibus e entrar no VLT, e vice-versa, desde que em até uma hora. Mas menos de 200 têm essa vantagem, porque a Prefeitura não expandiu o sistema.  


Em setembro de 2017, a integração tarifária começou. Quase dois anos depois, só dez das 41 linhas de ônibus da Cidade oferecem essa opção: 7, 13, 20, 30, 40, 53, 77, 153, 154 e 155.  


A Tribuna foi até a estação Ana Costa do VLT, e muitos nem sabiam que a integração existia. Outras reclamaram das poucas linhas, que não suprem a necessidade. Ciente do problema, o vereador Sadao Nakai (PSDB) quer a ampliação do sistema. Fez requerimentos na Câmara pedindo explicações à Prefeitura.  


“Fomos a campo dar uma olhada e não está adequado. Para a Ponta da Praia, por exemplo, só uma linha faz integração. Somente neste caso acreditamos ser possível integrar mais oito. E tem muita gente pagando duas passagens, R$ 8,70 (ônibus e VLT), quando poderia economizar”, diz.  


O vereador disse que esteve em reunião com representantes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e foi informado de que não há demanda para mais linhas. “Queremos entender o processo de decisão da CET, se existe estudo de origem e destino para balizar isso. Não é simplesmente falar que o povo não está acostumado”.  


Manifestações  


Em nota, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) esclarece que o número de linhas municipais integradas ao VLT é definido pela Prefeitura.  


“Esse número tem potencial de crescimento, já que o sistema de bilhetagem eletrônico operado pela concessionária BR Mobilidade está preparado para suportar a demanda”, diz.  


O Município afirma haver um convênio entre a CET e EMTU, estabelecendo um critério para que a partição tarifária esteja assegurada para até 5 mil passageiros diários transportados. “Não há meta de integração”.  


Segundo a Prefeitura, as linhas descartadas da integração têm itinerário distante dos pontos de embarque do VLT ou percursos semelhantes. Além das dez municipais, cita que há 45 intermunicipais integradas. “Em termos de atendimento, a Cidade está totalmente coberta”.  


Diz, ainda, que nenhuma linha intermunicipal foi descontinuada. “A integração não é atrativa para a grande maioria porque há oferta de ônibus na Cidade, realizando percursos semelhantes”, pontua. “Haverá revisão da integração quando for concluída a fase 2 do VLT, ligando o traçado atual ao Centro da Cidade”. 


Começa transição no transporte de SV 


Cem dias após a habilitação da nova empresa, começou o processo de transição no sistema de transporte público de São Vicente. As linhas das lotações, operadas hoje por vans e agrupadas em cooperativas, passam por ajuste de horários e itinerários, conforme planejado desde o ano passado. É previsto que o novo modelo funcione a partir do final de novembro.  


Parte dos trabalhadores atuais deve ser aproveitada pela Otrantur Transporte e Turismo, habilitada em abril pela Prefeitura para gerir o transporte coletivo na Cidade. Com o novo sistema, até 800 empregos devem ser abertos em funções como motorista, mecânico e administrativas. Hoje, cerca de 1.200 trabalham nas lotações.  


Desde o começo da semana, são realizados ensaios de como funcionarão as linhas pelo novo sistema. Os testes servem para adequar fluxo, horários e itinerários, traçados num estudo para reorganização das linhas e que prevê baldeação, bilhetagem eletrônica e integração com o VLT.  


Os condutores das lotações já cumprem horários fixos de circulação, e fiscais medem o tempo em pontos específicos. “Melhorou mil por cento. Existe um caráter mais profissional. Ganham o sistema e os passageiros”, diz o motorista Emerson Magalhães.  


Testes teóricos, práticos e psicológicos serão aplicados no processo de seleção. Os atuais trabalhadores das lotações terão prioridade. Os motoristas ouvidos pela Reportagem mostram otimismo, pois teriam benefícios e horário fixo. Até então, o dono do veículo definia a escala de trabalho.  


Novo sistema  


De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito (Setrans), o sistema vicentino terá 229 veículos, dos quais 61 ônibus básicos para atender à Área Continental e 168 micro-ônibus para os bairros insulares. 


Os veículos vão circular em horários estendidos à noite e em finais de semana, com quatro linhas funcionando 24 horas. O Município tem demanda mensal estimada em 2,474 milhões de passageiros.  


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