Infectologistas da Baixada Santista acham flexibilização preocupante: 'Estávamos indo bem'

Condesb pediu ao Governo do Estado que permita retomada econômica na região

Por: Maurício Martins  -  28/05/20  -  20:19
Covid-19 faz com que pacientes permaneçam longo tempo em UTIs
Covid-19 faz com que pacientes permaneçam longo tempo em UTIs   Foto: Arquivo/AT

O número crescente de casos na região faz com que infectologistas tenham grande preocupação com uma possível flexibilização no momento. Os médicos também acham sem cabimento a retomada das atividades na Capital, que foi permitida. O Estado também flexibilizou a quarentena em cidades do Interior.  


Conforme mostrou A Tribuna, o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) pediu ao Governo Esadual que reveja o nível de classificação da região no Plano São Paulo (que estipula regras para flexibilização da quarentena) e permita a retomada gradual das atividades econômicas. O plano estadual, apresentado nesta quarta-feira (27), mantém a Baixada Santista na primeira (vermelha) das cinco etapas, com a restrição máxima. 


“Estávamos indo bem na condução da pandemia, acontece que começam pressões de todo lado. Acho que (flexibilizar) é uma concessão indevida. Não tinha justificativa para fazer. O critério da disponibilidade de leitos, com uma epidemia crescente como essa, é absolutamente mutável. Hoje está com 60%, amanhã não tem nada”, ressalta o infectologista Evaldo Stanislau.  


Ele lembra que os leitos têm baixa rotatividade, porque os pacientes permanecem internados muito tempo. “Reabrir sem se assegurar de ter teste molecular (RT-PCR) com resultado rápido e uma política de fiscalização que identifique rapidamente os casos e os isole, é uma temeridade. Quando você perceber o incremento dos casos e a ocupação hospitalar, pode ser tarde demais”, diz o infectologista.  


Para Stanislau, os critérios que embasaram a decisão do Estado de flexibilizar alguns locais, incluindo a Capital, não foram médicos. “Porque se fosse observar os critérios epidemiológicos deveríamos ir até para uma medida mais extrema, um lockdown. Não essa abertura parcial proposta”. 


 O infectologista Sérgio Feijó, da Santa Casa de Santos, acha que a situação é delicada porque os casos continuam a subir. “Se pensarmos pelo lado da doença, quanto menos gente circulando melhor, não vamos sobrecarregar o sistema de saúde. Por outro lado, a restrição tem impacto econômico. Olhando para a doença, acho que as pessoas devem continuar em casa”.  


Para ele, é difícil saber precisamente se a estrutura preparada pelas cidades daria conta em uma flexibilização. “Teoricamente, nossa capacidade de atendimento regional está maior do que era em março. Mas isso nos dá segurança para diminuir o grau de isolamento? Ninguém tem essa resposta”. 


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