Infectologista critica retorno às aulas presenciais na Baixada Santista: 'Uma piada'

Especialista afirma que medida do Governo de SP traz risco para crianças, adolescentes e familiares que estejam no grupo de risco

Por: Daniel Gois  -  29/12/20  -  13:24
Caso permaneça na fase amarela, Baixada poderá ter 70% dos estudantes em aulas presenciais
Caso permaneça na fase amarela, Baixada poderá ter 70% dos estudantes em aulas presenciais   Foto: Rogério Soares/AT

Uma decisão equivocada e de enorme risco. É dessa forma que o infectologista Marcos Caseiro analisa o retorno às aulas de forma presencial na rede estadual de ensino. O Governo de São Paulo determinou que até mesmo regiões que estejam na fase vermelha do Plano São Paulo de combate ao coronavírus deverão retomar as aulas presenciais em 2021.


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Marcos Caseiro destaca que, apesar do número de mortes entre crianças e adolescentes ser menor, os estudantes que contraírem o vírus podem servir como vetores da doença ao manterem contato com familiares, como pais e avós, que eventualmente estejam no grupo de risco.


“Ainda que a prevalência e letalidade das crianças sejam pequenas, 40% dessas crianças moram com avós. Essa é a grande consideração. Estamos em uma situação crítica, com casos aumentando. Vamos bater recordes”, alerta o infectologista.


O governador João Doria declarou que o retorno será gradual e ocorrerá de forma regionalizada, e que a decisão segue como base experiências internacionais e nacionais, objetivando o desenvolvimento de crianças e adolescentes.


Conforme o decreto publicado, caso alguma área do estado esteja na fase vermelha ou laranja do Plano São Paulo, as escolas de ensino infantil até o médio poderão receber 35% dos alunos. Na fase amarela, o limite sobe para 70%. E na fase verde, 100% dos estudantes.


As instituições de ensino superior poderão funcionar na fase amarela com até 35% dos estudantes, e na fase verde, 70%. Caso a região esteja na fase vermelha ou laranja, está proibido o retorno.


“Considero isso uma piada”, afirma Caseiro, sobre a possibilidade de 70% dos estudantes estarem presencialmente nas escolas da região. “Aumentou a mortalidade, a incidência de casos. Acho isso uma relação sem menor sentido. É uma decisão equivocada. Devemos esperar a vacina e aguardar o comportamento nos primeiros momentos”.


Caseiro sentiu febre em alguns dias
Caseiro sentiu febre em alguns dias   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Paralisação


O Secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, disse que as escolas não podem mais ficar fechadas, em função do impacto provocado no aprendizado dos estudantes.


“A escola não pode mais fechar. Neste momento de pandemia, as famílias precisam entender o quanto é fundamental e importante ter os seus filhos frequentando a escola. Para continuarem a aprendizagem e serem acolhidos em vários aspectos”, disse Rossieli.


Caseiro alerta para a dificuldade em difundir as informações de segurança e prevenção da Covid-19 entre as crianças, em especial da educação infantil.


“Quanto mais baixa a faixa etária, pela quantidade de educadores disponíveis, é muito mais difícil trabalhar essas informações. Em janeiro, se as coisas continuarem nesse andar da carruagem, com o comportamento da população no Natal e Ano Novo, vamos ter sim uma situação muito crítica. Precisa ter mais cuidado”, finaliza.


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