Primeiro paciente de Guarujá com coronavírus está curado e volta a trabalhar em UTI de hospital

Fisioterapeuta Alexandre Massara da Costa Moreira, de 38 anos começou a ter os primeiros sintomas no dia 20 de março

Por: Marcelo Luís  -  16/04/20  -  18:47
Segundo pacientes, o período de isolamento também foi marcado pela solidariedade de amigos
Segundo pacientes, o período de isolamento também foi marcado pela solidariedade de amigos   Foto: Arquivo pessoal

O primeiro paciente de Guarujá a ser diagnosticado com o novo coronavírus está curado. É o fisioterapeuta Alexandre Massara da Costa Moreira, de 38 anos, morador do Guaiúba.


Alexandre trabalha na UTI de um hospital particular de São Paulo, que ele prefere não revelar o nome, e começou a ter os primeiros sintomas no dia 20 de março.


"Primeiro, senti o corpo dolorido, mas não achei que fosse o novo coronavírus. No mesmo dia, tive febre de 38,5 graus, aí ligou o alerta".


No dia seguinte, o fisioterapeuta já tinha se isolado em casa, mas resolveu procurar ajuda médica. Usando uma máscara, foi até a tenda montada pela Prefeitura de Guarujá na UPA da Rodoviária. "Quando falei os meus sintomas e que era um profissional da saúde, me aconselharam a colher o exame". O resultado, enviado pelo Instituo Adolfo Lutz, deu positivo.


A esposa de Alexandre e os filhos também tiveram sintomas da Covid-19. A mulher dele, com mais intensidade. "Não tive falta de ar, mas sentia muito cansaço. Parecia que eu tinha corrido uma maratona. Uma fadiga muito forte. Minha esposa teve falta de ar e fiquei mais preocupado com ela do que comigo. Já meus filhos, de 3 e 6 anos, tiveram apenas alguns sintomas leves. Temos em casa um oxímetro - aparelho que verifica a quantidade de oxigênio no sangue -, e isso nos permitia ter uma ideia de nosso estado de saúde. A covid-19 não é como uma gripe. Dá essa fadiga muscular, um cansaço que vem em ondas. Tem dia que você amanhece bem, depois de duas horas você está mal, e depois fica bem de novo. Uma febre baixa prolongada, tosse seca e uma dor de cabeça forte nos primeiros dias. Tive perda de olfato, mas de paladar não, como outras pessoas".


Segundo o fisioterapeuta, boa parte da calma que ele sentiu enquanto tentava se recuperar da Covid-19 veio justamente de seu trabalho na UTI, onde lida diretamente com pacientes que lutam pela vida. O período de isolamento também foi marcado pela solidariedade de amigos. "Eles faziam compras no supermercado e na farmácia e deixavam na porta de casa".


Alexandre voltou a trabalhar no último dia 6 e se diz aliviado. "Eu sabia que seria infectado em algum momento, só não esperava que seria tão rápido e o primeiro morador de Guarujá a testar positivo". Ele acredita que tenha contraído o novo coronavírus no hospital em que trabalha. "Com tudo isso, passei a dar mais valor ainda à prevenção e ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI). E acho que fica como aprendizado a necessidade de valorizar mais o contato com o próximo, com a família, poder abraçar quando pode. Sinto uma saudade muito grande de fazer isso com meus pais e meus irmãos. E, enquanto isso não passar, é importante que as pessoas fiquem em casa. O isolamento social pode salvar muitas vidas".


No momento, Guarujá possui 18 casos confirmados da doença, com dois óbitos. Por enquanto, somente o morador do Guaiúba está recuperado. Os outros 15 confirmados ainda cumprem isolamento domiciliar e seguem monitorados pela Vigilância em Saúde.


Alexandre Massara da Costa Moreira voltou a trabalhar no último dia 6
Alexandre Massara da Costa Moreira voltou a trabalhar no último dia 6   Foto: Arquivo pessoal

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