'O foco é alinhar o desenvolvimento econômico com a justiça social', avalia Válter Suman

Prefeito de Guarujá diz que futuro será de consolidação do que já vem sendo construído nesses quatro anos

Por: Sandro Thadeu  -  23/12/20  -  11:14
Para Suman, Aeroporto Civil será trampolim para o turismo regional
Para Suman, Aeroporto Civil será trampolim para o turismo regional   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

Na visão de Suman o pior já passou. Após, como afirma, assumir uma cidade com carências em diversas frentes, o futuro, segundo ele, será de consolidação do que já vem sendo construído nesses quatro anos. Na Saúde, o foco é ampliar os serviços do Hospital Santo Amaro e implantar um AME no Município, que pode ser uma referência regional e até de todo o Litoral Norte. No próximo mandato, o prefeito reeleito espera ver os aviões decolando – e especialmente pousando – no Aeroporto Civil, como trampolim para o Turismo não só de Guarujá, mas toda a região. 


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Como estava a Cidade, dos pontos de vista financeiro e administrativo, quando o senhor assumiu? As condições são melhores?


A Cidade estava esburacada, mato alto, mal iluminada, insegura... a zeladoria deixava muito a desejar. Nas finanças, houve dívidas herdadas. Era uma cidade que precisava ser inicialmente cuidada e que precisaria resgatar o crédito moral e financeiro. Estamos dando continuidade a um governo que, nesses quatro anos, tornou a Cidade mais bem cuidada. O que quero dizer com isso? Mais iluminada – uma cidade que tem, hoje, quase 17 mil pontos de led trocada, nossa orla iluminada. Você não vê gente pela rua, não vê buracos. Óbvio que em algumas localidades isso acontece porque o solo coopera. É uma cidade mais gerida nas finanças. Estamos em dia com os pagamentos. Estamos em</CW> dia com os servidores. 


Um de seus objetivos é ampliar a contratualização do Hospital Santo Amaro. Como será isso?


Ele ainda é o único hospital SUS, no contexto de uma teia de atenção à saúde. Ou seja, temos hoje um sistema de intermergência composto por 6 Upas e por Unidades Básicas de Saúde, Unidade de Saúde da Família e outras unidades que são suporte para a atenção primária, ambulatorial. A nossa rede de urgência e emergência está estruturada e chega a atender, diariamente, uma média de 1,5 mil a 2 mil pessoas nas unidades de pronto atendimento. Temos crescido os repasses ao Santo Amaro, cuja contratualização nós ampliamos em quase 50%. O que isso significa? Melhoramos a média e alta complexidades, que são repasses oriundos da União, em mais de 50%. A tendência é o Santo Amaro continuar avançando, haja vista que nós ampliamos em 100% o número de leitos de fisioterapia intensiva. Especificamente neste momento, temos funcionado com 20 leitos destinados ao covid. E essas UTIs irão permanecer. Ou seja, nós ampliamos 100% de leitos de UTI do hospital. E teremos também uma grande conquista para a Cidade e região, que é o serviço de hemodin</CW>âmica. A sala está pronta, a equipe está composta.


Como está a discussão do AME Mais, a ser implantado pelo Estado?


O então governador Márcio França assinou conosco. Logo depois da saída dele, isso não voltou à tona. É um equipamento com certeza importante, que vai atender não só Guarujá. mas estará aberto a Cubatão, Bertioga e Litoral Norte. Vou levar novamente essa proposta ao vice-governador Rodrigo Garcia. São duas pautas: a questão do ambulatório de especialidades e uma nova malha viária. Uma malha na entrada da Cidade e o prolongamento da Avenida D.Pedro. Não na intensidade de Santos, mas nossa mobilidade está afunilando. 


Quanto à entrada da Cidade, já há um plano pronto, ideia de investimento para essa reformulação?


O nosso pessoal da engenharia, do planejamento já tem o projeto estudado. Termo de recursos para investimentos em torno de R$ 45 milhões, e o prolongamento da D. Pedro em torno de R$ 90 milhões. O prolongamento está passando pelo crivo da Cetesb, de licenciamento ambiental. Já existem vários empreendedores do ramo imobiliário, com projetos possíveis naquela região, porque vai desafogar o trânsito do Perequê, Pernambuco, Acapulco e Rabo do Dragão. É para aquela região que Guarujá precisa crescer. Por isso, encaminharemos já no primeiro trimestre o novo plano diretor. 


Como estão as tratativas para esse plano diretor? Com a pandemia, algo mudou?


Fizemos uma série de audiências debatendo o plano diretor. O Ministério Público questionou um item fundamental, incorporado ao nosso contrato com a Sabesp: não dá pra falar em ampliação do mercado imobiliário se não houver saneamento básico e fornecimento de água capaz de suportar essa ampliação. 


Sobre a Pró Vida, gestora da saúde, que tem episódios de atraso de salários e benefícios: a Prefeitura está em dia com a prestadora? Que medidas são tomadas? 


A Prefeitura está regularmente e<CW-20>m dia com todos os repasses à OS Pró Vida. Ela administra a unidade de pronto atendimento Matheus Santa Maria, o Pan Rodoviária, que presta atendimento de 800 a mil pacientes diariamente. Reestruturou um pan que estava deteriorado, tem feito um bom atendimento, de acolhimento a humanização, ampliou os leitos de enfermaria em 100% e agora construiu mais 16 leitos semi intensiva. Temos notificado os gestores da OS pró vida, todas as vezes que ocorre esse tipo de problema, inclusive com atrasos em alguns itens como vale transporte e alimentação. Não toleramos esses atrasos. Inclusive porque fizemos um reequilíbrio do contrato, quando o volume de atendimento aumentou quase 60%. 


A rede escolar, especialmente creches, está preparada para receber uma possível pressão na demanda a partir de 2021, por conta da crise no País?
 


Quando assumimos, entre aqueles problemas todos no início, havia uma carência de quase 3,5 mil vagas em creche. Aumentamos 1,8 mil vagas. Isso sem construir uma única unidade. Como? Otimizamos as contratações das conveniadas que tinham potencial de ampliar. Já tinham estrutura de atendimento. O que nós fizemos foi aumentar o convênio. Em 2021, entregaremos três creches, na Vila Edna, em Morrinhos e Cidade Atlântica. Serão mais 1 mil, 1,5 mil vagas.


Outro desafio é a questão da habitação. Tem o Parque da Montanha, com quase duas mil unidades, cuja obra se arrasta por mais de uma década. O senhor irá entregar esse conjunto na sua totalidade? 


Nesses quatro anos, nossa produção habitacional foi maior do que em 20 anos antes. Assumimos com empreendimentos deteriorados, abandonados, depredados, invadidos. Especificamente o Parque da Montanha, já entregamos 580 unidades, das 1.972 previstas, para pessoas em condição de vulnerabilidade. No Cantagalo, que também estava abandonado, entregamos 400 apartamentos. Fizemos uma regulamentação fundiária em alguns bairros, Morrinhos, Santa Cruz dos Navegantes, continuam o processo de legitimação, pessoas que não tinham, há décadas, a sua estrutura, hoje têm em definitivo. Estamos em tratativas com a CDHU para mais 900 unidades a famílias em vulnerabilidade dos morros. Outra conquista importante foi o repasse, via Secretaria Nacional de Defesa Civil, pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, de R$ 27 milhões para a construção de 240 moradias às pessoas que foram vitimadas com o deslizamento dos morros. Há, ainda, parcerias bem avançadas com a MRS e a Rumo Logística, e também Codesp, para ampliação da Margem Esquerda do Porto. Temos 1,5 mil metros de margem portuária ocupada. Essas pessoas serão retiradas, principalmente de Aldeia, Marezinha e Prainha. Borati, em condição de total vulnerabilidade. 


Na questão do investimento retroportuário, há um planejamento para implantar condomínios logísticos, industriais, parques de carreta, em Vicente de Carvalho. Como será esse plano? Como atrair essas empresas?


A viabilização da zona retroportuária tem um potencial maravilhoso. São 4 milhões de metros quadrados à margem direita da Rodovia Domênico Rangoni. Há um estudo para isso. Outra demanda importantíssima é a condução de um pátio de caminhões, em tratativa com a autoridade portuária. 


Em relação ao aeroporto, o senhor acredita que no próximo ano já comece a operação comercial? 


Defino o aeroporto como a cereja do bolo do setor turístico de Guarujá. A Infraero foi contratada para tirar esse projeto do papel, já está trabalhando em serviços de topografia e do registro na Anac. Os primeiros voos executivos já estão previstos para 2021. Não quero especificar um mês ou data exata. Nós temos ainda a possibilidade de criação de um complexo de cargas, que expandirá muito o campo de possibilidades. Com o fim da pandemia, vai ganhar muito mais força e eu creio que, sim, além de voos executivos, haverá voos comerciais até o final de 2021.


O que os moradores de Guarujá podem esperar nos próximos quatro anos?


O trabalho em equipe, com comprometimento, com competência, com lealdade à nossa Cidade, àqueles que acreditam no nosso governo. Tenho dito que o trabalho é a melhor resposta. E, principalmente, diálogo constante. Portas abertas. Temos que exercitar paz política. Guarujá tem que ser uma cidade que tenha segurança jurídica. Uma cidade que tenha planejamento em todas as suas ações e uma cidade cada vez mais solidária. O foco, agora, é alinhar o desenvolvimento econômico com justiça social. 


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