Acordar e não ter água para escovar os dentes, para beber ou fazer a higiene pessoal. Essa é a realidade vivida por boa parcela da população de Guarujá, que sofre ainda mais por conta da pandemia, quarentena e uma maior necessidade de limpeza. O problema se agravou há duas semanas, mas, segundo esses moradores, já os acompanha há anos.
A Prefeitura informa, em nota, que tem aplicado multas na empresa - a última de R$ 300 mil, em janeiro -, e que o prefeito Válter Suman (PSB) foi à São Paulo nesta sexta-feira (24) para cobrar explicações e exigir do Governo do Estado, principal acionista da Sabesp, providências rápidas e efetivas para que a população não sofra praticamente o ano inteiro com a falta de água.
Há 47 anos, a aposentada Maria do Nascimento dos Santos, de 81, mora em Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá. Ela conta que a falta ou baixa vazão de água sempre assombrou a população daquela região. “Cada ano a situação fica pior. Antes era melhor”.
De acordo com ela, são duas as certezas sobre o abastecimento de responsabilidade da Sabesp, uma é que a conta vai chegar, outra é que em algum momento do ano vão enfrentar os problemas já citados.
“No mês passado também houve falta d’água. Reclamamos, veio um profissional (da sabes) e ele trocou o lacre do relógio e continua a mesma coisa”, reclama. A aposentada explica que geralmente ainda consegue um pouco de água nas torneiras pela manhã, o que tem ajudado a encher baldes para lavar louças, tomar banho e cozinhar.
E a Prefeitura?
O segurança Cleiton de Melo Souza, de 40 anos, mora na Enseada há cinco anos e, durante esse tempo, assim como Maria, já entendeu que vai conviver com a falta de água em sua residência. Ele, entretanto, diz não se conformar como a população fica sujeita a essa situação.
“Como a Prefeitura sabendo das irregularidades e má prestação de serviço renova contrato?”, questiona. “Pagamos um serviço tão caro. Se eu deixo de pagar a conta, eles vão lá e cortam”. De acordo com ele, a Prefeitura é responsável e tem que cobrar a empresa.
Em nota, a prefeitura de Guarujá lamentou os sucessivos relatos de falta de água cada vez mais frequentes. "O Município tem cobrado veementemente a Sabesp quanto ao cumprimento de metas básicas em relação a abastecimento e pressão da água".
A Administração Municipal acrescenta que "as falhas no atendimento da Sabesp inclusive são alvo de investigação do Ministério Público, que levam em conta relatório elaborado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp)".
Sabesp
Em entrevista à TV Tribuna, o superintendente da Sabesp na Baixada Santista, Raul Christiano Sanchez, informou que a falta de água em Guarujá e Vicente de Carvalho ocorre devido à estiagem (período se chuva, de seca).
“Em julho, já chove menos 98% menos. Isso afeta diretamente o manancial de onde a Sabesp busca água. Colocamos 18 caminhões pipa à disposição (da população). Estão distribuídos em áreas estratégica do município, próximo das pessoas.
Sanchez orienta que a população ligue para o telefone 0800-055-0195, caso seja observada a falta de água ou baixa pressão. “A pessoa vai se identificar e, a partir disso, um técnico vai ao local para atender com o caminhão pipa ou ver ser há um vazamento”.