'Governo Bolsonaro é um caminhão que foi para a roça de abóboras', diz irmão do presidente

Renato Bolsonaro, irmão do presidente Jair Bolsonaro, fala sobre o perfil do chefe do Executivo em entrevista para A Tribuna

Por: Maurício Martins & Da Redação &  -  31/12/19  -  09:18
Renato Bolsonaro, irmão do presidente, é morador de Miracatu e já se envolveu com política
Renato Bolsonaro, irmão do presidente, é morador de Miracatu e já se envolveu com política   Foto: Silvio Luiz/AT

Assim como o irmão (o presidente Jair Bolsonaro), Renato Bolsonaro, 55 anos, é capitão reformado do Exército. Ambos têm outra coisa em comum: a política. Renato já foi vereador em Praia Grande (1997-2000) e concorreu também a cargos públicos em Miracatu, no Vale do Ribeira, onde mora. Há 20 anos atua como comerciante, no ramo de móveis. A diferença do irmão é na religião - é católico, enquanto o presidente é evangélico - e no modo de falar: Renato é mais comedido, articulado e pouco se exalta. Leia a seguir trechos da entrevista dada para A Tribuna durante visita, na segunda-feira (30), em São Vicente, onde representou o presidente na assinatura de repasse da União para reforma da Ponte dos Barreiros.


Qual a sua relação com a Prefeitura de São Vicente?


Sou morador de Miracatu, sou comerciante, empresário. A deputada federal Rosana Valle (PSB) participava de um programa da TV Tribuna (Rota do Sol) que visitava as cidades do Vale do Ribeira. Eu tive contato com ela por causa do programa. E assim que ela foi eleita me procurou e colocou o mandato à disposição. Sobre a Ponte dos Barreiros, eu soube por um assessor dela. Levei essa necessidade, essa dificuldade da população de São Vicente ao conhecimento do presidente Jair Bolsonaro. Ele entrou em contato com o prefeito (Pedro Gouvêa, MDB) e com a Rosana e conseguiu viabilizar o apoio.


O senhor é filiado a algum partido, tem pretensão política?


Não estou filiado a nenhum partido, mas estou apoiando a criação do novo partido do presidente, o Aliança pelo Brasil. Já fui vereador, não tenho pretensão política nenhuma mais, não tenho cargo nenhum, em esfera nenhuma de governo. Já tive oferta de cargos, não quero. Não estou trabalhando para isso.


Por que o senhor participa desse tipo de evento político (assinatura de convênio)?


Estou doando meu tempo, porque naturalmente sou muito procurado pela questão de relacionamento familiar. Não tenho poder de decisão. A única coisa que faço é fazer chegar mais rápido ao presidente aquilo que acho viável. Mas ele é que tem poder de análise e decisão. Eu faço a ajuda, encurto a distância.


O senhor ser o futuro prefeito de Miracatu, nem pensar então?


Já fui candidato algumas vezes e não tive êxito. Espero agora auxiliar alguém, para que seja um bom prefeito lá.


O presidente tem um forte viés ideológico, chama a atenção ele atender a um pedido de uma deputada do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que ela trata como comunistas...


O presidente não é aquilo que a imprensa quer pintar dele. É uma pessoa sensível, humilde e está para governar par aos brasileiros. Não quer saber se a Rosana Valle é de partido A ou B, o que importa é que ela está lutando por uma causa justa.


Também não foi feito nenhum acordo?


Não. É questão de humanidade, de aplicação da função, do cargo dele. O presidente quando entra não pode torcer para time nenhum, direcionar para religião nenhuma. Desde que o pedido seja coerente, não seja absurdo e não possa ferir os bons princípios, a ética e bons costumes.


Como o senhor avalia o primeiro ano de mandato do seu irmão?


Sendo bem roceiro com você: o Governo Bolsonaro é um caminhão que foi para a roça de abóboras. Carregou e começou o deslocamento. Aí abóboras caem, amassam e a carga se acomoda. Hoje a carga está acomodada. Acredito que a partir de 2020 ele terá um avanço bem mais positivo. Já conseguiu alguns êxitos no primeiro ano. O Brasil tem tudo para melhorar bastante, atingir a independência econômica e a situação de segurança estável. Não será da noite para o dia.


O senhor parece ser bem mais calmo o presidente, o que acha do comportamento explosivo dele, especialmente com a imprensa?


Cada um tem o seu perfil. Cada um tem o calo onde mais machuca a bota. Quem sabe a bota machucou muito e ele tem esse comportamento por isso. Mas tudo é questão de ver os dois lados. A imprensa também precisava rever seus conceitos e tentar acertar a condução. É salutar para o Brasil que imprensa e governo tenham um bom entendimento. Não adianta só crucificar o presidente por não tratar bem a imprensa. Não existe perdão de um lado só. Às vezes você quer que eu te perdoe, mas o que você fez pode ser imperdoável.


Renato Bolsonaro participou de solenidade de assinatura do convênio do Governo Federal e com a Prefeitura de São Vicente
Renato Bolsonaro participou de solenidade de assinatura do convênio do Governo Federal e com a Prefeitura de São Vicente   Foto: Silvio Luiz/AT

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