Golpistas miram aposentados e pensionistas na Baixada Santista

Advogados especializados em Direito Previdenciário listam os cinco golpes mais comuns e fazem alertas que podem evitar prejuízos

Por: Rosana Rife & Da Redação &  -  17/09/19  -  01:38
Ações visam a não deixar esse público vulnerável a instituições financeiras
Ações visam a não deixar esse público vulnerável a instituições financeiras   Foto: Valery Hache/AFP

Aposentados e pensionistas são os alvos preferidos de criminosos que buscam ganhar dinheiro de forma fácil. A Tribuna separou cinco tipos de golpes já considerados clássicos pelos especialistas em Direito Previdenciário para você fugir da lábia da bandidagem.


O vazamento de dados é o pontapé inicial para a atuação dos fraudadores. Dessa forma, eles entram em contato com segurados do INSS por carta ou telefone e oferecem mundos e fundos.


“Em geral, eles buscam pessoas com mais idade, que usam telefone fixo e sem muito acesso a internet ou redes sociais, o que facilita o assédio”, explica a advogada Martina Catina Trombeta.


O golpe de associações que enviam correspondências oferecendo pagamento de atrasados ou revisões de benefícios encabeçam a listagem.


A advogada Camila Marques Gilberto diz que atende pelo menos uma pessoa por semana que foi contatada por estelionatários. “Muitos acabam seduzidos pela sensação de que a aposentadoria está com valor baixo em relação ao que recebiam anteriormente e acabam se associando”.


Segundo ela, são cobradas taxas mensais no cartão de crédito ou valores para ingressar com ações judiciais. Ela conta que alguns processos foram até distribuídos na Justiça, mas todos acabaram julgados improcedentes. “Muitas vezes por falta de documentos essenciais para isso”.


Em um caso recente, ela conseguiu anular o contrato de um cliente que caiu nesse golpe. Na sentença, foi prevista a devolução em dobro do que foi descontado do segurado. Ainda cabe recurso. “Mas, muito provavelmente, será aquele processo que você ganha e não leva, porque eles não terão recursos para isso”.


Diante dessa realidade, ela faz um alerta. “É impossível que, apenas com dados pessoais, de recebimento de benefício e a carta de concessão, se confirme que há direito a uma revisão”.


Consignado


O uso de dados para contratações de crédito consignado sem autorização dos beneficiários também tem tirado o sono de muita gente. “As pessoas devem verificar no seu extrato se há descontos indevidos porque, às vezes, eles ocorrem e o seguro nem percebe”, avisa Martina.


Para o advogado Décio Scaravaglioni, o INSS deveria manter o pagamento de benefícios em bancos públicos. “Evitaria essa disputa comercial e o assédio sobre os segurados da Previdência”.


Consultado, o INSS diz que dados de segurados são sigilosos e que tem políticas “no sentido de garantir a segurança das informações constantes nos bancos de dados”.


Tipos de golpe


1) Funcionários da Previdência


Os criminosos entram em contato com segurados, por telefone, e se identificam como funcionários da Previdência Social, oferecendo algum tipo de benefício. Afirmam que o aposentado ou pensionista teria direito a receber valores atrasados, geralmente grandes quantias de dinheiro, e pedem que a pessoa entre em contato com eles por meio de um número de telefone. Quando o cidadão faz a ligação, os fraudadores pedem que ele informe dados pessoais e solicitam o depósito de uma determinada quantia em uma conta bancária para liberar um pagamento que não existe.


2) Falsas associações


Nesse caso, os golpistas criam uma associação com o objetivo de ajudar aposentados e pensionistas a conseguir direitos como revisão de benefícios. Compram listas com informações dos segurados, como número de benefício, endereço e valores das aposentadorias. Enviam cartas falando sobre esses direitos, com cálculos de quanto deveriam receber, e prometem rever a situação. Afirmam que o direito é garantido. Mas, para receber a quantia, às vezes um montante alto, cobram taxas ou obrigam o aposentado a se associar.


3) Empréstimo consignado


Aposentados recebem ligações de falsos atendentes de telemarketing oferecendo crédito consignado. Nesse momento, os bandidos aproveitam para pegar os dados dos segurados e fazer empréstimos e até saques em suas contas.Eles também utilizam listas com dados vazados - ninguém explica como essas informações chegam às mãos dos fraudadores - e contratam empréstimos no nome de aposentados ou pensionistas. A vítima só percebe o golpe quando o benefício dela vem com desconto.


4) Recadastramento


O golpe do recadastramento também é comum. Pessoas que se fazem passar por funcionários do INSS visitam as residências dos aposentados para pegar dados como número da senha e conta bancária, sob a alegação de que precisa ser feito recadastramento. Vale lembrar que, para fazer o recadastramento ou prova de vida, é obrigatório ir ao banco. Portanto, não atenda ninguém em casa ou pelo telefone.


5) Andamento processual
Os idosos são procurados por falsos advogados ou escritórios de advocacia que garantem apressar o andamento de processos previdenciários na Justiça. Falam ainda em liberar valores atrasados e até apressar concessão de aposentadoria em agências do INSS. Daí, pedem os dados dos segurados e os utilizam para outras finalidades, como compras pela internet ou até contratação de crédito consignado.


Orientações


- Em caso de dúvida na operação do caixa eletrônico, procure um funcionário identificado e nunca aceite ajuda de estranhos ou de pessoas não autorizadas.


- O segurado nunca deve fornecer a senha do banco nem o número do benefício a terceiros.


- Não permita que estranhos examinem o cartão sob qualquer pretexto, pois pode haver troca sem que se perceba.


- Não anote a senha em papéis ou rascunhos.


- Ao escolher a senha, não utilize números previsíveis (data de nascimento, número de telefone residencial e placa de automóvel).


- Nunca guarde cartão e senha no mesmo lugar.


- Em caso de assalto, furto, roubo ou perda do cartão, comunique imediatamente o banco onde você recebe o benefício e peça o cancelamento. Faça também um boletim de ocorrência.


- Outro cuidado é dar preferência a terminais instalados em locais de grande movimentação e, se possível, em ambientes internos como shoppings, lojas de conveniência e postos de gasolina, por exemplo. 


- Sempre que possível, evite o horário noturno. É mais seguro efetuar os saques no horário comercial, quando o movimento de pessoas é maior.


- Em caso de retenção do cartão no caixa eletrônico, aperte a tecla anula e comunique o fato imediatamente ao banco, utilizando o telefone instalado na própria cabine.


- Jamais use celular de terceiros para essa comunicação, pois a senha fica registrada na memória do aparelho, possibilitando a ocorrência de fraude. 


- Aposentados e pensionistas não devem fornecer dados pessoais e documentos a pessoas estranhas que os procurem para oferecer financiamentos, produtos, revisão de benefícios e liberação de 
pagamentos atrasados.


- Desconfie sempre de quem se apresenta em nome de banco ou do INSS. Eles não mandam funcionários na casa de ninguém.


- Funcionários das instituições financeiras ou da Previdência também não retiram cartão vencido, bloqueado ou com suspeita e fraude em residências.


- Eles também não pedem informações pessoais como senhas, muito menos para digitá-las em algum equipamento eletrônico. Não faça isso e comunique imediatamente o banco.


- Qualquer suspeita deve ser denunciada à Ouvidoria do INSS, pelo telefone 135, à polícia ou diretamente na agência da Previdência Social de sua cidade. 


FONTES: FEBRABAN E ESPECIALISTAS


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