Frente fria, gelo e poluição geram rara beleza no pôr do Sol, dizem meteorologistas

Cores alaranjadas e avermelhadas são reflexos dos raios do Sol nas partículas no horizonte

Por: Eduardo Brandão  -  16/04/20  -  22:35
  Foto: Matheus Tagé/AT

Em tempos tão difíceis de isolamento social, pandemia e incertezas na esfera econômica global, a natureza vem dando raro presente para amenizar a aflição típica dos dias atuais. Por poucos minutos antes de o Sol se pôr, tons alaranjados e avermelhados pintam o firmamento da região, em um belo espetáculo de cores e brilhos únicos.


O “céu em chamas”, como foi batizado por meteorologistas, tem atraído os olhares e provocado admiração, desde terça-feira (14). O fenômeno é formado pelo reflexo dos raios do Sol na linha do horizonte nas nuvens cirros, que se formam acima dos 10 mil metros de altitude e com temperaturas inferiores a 0°C. 


“Essa coloração do Sol pode ser vista tanto no nascer quanto no pôr do sol, dependendo da quantidade de partículas presentes na atmosfera e os cristais de gelo das nuvens”, diz o climatologista Rodolfo Bonafim.


O professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) Paulo S. Bretones explica que, nesses horários, os raios solares atravessam uma camada maior da atmosfera. “Como nestes dias tivemos muitas nuvens médias e altas, isto levou a uma coloração mais forte. Como existem partículas, causadas pela poluição, espalham comprimentos de onda laranja e vermelho”, afirma.


Já a meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo, destaca que o fenômeno foi intensificado pela passagem de uma frente fria vinda da região Sul pelo continente. “Com o Sol já baixando no horizonte, os raios solares chegavam bem inclinados atravessando uma camada maior da atmosfera. Isso faz a luz solar refletir nos cristais de gelo das nuvens altas, tornando o céu alaranjado e com tons de vermelho”.


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