Expectativa de vida sobe 30 anos em oito décadas

Novos números do IBGE apontam que desenvolvimento do país beneficiou a população

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  29/11/19  -  21:38
Especialistas dizem que autoridades precisam pensar em políticas que incluam os idosos na sociedade
Especialistas dizem que autoridades precisam pensar em políticas que incluam os idosos na sociedade   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Em quase oito décadas, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer cresceu 30,8 anos. Em 1940, essa taxa era de 45,5 anos. Em 2018, saltou para 76,3 anos. Quando o olhar é voltado à Terceira Idade, também houve crescimento. Em 1940, de cada mil pessoas que atingiam os 65 anos, 259 chegavam aos 80. Em 2018, de mil, 637 completariam o 80º aniversário.


Os dados foram divulgados quinta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram também que houve um aumento de três meses e quatro dias na expectativa de vida ao nascer, na comparação das projeções de 2018 com as de 2017.


“Esse aumento é justificado, principalmente da década de 1940 para cá, por uma série de fatores, como queda da mortalidade e desenvolvimento da saúde e da medicina, além da melhoria do saneamento básico e de coleta de lixo”, apontou o demógrafo do IBGE Luciano Gonçalves.


Desafios 


Apesar disso, os números também são um desafio para a população e para os governos. “Discutir hoje o envelhecimento humano vai além do que apenas descrever os processos de desgaste do corpo físico com o passar do tempo”, avalia o professor de Genética Humana da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Daniel Siquieroli Vilas Boas.


O envelhecimento no Brasil, segundo ele, tem ocorrido em meio a adaptações arraigadas de preconceitos culturais, discrepâncias socioeconômicas e educacionais e a implementação de políticas públicas assistencialistas. Para ele, garantir que o envelhecimento da população aconteça de forma saudável e sustentável passa pela plena inclusão do idoso.


Para isso, Vilas Boas afirma que é necessário a implantação de ações governamentais em várias áreas, como acessibilidade, assistência social, habitação, saúde, educação, cultura, lazer, trabalho e Previdência Social. “No entanto, existe um abismo entre a lei e a realidade dos idosos no Brasil”.


Para a psicóloga, psicanalista e gerontologista Ingrid da Rocha Campo Politi, a necessidade e a importância da boa alimentação e exercício físico já foram disseminadas. Agora, é preciso debater e colaborar com o idoso para que ele consiga ter maior autonomia.


Ajudá-los a desenvolver maior flexibilidade e capacidade de adaptação em uma sociedade que muda rapidamente, por exemplo, é algo importante, diz Ingrid.


Por outro lado, também é essencial ter uma estrutura social para que essas pessoas possam levar a vida em organizações familiares que não são as mesmas do passado. “Serviços de apoio médico e social, por exemplo, além de residências que possam recebê-los sem tabu”.


Baixada Santista 


O estudo apresentado pelo IBGE não traz recorte por municípios. Contudo, dados da Fundação Seade ajudam a ter uma ideia do panorama regional.  


Hoje, as pessoas com mais de 60 anos representam 15,8% da população da Baixada Santista. Em 2030, conforme projeções da Fundação, o percentual saltará para quase 20%. Só Santos terá, daqui a pouco mais de dez anos, 25,4% de seus habitantes nessa faixa etária. 


Nos estados 


Em relação à expectativa de vida ao nascer em cada estado brasileiro, a maior é a de Santa Catarina (79,7) e a menor, no Maranhão (71,1). São Paulo aparece com a terceira maior taxa de longevidade (78,6).


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