Estudante que vende balas em semáforo de Santos dá exemplo de 'boa educação' e viraliza

Lucas Barboza cursa enfermagem, mas não conseguiu concluir o curso por conta da pandemia

Por: Gabriel Ojea  -  28/08/20  -  12:53
Lucas Barboza vende balas em semáforos e monumentos da Baixada
Lucas Barboza vende balas em semáforos e monumentos da Baixada   Foto: Arquivo Pessoal/Lucas Barboza

A pandemia do novo coronavírus não só teve um impacto em comércios que já estão estabelecidos, como interferiu na ascenção de diversas pessoas para o mercado de trabalho. Um desses casos é o do estudante de enfermagem, Lucas Barboza, que está vendendo balas em semáforos para poder conseguir um sustento.


A história de Lucas é de superação. Ele perdeu a mãe quando tinha 11 anos por conta do uso indevido de medicações para combater a depressão. Após o término do ensino fundamental, o pai de Lucas também teve a mesma doença e não tinha mais condições de cuidar do estudante, que passou a viver com a avó.


Com o sonho de um dia ser médico, o jovem ingressou em um curso de enfermagem enquanto trabalhava, entre os anos de 2017 e 2019, como ambulante no pedágio da rodovia Imigrantes, no km 32, porém, ele teve que interromper o serviço lá por conta dos ‘rapas’ realizados pela Polícia Rodoviária que ocorriam no local. “A gente corre porque eles agridem, tanto é que eu não vou mais porque é perigoso, parece até que estamos vendendo coisas ilegais”, afirma Lucas.


O rapaz passou então a vender balas no semáforo para cobrir despesas e para tirar a CNH. Ele também trabalhou como voluntário em casas de repouso de Praia Grande durante 3 meses por conta do curso, além do estágio no Crei de São Vicente. Ao chegar no final do curso, porém, percebeu que ainda havia uma pendência em um estágio voluntário no Lar Vincentino e, com a chegada da pandemia, não pode concluir essa etapa para se formar ainda. “É uma pendência de 15 a 20 dias”, conta o estudante.


A educação que Lucas demonstrava ao vender balas chamou a atenção de internautas, que repercutiram sua história e dificuldades no Facebook. Lucas conta que viu a repercussão após trabalhar debaixo de uma chuva intensa que destruiu seu guarda-chuva “Cheguei em casa por volta das 20h30, tomei banho e fui dormir por volta das 22h quando me mandam mensagem. Na hora fiquei perplexo e muito emocionado sem entender tamanha repercussão”.


A publicação era uma foto de um homem que trabalha com acessórios automobilísticos. “Ele me explicou o motivo da foto e explicou que as pessoas falavam de mim por tamanha educação que eu lidava com o público, tanto que as pessoas que compravam comigo falavam que eu era super educado. Até passo álcool em gel na mão”, conta o estudante.


Na segunda-feira (24), o rapaz foi até um escritório realizar uma entrevista, mas a empresa trabalhava com comércio exterior, o que não é da área de Lucas. Comovido com a generosidade do rapaz, o empregador comprou todas as balinhas que o estudante tinha, imprimiu currículos e afirmou que entraria em contato com pessoas da área da saúde. “Desde então ele está me ajudando nessa meta de um emprego. Até agora não tive nenhuma oferta de emprego na minha área nem emprego registrado também”.


Lucas ainda está na procura de uma oportunidade para conseguir se manter enquanto ainda não consegue completar o estágio. É possível entrar em contato com o rapaz por meio do número (13) 99206-1422.


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