Empresários da Baixada Santista temem reflexos da quarentena

Entre empresários, a informação é de que muitos pequenos negócios não irão se reerguer após a crise do novo coronavírus

Por: Júnior Batista  -  29/03/20  -  00:50
Efeitos colaterais da pandemia atingem a economia e o comércio
Efeitos colaterais da pandemia atingem a economia e o comércio   Foto: Matheus Tagé/ AT

A discussão sobre a reabertura de comércios na região dividiu opiniões entre empresários. A quarentena, que ainda não tem uma data definida para terminar, está afetando a economia regional. Na sexta-feira (27), a Análise Econômica Consultoria divulgou dados prevendo que as perdas no Produto Interno Bruto (PIB) da região podem chegar a 5%. Entre empresários, a informação é de que muitos pequenos negócios não irão se reerguer após a crise do novo coronavírus.

É consenso, entre os sindicatos, que algo precisa ser feito para mitigar a questão. “O comércio pequeno já estava com a corda no pescoço. Já estava pendurado no banco, com cartão de crédito... Estamos fazendo toda a orientação para manter os funcionários, mas eles estão desesperados, sem saber o que fazer”, afirma Omar Abdul Assaf, presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista.

Assaf compreende todas as soluções que estão sendo propostas, mas reforça: é preciso tomar uma atitude. “Temos que sair do palanque. Quem é direita, quem é esquerda.Precisamos salvar vidas, mas também precisamos salvar o comércio. Senão, após essa crise,teremos não só uma recessão, como também uma ‘depressão”, diz. 

Presidente da Associação Comercial de São Vicente, Alcides Antonelli também afirma que é preciso ouvir os empresários. “Os locais estão discutindo essa abertura, mesmo que com restrições. Tem que se fazer algo e no menor prazo possível. Mesmo abrindo na segunda, como querem, o estrago já foi feito. A gente se preocupa porque muitos empresários não irão aguentar”,diz.

"O problema são os pequenos"

O economista Adalto Corrêa Jr. diz que a preocupação dos empresários é legítima, mas o motivo está errado. “Não é o governo que está fazendo isso (a quarentena). É uma decisão mundial. Os prefeitos não têm nada a ver com isso”, afirma ele.
Correa lembra exemplos mundiais, em que os governos injetam dinheiro na economia para conseguir segurar os empreendedores.

“Acabou o equilíbrio das contas.Temos que usar todos os recursos para a gente sair vivo disso”, defende ele,que acredita que medidas como a anunciada pelo Banco Central – de oferecer linhas de crédito a juros baixos para pequenos e médios empresários, anunciada na sexta (27) – só irá postergar o problema e não seguram os pequenos comerciantes.

“Os pequenos, que são cerca de 20% a 30% do contingente brasileiro, são responsáveis por 80% dos empregos. A preocupação é legitima dos comerciantes, porque a renda está na mão deles”, conclui o economista.  
 


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