Em meio à pandemia, campanha pelo voto começa neste domingo na Baixada Santista

Além do desafio de ganhar a confiança dos cidadãos, os concorrentes terão um novo obstáculo neste ano: o temor de abstenção recorde

Por: Sandro Thadeu & Da Redação &  -  27/09/20  -  09:50
Eleições municipais e poder econômico, uma equação que não fecha
Eleições municipais e poder econômico, uma equação que não fecha   Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Os candidatos a prefeito e vereador estão autorizados a iniciar a campanha hoje, pedindo votos e apresentando propostas. Além do desafio de ganhar a confiança dos cidadãos, os concorrentes terão um novo obstáculo neste ano, devido à pandemia de Covid-19: o temor de abstenção recorde, manifestado por dirigentes partidários para A Tribuna.


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O professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) Leandro Siqueira considera cedo para dizer se as campanhas conseguirão mobilizar as pessoas a votar. Porém, acredita que a atual polarização política pode servir de estímulo.
“Os candidatos vão ter que reinventar o modo de fazer campanha. Neste ano não será possível visitar comércios, fazer comícios, e aglomerações deverão ser evitadas”, explicou.

Segundo o professor de Marketing e Relações Públicas da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (Esamc) em Santos, Raffael Martins, o desafio será convencer pessoas que têm evitado sair de casa. “Muitos vão ter que trabalhar a importância do voto, mas entendo que muita gente não vai comparecer às urnas.”

Para o docente, os eleitores precisam estar preparados para os “festivais de lives”. Elas devem ser muito utilizadas e poderão ser considerados os cavaletes dos tempos atuais – forma de propaganda proibida, mas que dominou calçadas em várias eleições e incomodou motoristas e pedestres.

“Vejo que é importante os candidatos fortalecerem a sua rede via WhatsApp. Sairá em vantagem aquele que estruturar melhor as listas de transmissões e que tiver os cabos eleitorais fortes nesse aplicativo. Fazer página no Facebook é uma estratégia de 2014. As coisas já mudaram”, alertou.

Cautela


“A internet é semelhante a um caminhão novo, bonito e grande que carrega 200 toneladas, mas na carroceria não tem nada. O que vale nele é a carga. Muitos candidatos acham que basta divulgar qualquer coisa para que as pessoas passem a acompanhá-los.”
A afirmação é do publicitário e jornalista Carlos Manhanelli, criador da primeira empresa especializada em Marketing Político Eleitoral no País, em 1978.

Ele entende que a internet é a maior ferramenta para se convencer o eleitor, mas, como a rádio e a televisão, depende de audiência, conquistada aos poucos. Porém, 25% dos estudantes não têm acesso à internet nem computador. “Você não pode desprezar esse público. É preciso fazer campanha de rua, sim.”


Covid e polarização estão em pauta


As medidas tomadas por governantes contra a covid-19 e suas consequências na economia local devem fazer parte da pauta dos candidatos a prefeito e a vereador.

“A pandemia provocou uma reflexão mais ampla sobre saúde, economia e trabalho. Esses temas vão se juntar às preocupações mais comuns do dia a dia dos cidadãos”, pensa o professor Leandro Siqueira.

Para ele, talvez as urnas tragam uma avaliação de como os atuais gestores encararam esse desafio, e a polarização política nacional pode influenciar o voto.


“Aquele que não compreendeu a necessidade do isolamento social e que se sentiu prejudicado pode querer descontar no prefeito ou no candidato apoiado por ele, votando em algum opositor”, justificou.
O professor Raffael Martins avalia que o atual pleito será marcado por sensacionalismo e briga ideológica. “Ninguém mais quer saber de plano de governo. O povo está querendo ver quem ataca melhor o outro. Vamos absorver o que há de pior na política norte-americana.” Ele diz ter visto perfis falsos em redes sociais para atacar candidatos em cidades da região.

Marqueteiro vê prazo muito curto

O presidente do Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (Camp), Bruno Hoffmann, julga equivocado que as campanhas eleitorais do País durem apenas 45 dias.
“É o principal momento do exercício do processo democrático do País, mas as limitações impostas atrapalham e geram muitas incertezas para os candidatos.”


Para Hoffmann, o período de campanha deveria ser ilimitado, para o eleitor conhecer melhor os candidatos e ter mais discernimento ao votar.


“Acho que é legítimo alguém dizer que quer ser candidato a prefeito de Santos, por exemplo, daqui a quatro anos. Além de ser algo transparente, há tempo para ele conversar com as pessoas, estabelecer relacionamentos e mostrar que pode fazer a diferença”, alega.


“As pessoas precisam ter mais tempo para acompanhar e conhecer os candidatos.”


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