Em ano de eleições municipais, mulheres são subrepresentadas na região

Cotas para candidatas mulheres em partidos não são garantia de políticas voltadas ao público feminino, segundo cientista política

Por: Marcela Ferreira  -  08/03/20  -  21:15
TSE garante a manutenção do calendário eleitoral, apesar de pedidos de adiamento
TSE garante a manutenção do calendário eleitoral, apesar de pedidos de adiamento   Foto: Divulgação

O período eleitoral se aproxima e, no mês das mulheres, cobra-se um posicionamento de que elas participem mais ativamente da política partidária. Os partidos são obrigados a terem 30% de candidatas mulheres, mas isso nem sempre é sinônimo de que políticas voltadas para um mundo mais igualitário entre os gêneros estão sendo elaboradas com maior frequência.


Atualmente, nas nove cidades da Baixada Santista, apenas nove mulheres integram as câmaras de vereadores no total, provando a falta de representação feminina na política regional.


A cientista política e professora universitária Clara Versiani dos Anjos explica que a cota de candidatas para partidos não é suficiente para reparar a falta de representatividade feminina na política atual. “Medidas como essa são para corrigir exclusões históricas, integrar minorias historicamente excluídas, e elas ajudam, mas sozinhas não transformam uma realidade de uma hora para outra”, diz.


Clara ressalta que as cotas não são garantias de que a mudança será iminente. “Isso não é capaz de garantir uma maior participação. Muitos partidos são presididos e dirigidos por homens, e isso dá a eles um protagonismo muito maior”.


Regionalmente, mais mulheres na política seria sinônimo de mais leis que contemplem demandas referentes aos problemas enfrentados por mulheres. Exemplos disso são as leis que prevêem direitos às mães ou à equidade salarial entre homens e mulheres, para citar algumas. “Uma vez que se tenha uma subrepresentação ou não representação na política, isso sem dúvida diminui a possibilidade de que se tenha políticas públicas para os interesses das mulheres”, explica Clara Versiani.


Com uma perspectiva positiva para o futuro, a cientista política afirma que é possível que, em uma década, haja mais mudanças. “A participação depende de mudanças culturais, sociais e políticas, que só uma legislação não é capaz de mudar. A esperança é que as mulheres avancem mais em suas afirmações. Daqui a talvez uma década pode ser que a gente tenha mais mudanças significativas nesse cenário”, finaliza.


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