Doria diz que saída de Mandetta seria um 'desastre' para a saúde do país

Em coletiva nesta quarta, o governador de São Paulo defendeu o ministro da Saúde e não respondeu às críticas do presidente Jair Bolsonaro sobre sua atuação em meio à pandemia da Covid-19

Por: Régis Querino  -  15/04/20  -  20:31
Atualizado em 15/04/20 - 20:34
Governo do estado entrará com pedido de empréstimo de 100 milhões de dólares
Governo do estado entrará com pedido de empréstimo de 100 milhões de dólares   Foto: Aloisio Maurício/Estadão Conteúdo

O governador de São Paulo, João Doria, classificou como um “desastre” a possível saída do ministro Luis Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, em entrevista coletiva no início da tarde desta quarta-feira (15), no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. 


Os rumores de demissão do ministro, que há semanas vem se contrapondo ao presidente Jair Bolsonaro quanto às medidas adotadas pelo Ministério no combate ao novo coronavírus, ganharam força com a saída de um de seus auxiliares. O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, que pediu demissão nesta terça.  


“O ministro e seus secretários vêm demonstrando responsabilidade, apoio técnico, respeito à Ciência e aos princípios da saúde e, principalmente, às orientações da OMS. Será um desastre e um risco para a saúde pública do país se não termos mais orientação baseada e fundamentada na saúde e na medicina, mas sim uma orientação política e ideológica”, criticou Doria. O governador não respondeu a perguntas sobre críticas feitas por Bolsonaro a sua atuação no combate à pandemia.  


Coordenador do Centro de Contingência do Novo Coronavírus de São Paulo, o infectologista David Uip lamentou a saída do “amigo de longa data” do Ministério, Wanderson de Oliveira, e destacou a ótima relação que sempre teve com a equipe de Mandetta. 


Já o secretário de Saúde do Estado, José Henrique German, considerou como “erro estratégico do governo” uma possível troca da equipe do Ministério da Saúde. 


Montanha ou iceberg?


Questionados sobre a queda nos índices de distanciamento social no Estado de São Paulo, que estariam, em média, em torno de 50%, Doria, Uip e German voltaram a falar da importância de conscientização da população sobre a necessidade da medida. 


“Nós vamos ter um pico da metade de maio para frente. Resta saber se vamos enfrentar uma montanha ou um iceberg, todas as curvas que estamos acompanhando chegam no mesmo patamar. Estamos conseguindo baixar a curva, mas precisamos do apoio da população, que será definitivo no que vamos enfrentar”, analisou David Uip. 


German disse que o governo trabalha com a perspectiva de ter as UTIs dos hospitais estaduais lotadas até o fim de maio. “Se mantivermos esse grau de isolamento, podemos inferir que provavelmente teremos uma lotação dos leitos de UTI a partir de maio. Temos duas reservas de leitos, uma que deve se esgotar até o fim de maio e a outra até o fim de julho”. 


Além de reforçar as medidas de isolamento social, João Doria também anunciou o início da distribuição de 1 milhão de cestas básicas até o fim do mês para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza no estado, começando pela região metropolitana da Capital. Segundo o governador, o mesmo volume será distribuído em maio, junho e julho.


As cestas são bancadas pelo estado e 83 empresas, em um total de R$ 367,6 milhões em doações em dinheiro, produtos e serviços, de acordo com Doria. 


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