Dezembro Vermelho: Mês de conscientização e combate à AIDS começa com alerta aos jovens

Dados do Ministério da Saúde reforçam que se deve tomar cuidado com o vírus HIV, ainda sem cura e que pode levar a diversas complicações, entre elas a morte

Por: Júnior Batista & Da Redação &  -  06/12/20  -  23:08
  Foto: Divulgação

Praticamente dois em cada dez infectados pelo vírus HIV não iniciaram o tratamento necessário na pandemia. Os dados do Ministério da Saúde reforçam que se deve tomar cuidado com o vírus, ainda sem cura e que pode levar a diversas complicações, entre elas a aids e a morte. 


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Neste Dezembro Vermelho, é preciso redobrar os cuidados. Em especial os jovens, que baixaram a guarda para a doença. Segundo o Ministério da Saúde, caiu em 17% o número de pessoas infectadas que iniciaram a terapia antirretroviral (TARV), em comparação com o mesmo período de 2019.


“Esse monitoramento é extremamente importante em quem tem HIV, inclusive para observar se o paciente está respondendo bem ao tratamento ou não. Através desses exames periódicos é que vai se retratar o sucesso ou fracasso dos medicamentos”, explica Lúcia Abel Awad, imunologista e biomédica da Universidade Santo Amaro (Unisa).


Segundo o médico infectologista Leonardo Weissmann, embora os números mostrem que houve queda nas mortes por aids, fase mais avançada da infecção causada pelo HIV, os índices continuam preocupantes. “Atualmente, são feitos muito mais testes do que há dez anos. Além disso, o tempo é menor entre o diagnóstico e o tratamento, fazendo com que o total de casos e mortalidade por aids seja menor. Se analisarmos as taxas de infecção, houve aumento na incidência entre 2010 e 2019”.


Um dos motivos, apontam os dois médicos, é que principalmente os jovens, de certa forma, se acomodaram. “Eles relaxaram. Na época da ascensão da aids no Brasil e no mundo, costumava-se ter muito medo, então as pessoas se preservavam mais. Quando começaram a aparecer os antirretrovirais, elas passaram a relaxar, achando que há cura. Mas não tem, a doença é controlável se for administrada continuamente”, diz Lúcia.


Weissmann acrescenta: a maior parte das pessoas que convivem com o HIV no País está concentrada na faixa dos 25 aos 39 anos. “O jovem perdeu o medo da doença, deixou de usar preservativo e se cuida muito menos do que antes”, emenda.


Prevenção e tratamento 


A prevenção é fundamental. Além disso, o diagnóstico precoce faz muita diferença para quem foi infectado. “A falta de tratamento pode causar diversas patologias. É importante que os pacientes com HIV continuem procurando assistência médica na condução dos seus casos, pois, a cada quatro ou seis meses, exames periódicos são necessários para avaliação do sistema imunológico, da condição de saúde do paciente e principalmente para monitorar a carga viral”, observa Lúcia Awad.


E a proteção vale também para outras infecções sexualmente transmissíveis, como lembra Weissmann. “As infecções sexualmente transmissíveis estão em alta, especialmente clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis. São infecções que têm tratamento e que, se não cuidadas, podem causar efeitos graves, como doenças neurológicas e cardiovasculares, infertilidade, morte fetal, risco aumentado de transmissão do HIV, entre outros”, conclui.


Onde procurar atendimento


Mongaguá


Atualmente, 191 pacientes convivem com o vírus.


Locais: Serviço de Assistência Especializada (SAE), que fica na Rua Iolanda Ferrigno, 20, Centro;
Hospital Municipal Adoniran Correa Campos (Av. São Paulo, 826, Centro); UPA (Av. Monteiro Lobato, 6.902); PS Central (caráter de emergência), na Av. São Paulo, 3.288, Vila Vera Cruz; todas as unidades de saúde da família (USFs).


São Vicente


3.255 pessoas são acompanhadas pelo município


Locais: CTA Betinho (Rua 13 de maio, 64, Centro); todas as UBSs e ESFs.


Bertioga


Atualmente, 141 pessoas tratam o vírus no CTA e outras 26 de Guarujá pegam medicação na cidade.


Locais: UPA (testes de maternidade, tuberculose, PEP); UBSs (testagens em gestantes e parceiros); Centro de Testagem e Aconselhamento (o CTA fica na Rua Jorge Ferreira, 60, Centro), para testagem, tratamento e medicação.


Santos


3.500 pessoas têm acompanhamento


Locais: todas as policlínicas


Guarujá


1.822 pacientes são acompanhados pelo município


Locais: todas as unidades de saúde da família (USAFAs) e unidades básicas de saúde (UBSs);
Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS AD), na Rua Josefa Hermínia Caldas, s/nº, Vila Áurea;
UPAs e Unidade Complexa William Rocha Rua Hélio Ferreira, 369, Jardim Boa Esperança). 


As outras cidades da região não responderam até o fechamento desta edição


O Brasil é referência mundial no combate ao HIV, segundo a médica Lúcia Awad. “É um dos únicos países que disponibilizam os antirretrovirais pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso é um avanço e um exemplo de nação que conseguiu controlar o HIV”, afirma.
Brasil ainda é referência mundial


Hoje, segundo ela, há por volta de 920 mil pessoas infectadas, sendo que 89% foram diagnosticadas e 77% fazem uso dos antirretrovirais. “Agora, percebemos que 23% não utilizam e isso é preocupante, porque quem não se trata tem muito mais chances de transmitir o vírus para outras pessoas”. Lúcia reforça que, apesar disso, o que faz o HIV ser tão perigoso é justamente seu longo período de incubação. O aumento de casos entre jovens e gestantes citado por ela serve de alerta para autoridades e toda a sociedade. “Às vezes, o paciente demora muito para descobrir a doença e não tem nenhum sintoma, mas continua transmitindo. Por isso, é preciso sempre fazer testes periódicos e check-ups regulares”.


“No começo, todo mundo tinha medo, se protegia, usava camisinha. Hoje, os jovens acham que isso não mata, por ter remédio. Pensam que o outro não está infectado, assim como eles mesmos”.


Cura


Com a prevenção como única forma eficiente de se proteger, Leonardo Weissmann traz, pelo menos, um bom vislumbre para o futuro. “A cura do HIV é um sonho possível e estudos recentes demonstram que podemos alcançá-lo em alguns anos”, conclui.


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