As cidades da Baixada Santista aguardam posicionamento do Ministério da Saúde para realizar a campanha de vacinação antirrábica. Porém, problemas com a produção da vacina deixam dúvida se ela ainda ocorrerá neste ano.
Em um país que assiste à volta do sarampo, doença que era considerada erradicada, a situação é um sinal de alerta. Assim diz o biólogo Horácio Manuel Teles, membro do Conselho Regional de Biologia em São Paulo.
Segundo o ministério, apenas as cidades que registraram casos recentes de raiva receberão doses para a campanha de vacinação de cães e gatos. Para que isso ocorra, o Governo Federal remanejará as doses destinadas ao atendimento de rotina. Significa que localidades podem ficar, temporariamente, sem vacinas para o cotidiano.
O problema, diz a pasta, foi o atraso do laboratório fornecedor, que informou ter identificado falhas técnicas na produção da vacina antirrábica e que trabalha para resolver a questão. O ministério calcula que, neste ano, foram enviadas mais de 10 milhões de doses para todo o País, das quais cerca de 1.500 para o Estado de São Paulo.
Apesar disso, o Ministério da Saúde não informou quando as cidades que tiveram casos recentes receberão as novas doses, como as distribuirá nem a data em que chegarão à Baixada.
Perigo
O ministério salienta que o Brasil tem registrado baixo número de casos de raiva animal nos últimos anos e está perto de eliminá-la em animais domésticos.
O biólogo Horácio Manuel Teles adverte, contudo, que “toda perda em cobertura vacinal é perigosa porque a interrupção da circulação do vírus depende da imunização. Se há interrupção na vacinação, os casos de raiva vão aparecer”.
Causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, a raiva é transmitida pela saliva de animais infectados. Principalmente por meio de mordida, mas também por arranhões ou lambidas. Após o período de incubação da doença, em média de 45 dias nos humanos, alguns dos sintomas são mal-estar geral, aumento de temperatura, dores de cabeça e de garganta, irritabilidade e sensação de angústia.
“Mas os sintomas podem progredir para febre, delírios, espasmos musculares involuntários, convulsões e enrijecimento do corpo”, explica o biólogo. Ele acrescenta que a doença é grave, altamente letal e que os municípios precisam exigir solução para as vacinas.
Um motivo adicional, diz, é que a vacinação de cães e gatos não elimina a doença em animais silvestres – sobretudo morcegos, que podem ficar com o vírus alojado por muito tempo sem sintomas.