Usiminas mantém mais de 900 demissões em Cubatão

Empresa não chegou a um acordo com Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista para evitar dispensas

Por: Maurício Martins  -  19/05/20  -  01:15
Rosana Valle entende que funcionários devem ser reintegrados antes da audiência do dia 28
Rosana Valle entende que funcionários devem ser reintegrados antes da audiência do dia 28   Foto: Arquivo/AT

A Usiminas pode iniciar, nos próximos dias, uma demissão em massa na unidade da companhia em Cubatão. A dispensa coletiva deve atingir até 60% do atual quadro de funcionários, o que representa 960, dos 1.600 trabalhadores. A empresa não chegou a um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista, na tarde desta segunda-feira (18), no Ministério Público do Trabalho (MTP). O objetivo era suspender as demissões. 


Na reunião, a segunda realizada para tentar uma composição, a empresa deveria trazer dados contábeis sobre sua má condição financeira, que justificassem a medida, conforme ficou acordado na sexta-feira (15). Porém, segundo o procurador do trabalho Diego Catelan Sanches, representantes da Usiminas só levaram números parciais. 


“Contudo, consultamos o último balanço público da empresa e propomos que nenhuma dispensa fosse efetuada, pois entendemos que a empresa tem condições econômicas robustas de enfrentar a crise sanitária com a manutenção de todos os postos de trabalho”, afirma Sanches, acrescentando que ainda acredita numa solução por parte da companhia. Caso contrário, ele adotará medidas judiciais. 


O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista, Claudinei Rodrigues Gato, lamentou a falta de acordo para preservação dos empregos. Embora a Usiminas não tenha apresentado todos os números, ele afirme que juntou ao processo a informação que a empresa distribuiu R$ 50 milhões de lucro entre os acionistas em abril. 


“O próprio procurador falou: a empresa tem mais de R$ 15 bilhões em receitas, fora o patrimônio. Com isso dava pra segurar esses trabalhadores e conseguir pagar os salários, que variam de R$ 2 mil a R$ 4 mil, por 77 anos. Mesmo assim não quis fazer acordo”, diz Gato, que já adiantou que o sindicato entrará com ação na Justiça, pedindo liminar que suspenda as demissões. Ele afirma confirma o número de 960 funcionários.


Segundo o presidente do sindicato, a categoria está disposta a aceitar uma redução de jornada e salários, com garantia de emprego até outubro, conforme prevê uma medida provisória (MP) do Governo Federal.  Ele afirma que já havia uma conversa nesse sentido, mas a Usiminas recuou, preferindo demitir.  


Empresa mantém resposta 


Questionada, a Usiminas manteve o mesmo posicionamento que adotou desde o início das negociações. Em nota, afirma que o setor siderúrgico foi fortemente impactado pela retração da atividade industrial. “Segundo dados do Instituto Aço Brasil, houve uma queda de 50% no consumo de aço no mês de abril (comparado a março) e o volume de vendas recuou a níveis antes vistos apenas em 1995, 25 anos atrás”. 


 Além disso, diz que o setor automotivo, principal mercado atendido pela Usina de Cubatão, registrou uma brusca retração na produção nacional de veículos, de 99,3% em abril, segundo dados da Anfavea - pior resultado da série histórica, que teve início em 1957.  


 “Desde o início da pandemia, a Usiminas busca o diálogo com os seus públicos, para uma solução conjunta, visando, ao máximo, a preservação da sua força de trabalho e a sobrevivência da operação em Cubatão. A companhia reitera que buscou negociar com o Sindicato dos Metalúrgicos de Cubatão, inclusive as condições para os desligamentos necessários, porém, a entidade se negou a discutir o tema.” 


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