Refinaria da Petrobras de Cubatão registra três mortes por Covid-19, diz sindicato

Petroleiros realizaram protesto na unidade cubatense para cobrar melhores condições de trabalho, estatal afirma adotar medidas de prevenção ao contágio da doença

Por: Por ATribuna.com.br  -  13/06/20  -  23:05
Protesto cobra aplicação de testes de Covid-19 na unidade cubatense da Petrobras
Protesto cobra aplicação de testes de Covid-19 na unidade cubatense da Petrobras   Foto: Divulgação/SindiPetro-LP

O registro do terceiro óbito por Covid-19 nas instalações da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, foi o estopim de mais um protesto de petroleiros na planta da estatal cubatense. A mobilização ocorreu simultaneamente nas portarias 1 e 10, e atrasou por mais de uma hora o início das atividades na unidade, nesta sexta-feira (12). 


A principal exigência do ato foi a garantia de testes rápidos (sorológico) do novo coronavírus para toda força de trabalho. A direção do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP) cobra ainda que a estatal encaminhe para isolamento social todos aqueles que testarem positivo. Os sindicalistas pedem aplicação de novo teste para esses casos, mas pelo método swab (cotonete), cujo diagnóstico é mais preciso. 


A paralisação foi encerrada com um minuto de silêncio e homenagem aos operários da RPBC que faleceram por complicações da Covid-19. Segundo a entidade, José Carlos Nunes, mecânico que atuava para terceirizada da estatal, faleceu no dia 29 de maio em decorrência do novo coronarívus. 


Ato citou trabalhadores que perderam a luta à Covid-19
Ato citou trabalhadores que perderam a luta à Covid-19   Foto: Divulgação/SindiPetro-LP

“Sem nenhum tipo de comunicação da empresa sobre a real situação da força de trabalho, sobretudo a terceirizada, apenas em contato com seu filho, o Sindipetro-LP conseguiu confirmar que a Covid-19 foi a causa de sua morte”, informa, por nota, a entidade que representa os trabalhadores. 


José Carlos foi internado no dia 16 de maio em leito comum. Após mobilização de seus familiares, conseguiu uma vaga na UTI no Hospital Municipal de Cubatão. Contudo, ele não resistiu à luta contra o vírus e faleceu.  


Com isso, eleva-se para três o número de fatais na refinaria cubatense. Conforme o Sindipetro-LP, Jorge Roberto Cláudio de Jesus, o Japão, faleceu no dia 19 de maio. Ele era operador de máquinas e atuava na área do Coque. Antônio Carcavalli, operador da Petrobrás, morreu no último dia 30 de maio, após 21 dias internado. Ambos tiveram testes confirmando Covid-19.


O sindicato alega ainda que 50 trabalhadores da refinaria já testaram positivo (com alguns ainda afastados e outros que já se recuperaram, retornando à refinaria) e outros 18 estão classificados como casos suspeitos.  


“Para nós, além da tristeza fica o sentimento de revolta. Quantos de nós ainda pagarão com a vida pela negligência da Petrobrás em adotar medidas rigorosas no combate à Covid-19? A companhia segue se pautando única e exclusivamente pela produção e o lucro, deixando em segundo plano o cuidado com sua força de trabalho”, posiciona-se a entidade.  


Petrobras  


Em nota, a estatal informa não medir “esforços para proteção de seus colaboradores (próprios e terceirizados)”. Afirma que desde o início da pandemia, monitora o quadro de saúde e adota medidas para prevenção à disseminação da doença. A empresa diz ter iniciado, em 20 de maio, testes na unidade cubatense. 


“A companhia vem ampliando rapidamente a aplicação de testes na triagem antes do início de atividades operacionais, tanto em plataformas offshore como em unidades operacionais em terra. De cerca de 26 mil testes já realizados no país, mais de 20 mil foram aplicados com o propósito de triagem”. 


Ainda conforme a estatal, os testes rápidos realizados para triagem nas unidades operacionais servem para identificar pessoas assintomáticas que possam apresentar algum risco.


O comunicado destaca que a “conduta adotada pela Petrobras segue critérios técnicos”. Acrescenta que as pessoas com teste positivo já tiveram exposição ao vírus e desenvolveram defesas naturais. “Portanto, não estão doentes nem apresentam risco de contagiar outras pessoas, por isso são liberadas para o trabalho. A triagem por testes rápidos vem apresentando resultados positivos, com redução do número de colaboradores com a infecção ativa”, finaliza. 


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