Em Cubatão, refugiados venezuelanos encontram um lar

Harrinson, Alex e Luiz revelaram que a economia da Venezuela está quebrada

Por: Valentim Cardoso & Thiago Dantas & Colaboradores &  -  04/05/19  -  13:10
Luiz, Alex e Harrinson receberam vistos provisórios de 60 dias
Luiz, Alex e Harrinson receberam vistos provisórios de 60 dias   Foto: Valentim Cardozo e Thiago Dantas/ Especial para A Tribuna

Há cerca de 15 dias em Cubatão, três venezuelanos estão abrigados em uma casa na Rua Orlando Curti, na Vila Paulista. Harrinson Buitrago (de 39 anos), Alex Majone (19) e Luiz Viñoles (25) percorreram mais de 6 mil quilômetros, vindos do país vizinho até chegarem à Baixada Santista.


Segundo Harrinson, líder do grupo, a decisão de fugir da Venezuela para buscar abrigo no Brasil foi devido à necessidade de encontrar uma vida melhor não só para eles, mas também seus familiares (que ainda estão na Venezuela), que sofrem com a instabilidade vivida no país devido a um sistema político - econômico falido – que levou a maioria do povo venezuelano à fome, à violência e ao desemprego.


“Temos um amigo venezuelano que mora aqui, na cidade vizinha de São Vicente. Por isso chegamos até a Baixada Santista, onde este mesmo amigo conseguiu nos colocar para trabalhar na feira, aqui em Cubatão, onde estamos morando agora”, diz Buitrago.


Já Alex Majone, o mais novo do grupo e que ainda não concluiu seus estudos, explicou como foi o trajeto até ingressarem em território brasileiro. “Foi muito difícil para nós atravessarmos a fronteira, pois havia muitos militares da Guarda Bolivariana [exército venezuelano] e passamos por muitas cidades de nosso país, como Simon Bolívar, Tachira, Santa Helena e outros locais até ingressarmos no Brasil”, relata o jovem venezuelano. Ele ainda afirmou que o grupo permaneceu por sete dias na região fronteiriça venezuelana, alimentando-se basicamente de pão e água, até cruzarem os limites territoriais para o lado brasileiro.


O regime  


Harrinson, Alex e Luiz revelaram que a economia da Venezuela está quebrada. Segundo eles, apesar de o país deter uma das maiores reservas de petróleo do Mundo, o estilo chavista de governar a nação, que foi seguido à risca pelo atual presidente, Nicolas Maduro, levou o povo venezuelano para o que muitos consideram como o pior momento de sua história.


“As consequências estão em toda a parte, já que o salário mínimo venezuelano serve apenas para comprar um pacote de arroz e meia cartela de ovo – isso sem falar que não dá mais para andar tranquilamente pelas ruas de Caracas, principalmente no período noturno, onde o índice de criminalidade aumentou e bastante”, afirmou Viñoles. Ao serem questionados sobre o impasse na questão política do país, Harrinson disse que a maioria (cerca de 80%) do povo da Venezuelano é a favor do líder oposicionista e presidente autoproclamado, Juan Guaidó.


“A verdade é que o povo venezuelano cansou e, apesar de estarmos longe da Venezuela, o sofrimento ainda não acabou. Ele está dentro dos nossos corações, pois sabemos que nossos familiares estão lá”, lamenta, emocionado, o venezuelano, que agradece a receptividade do povo brasileiro, principalmente aqui em Cubatão. “As pessoas daqui são muito amáveis”, finaliza.


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