Cemitério das Polacas, em Cubatão, está em fase final de recuperação

Restaurado pela Associação Israelita, o local é o primeiro do gênero no Brasil a ser tombado pelo Patrimônio Histórico

Por: Fernando Degaspari & Da Redação &  -  08/05/19  -  23:12
Local passou por restauração e agora está aberto ao públic
Local passou por restauração e agora está aberto ao públic   Foto: Rogério Soares

O Cemitério das Polacas, de Cubatão, está em fase final de recuperação. O local, primeiro do gênero no Brasil a ser tombado pelo Patrimônio Histórico, vem sendo restaurado pela Associação Israelita de São Paulo e poderá fazer parte do circuito histórico da região.


As 68 lápides do lugar, onde estão enterrados os corpos de 13 homens e 55 mulheres, todos imigrantes do leste europeu, foram cuidadosamente recuperadas por especialistas.


Até o início de junho, deve ser realizada uma solenidade para marcar a recuperação do local, que estava degradado pela ação do tempo e de vândalos.


“É um trabalho de recomposição das sepulturas, tanto em cimento quanto em granito e mármore, estão sendo refeitas a pintura e as inscrições em hebraico, limpeza e parte de obra civil, que seriam os muros, portão original, instalação hidráulica e drenagem pluvial”, explica Simone Sinnatore, gerente geral da Associação Cemitério Israelita de São Paulo.


Importância Histórica


O Cemitério Israelita foi tombado em 2010 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão (Condepac). “Foi o primeiro tombamento de um cemitério de polacas no País”, diz o historiador e ex-secretário de Cultura do Município Wellington Borges.


O cemitério foi fundado por volta de 1924 e ficava onde hoje está a refinaria Presidente Bernardes. Com o início das obras, na década de 1940, as lápides foram levadas para o local atual, ao lado do Cemitério Municipal de Cubatão.


Nele, estão enterradas pessoas renegadas pela comunidade judaica, que não permitia que elas fossem sepultadas no mesmo local onde estão suas famílias.


“Eram cafetões e prostitutas que trabalhavam no Porto de Santos. Essas mulheres, por causa delas, compraram o terreno para poderem ser enterradas”, explica o escritor e historiador Guilherme Faiguenboim. O último sepultamento foi por volta de 1965.


Essas pessoas vieram para a América do Sul para escapar do antissemitismo e de uma grave crise econômica e social que atingia o império russo, no final do século 19.


“Nas aldeias e cidades menores houve um esfacelamento das famílias, e muitas moças foram atraídas para a prostituição como alternativa para sobreviver. Nessa época, havia uma máfia com base em Buenos Aires que levava as mulheres, principalmente da Polônia, para a Argentina. Mas, quando havia repressão policial, muitas fugiam para o Brasil”, diz Faiguenboim.


Prefeitura e Associação Israelita (Chevra Kadisha) devem transformar o cemitério em atração turística. “A partir do restauro, queremos iniciar um projeto de educação patrimonial. Já estou planejando as turmas. Tenho conversado com a Secretaria de Turismo para incentivarmos a visitação”, afirma Borges.


Serviços


A Chevra Kadisha (Associação Cemitério Israelita de São Paulo) é a instituição responsável pela administração de quatro cemitérios no Estado. Além do de Cubatão, há um em Embu das Artes. Atualmente, os judeus são sepultados na Capital nos cemitérios do Butantã ou da Vila Mariana. Também são oferecidos serviços funerários para a comunidade judaica. Dentre os cemitérios de polacos, os mais próximos são o do Chora Menino, em São Paulo, já desativado, e o do Inhaúma, no Rio de Janeiro.


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