Biomédica cubatense na linha de frente da vacina contra o novo coronavírus: 'Vivo para isso'

Fernanda Garcia Spina integra equipe que testa medicamento que pode representar a proteção contra a doença

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  05/07/20  -  12:25
Fernanda crê em vacina finalizada até o fim do ano
Fernanda crê em vacina finalizada até o fim do ano   Foto: Arquivo pessoal

Uma biomédica cubatense faz parte da equipe brasileira que atua nos testes da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido. Fernanda Garcia Spina, de 33 anos, integra o grupo do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), responsável por conduzir uma das frentes de trabalho no Brasil. 


Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos projetos mais promissores até o momento, a vacina de Oxford está na fase 3 dos ensaios clínicos. Esta é a última etapa de testes em seres humanos para determinar se a vacina é ou não segura e eficaz. Além dos testes em São Paulo, liderados pela Unifesp, outros também estão sendo feitos no Rio de Janeiro pela Rede D’Or São Luiz. 


>> Confira o cenário atual e a rota de produção


Fernanda, que nasceu em Cubatão e cresceu no Jardim Casqueiro, já participou de diferentes projetos de vacinas, inclusive de fase 3, mas admite que se imaginar no meio de uma pandemia era um pensamento distante. 


“Não imaginei viver uma pandemia nem atuar em um grupo que tem uma das vacinas mais promissoras no mundo. Hoje, eu vivo para isso e toda a equipe está extremamente empenhada em obter os resultados mais rapidamente”, garante Fernanda. 


Com a pandemia de covid-19, a biomédica ficou praticamente sem tempo para qualquer outro assunto. O dia a dia é tomado por atividades ligadas ao projeto, como processamento de amostras, recrutamento e agendamento de voluntários. Além disso, Fernanda também atua em um laboratório de urgência e emergência. 


“Por isso, sei bem como essa doença é fatal. É triste ver as pessoas perdendo seus avós, pais, filhos e seus amores, enquanto outros, simplesmente, não acreditam que ela existe”. 


Conclusão 


Segundo Fernanda, os testes já começaram com profissionais de saúde de 18 a 55 anos ou com alta exposição ao novo coronavírus, como motoristas de ambulância e seguranças.


Ela acredita que é possível que tenhamos uma vacina ainda este ano. Porém, por conta dos processos burocráticos, a distribuição para a população em geral pode mesmo ficar para 2021.


"Eu acredito que teremos uma vacina, sim, este ano. Porém, não sei se a distribuição seria realmente antes de 2021. Mas sabemos que o mundo todo está, de alguma forma, junto nesta jornada. Então, eu tenho esperança que acontecerá uma força-tarefa para que todos recebam as vacinas o mais rápido possível”. 


Esperança 


No começo da pandemia, o medo da contaminação era muito maior. Hoje, o que pesa mesmo no cotidiano é saudade da família, admite Fernanda. Ela, que atualmente mora sozinha na Capital, não vê os familiares na Baixada desde março. Está isolada para proteger quem ama, mas acredita que tudo valerá a pena.


“Meu maior desejo é que esta e outras vacinas funcionem e todos retomem suas vidas, negócios e, claro, consigam superar este momento tão delicado e doloroso”.


Fiocruz fecha acordo com britânicos


A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmará acordo com a biofarmacêu-tica britânica Astra Zeneca para compra de lotes e transferência de tecnologia da vacina para covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford. O acordo será resultado da cooperação entre o governo brasileiro e a biofarmacêutia.


Segundo a Fiocruz, trata-se de uma encomenda tecnológica em que a instituição adquire o produto antes do término dos ensaios clínicos previstos, em função do movimento global de mobilização e para aquisição de vacinas.


O acordo prevê duas etapas de produção. A primeira consiste na produção de 30,4 milhões de doses antes do término dos ensaios clínicos, o que representaria 15% do necessário para a população brasileira, ao custo de 127 milhões de dólares (R$ 675 milhões).


O investimento inclui não apenas os lotes de vacinas, mas também a transferência de tecnologia para que a produção possa ser completamente nacional. 


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