Crise econômica reduz poluição de ar por veículos na Baixada Santista

Relatório emitido pela Companhia Ambiental do Estado aponta que único composto químico no ar da região é da queima de veículos a etanol

Por: Rafael Motta & Da Redação &  -  04/01/20  -  20:40
  Foto: Carlos Nogueira/AT

A crise econômica ajudou a reduzir a poluição do ar por veículos em 2018, na comparação com o ano anterior. Essa é uma das conclusões do relatório Emissões Veiculares no Estado de São Paulo, produzido pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente e pela Companhia Ambiental do Estado (Cetesb).


O único composto químico em alta na atmosfera paulista foram os aldeídos, resultantes da queima de combustível de veículos a etanol, conforme estimativas. A Baixada Santista seguiu essa tendência, mesmo ultrapassando padrões em Cubatão (veja infográfico e destaque).


A diminuição geral representa menos substâncias prejudiciais à saúde a serem inaladas. Em 2013, uma pesquisa intitulada Avaliação do Impacto da Poluição Atmosférica sob a Visão da Saúde no Estado de São Paulo mostrou que, de 2006 a 2011, a poluição matou 15 mil pessoas por ano, ante 7,9 mil óbitos por acidentes de trânsito.


A queda também representa menos liberação de gases do efeito estufa. Nesse fenômeno, parte da radiação emitida pela superfície terrestre não é liberada para o espaço. De forma excessiva, pode aumentar a temperatura do ambiente e, em maior escala, levar ao aquecimento global.


Etanol: inédito


Em nível estadual, pela primeira vez, o etanol hidratado foi o combustível mais consumido, também em cálculos estimados: 9,96 bilhões de litros, ante 9,69 bilhões em óleo diesel e 8,42 bilhões em gasolina comum. Foi um recorde para o antigo álcool.


Com o aumento no preço da gasolina, o etanol se tornou mais atrativo. Em Santos, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o valor médio do litro da gasolina era de R$ 4,046 em dezembro de 2017 e de R$ 4,327 em dezembro de 2018 (alta de 6,9%). O do etanol caiu de R$ 2,992 para R$ 2,886 no período (-3,5%).


Assim, o volume de etanol utilizado cresceu 29,5% entre um ano e outro, ao passo que o de gasolina baixou 19,6% e o de diesel subiu 0,5%. Ao mesmo tempo, a frota total de veículos — 15,3 milhões, dos quais 496 mil na Baixada — era praticamente igual à de 2017. Combinados esses fatores, segundo o relatório, houve menos poluição.


Os parâmetros atuais de emissões por tipo de veículo e de combustível valem desde 2012 para modelos a diesel e 2014 para os movidos a gasolina ou a etanol.


Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelecem que novos veículos deverão lançar menos substâncias poluidoras no ar de 2021 em diante.


Controle
A diretora presidente da Cetesb, Patrícia Iglecias, disse para A Tribunaque o estudo embasará a atualização do Plano de Controle de Poluição Veicular (PCPV) paulista, com ações para o período entre 2020 e 2022, a ser concluída no início do próximo ano.


Para Patrícia, inspeções veiculares como a que havia na Capital até 2014 seriam insuficientes contra a poluição, pois se restringem a veículos da cidade onde estão registrados.


Planejamento urbano, transportes por distâncias menores e avanços tecnológicos teriam mais eficácia, considerou ela.


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