Crédito consignado do INSS pode ter margem de 40% durante a pandemia

Proposta é do Conselho Nacional de Previdência Social e será analisada nas próximas semanas

Por: Rosana Rife  -  02/09/20  -  11:18
Segurados têm assumido mais despesas devido à crise provocada pela Covid-19
Segurados têm assumido mais despesas devido à crise provocada pela Covid-19   Foto: Matheus Tagé/AT

Aposentados e pensionistas do INSS pedem que a margem do crédito consignado da instituição suba dos atuais 35% para 40%. A solicitação foi feita pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). A alteração valeria durante a pandemia do novo coronavírus. A ideia seria aumentar o percentual do empréstimo tradicional, que é de 30%, para 35%. A margem para uso com cartão de crédito permaneceria em 5%.


Um dos membros do Conselho, o presidente da Confederação Brasileira dos Aposentados (Cobap), Warley Gonçalles, diz que o pedido de mudança se deve à situação de muitos segurados, que enfrentam dificuldades financeiras. “Os aposentados estão insistindo nesse aumento porque traria um alívio às contas. Não sei exatamente se essa é a melhor saída. Mas tem muita gente ajudando a família e o 13º já foi”.


O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical, João Inocentini, também afirma que, com o cenário da pandemia, a situação ficou complicada para os segurados, que passaram a recorrer ainda mais aos empréstimos. “O aposentado está desesperado. Por conta do desemprego, muitos sustentam filhos e netos. Então, se não recorrerem ao empréstimo, vão pegar dinheiro com agiotas, que irão explorá-los”.


Atualmente, o teto dos juros autorizado pelo INSS está em 1,8% ao mês no empréstimo tradicional e 2,7% ao mês no caso do cartão de crédito consignado.


Exemplo
Um segurado que receba R$ 2 mil, por exemplo, poderia comprometer R$ 800,00, caso utilize toda a margem disponível, “Eles já estão endividados e acabarão comprometendo quase metade do orçamento. Não acho bom isso, porque sairão do sufoco agora, mas vão se afundar mais lá na frente”, explica a economista Karla Simionato.


Mesmo para a Economia do País, a medida poderá representar mais problemas do que soluções, diz a especialista. “Você tem que colocar dinheiro na Economia e ela tem que girar, porque as medidas só são boas para a área econômica se as pessoas pagarem suas dívidas”.


Segundo o presidente da Cobap, uma alternativa seria o pagamento de um 14º salário. A proposta já foi enviada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, por meio do requerimento da Primeira-Secretaria da Câmara dos Deputados. “Mas, até agora, não tivemos posicionamento”.


Respostas
Questionado por ATribuna.com.br, o INSS não se quis comentar o assunto. Informou apenas que a recomendação do Conselho depende de envio de proposta ao Congresso Nacional e da votação por deputados federais e senadores. Nem a assessoria da Presidência da República nem o Ministério da Economia se posicionaram.


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