Covid-19: Vírus avança de forma acelerada na Baixada Santista

Todos os hospitais registram alta; atendimento no pronto-socorro da Santa Casa de Santos cresceu 186 %

Por: Maurício Martins  -  21/11/20  -  10:40
Santa Casa de Santos vem registrando picos no atendimento
Santa Casa de Santos vem registrando picos no atendimento   Foto: Matheus Tagé/AT

O coronavírus voltou a se espalhar rapidamente na Baixada Santista. A Santa Casa de Santos, que recebe pacientes de toda a região, reflete bem a atual realidade: no pronto-socorro do hospital, os atendimentos de pessoas com sintomas aumentaram 186,3% em 15 dias. Em 1 de novembro, 51 pacientes procuraram socorro médico, total que passou para 146 no dia 16, o número mais alto registrado em um só dia desde o início da pandemia. 


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“Isso nitidamente reflete a falta de cuidado. Não é para ter uma vida social normal, estamos em pandemia ainda”, afirma o diretor médico da Santa Casa, Rogério Dedivitis. “A recomendação é a prevenção primária, evitar fatores de risco, exposição social e a não utilização de máscara”, diz ele, ressaltando que a unidade recebeu mais pacientes jovens.  


Dedivitis também alerta para a importância da detecção precoce da doença. “Pessoas com sintomas gripais devem passar no pronto-socorro, onde medidas serão tomadas para verificar se é o caso de colher exames e entrar com medicação. Na situação em que estamos, todo quadro gripal deve ser valorizado”, destaca ele, informando que até o número de crianças internadas aumentou.  


O médico intensivista Marco Cavalhero, de 56 anos, coordenador da UTI adulto do Hospital São Lucas, em Santos, ressalta que há duas semanas o número de pacientes que chegam via pronto-socorro aumentou muito e, como consequência, há mais casos graves.  


"A doença não acabou, o vírus não morreu e não temos nenhuma defesa. E a pior coisa dessa doença é não ter remédio para tratar. O que tentamos fazer é dar medicamentos para impedir uma evolução grave, mas remédio especifico não tem. Esse é o perigo”, diz ele.  


No São Lucas, Cavalhero percebeu um número maior de pacientes idosos. “Mais frequente do que na primeira fase. Talvez porque eles estavam mais resguardados, isolados. Agora, as pessoas voltaram a frequentar a casa dos pais, dos avós. É preocupante porque isso aumenta bem a mortalidade, que já era alta. O risco de o idoso agravar o quadro e morrer é maior”.  


O médico intensivista Edwin Koterba, que trabalha em UTIs de hospitais de Santos e de São Paulo, percebeu um aumento geral no número de casos. “O que chama atenção é que os pacientes estão demorando mais tempo para chegar no hospital, no oitavo, décimo dia, com quadro agravado”. 


Koterba explica que os hospitais estão se preparando para uma situação dramática como no pico da pandemia. “Não tem nenhuma medicação milagrosa. Antibiótico não resolve covid, é uma forma de prevenção à uma infecção bacteriana. O que precisa é de cuidados e a máscara é nosso escudo, nossa proteção”.  


Novas estratégias 


Para o secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, há um maior descuido da sociedade nas medidas de proteção. “Estamos distantes do pico que registramos em junho, mas é bastante preocupante o aumento expressivo que estamos observando, gradativo e contínuo”, diz Ferraz. 


A Prefeitura de Santos deve anunciar, até segunda-feira, novas medidas para o enfrentamento desse aumento de casos. “Fizemos a solicitação, junto ao Governo do Estado, da prorrogação do custeio do hospital Vitória, de campanha, onde temos 127 leitos. É fundamental para Santos e região. A ideia é prorrogar a disponibilidade de leitos até março do ano que vem”.  


Sobre o retorno de medidas mais restritivas, Ferraz diz que a Prefeitura vai aguardar a atualização do Plano São Paulo, pelo Governo do Estado, no próximo dia 30. 


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