Covid-19: Segunda onda da pandemia na Europa acende alerta na Baixada Santista

Novo Coronavírus no Velho Continente reforça a necessidade de se manter o distanciamento e as medidas sanitárias; especialistas comentam

Por: Rosana Rife  -  30/10/20  -  10:24
Covid na Europa acende alerta na Baixada Santista
Covid na Europa acende alerta na Baixada Santista   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A explosão de casos do novo coronavírus na Europa, com decretação de lockdown parcial pela França e Alemanha, além de toques de recolher na Espanha, trouxe preocupação a especialistas em saúde no Brasil. O País ainda não encerrou a primeira onda da covid-19, mas a situação europeia deve acender o sinal amarelo por aqui, afirmam os médicos e infectologistas ouvidos por A Tribuna.


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“Se pegar um mapa com os casos e as mortes em relação ao tempo, vai verificar que a Europa teve um pico, fizeram lockdown e houve uma diminuição significativa. Aqui, a gente teve seis meses de casos elevados. Havia uma média de mil mortes e agora são 500, 400. Ainda é muito alto”, analisa o infectologista Marcos Caseiro.


Dois fatores são fundamentais para explicar o crescimento exponencial de casos no continente europeu. “Eles têm uma população exposta menor porque foram muito efetivos nas medidas de controle, como o lockdown”, explica o infectologista Evaldo Stanilau. O outro refere-se ao frio. No outono e inverno, as pessoas ficam mais confinadas, acrescenta Caseiro. “As doenças respiratórias têm um padrão de aumento de transmissão no inverno. É um fator facilitador de transmissão”.


No Brasil, os dias já estão mais quentes. Porém, isso não é uma garantia de que não haverá um novo pico. 


“Nem acabou a primeira onda, mas poderemos ter, em locais que já estavam em declínio, uma elevação. Aliás, isso tem sido observado no norte do País. Há muita gente ainda vulnerável, muito vírus circulando e a resposta imunológica ainda é desconhecida”, diz Stanislau.


Comportamento


Um dos motivos para a ocorrência de um platô pode estar ligado ao comportamento das pessoas, acreditam os especialistas. “As pessoas estão vivendo como se não houvesse mais covid-19 e abandonaram as medidas básicas de proteção. Esse é o principal fator de risco e é o que está motivando a Europa a voltar a fazer lockdown”.


Situação que também preocupa Caseiro. “Não tenho dúvidas que temos um aumento e que isso é decorrência desse momento de abertura geral. Acho que isso é uma questão importante”.


Por sinal, a manutenção do distanciamento social, uso de máscaras e regras de higiene também são apontadas como fundamentais pelo coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus no Estado, José Medina. 


“Estamos muito ligados, porque talvez perto de 100 mil pessoas são portadoras do vírus, agora, no Estado. Mas ainda há um isolamento social de 40%. O pessoal tem usado máscara. Tudo depende do comportamento da população”, diz. 


“Ainda não existe vacina contra covid-19. A única maneira que temos de controlar a doença são medidas não medicamentosas, que é o distanciamento e tudo mais”, enfatiza Stanislau.


Jovens estão mais expostos ao risco


O público jovem é o que vem sendo mais afetado na Europa, o que se reflete no numero de mortes, que está sendo menor em relação à primeira onda. “São pessoas com menos doenças crônicas. Porque a juventude na Europa foi para a rua com tudo”.


De forma geral, a situação não se complica mais porque esses meses de pandemia ajudaram a classe médica a descobrir caminhos para lidar com a dença. “Melhorou nossa linha de conhecimento. A gente aprendeu a intervir no momento oportuno, usando corticóide, anticoagulante. Isso foi um diferencial”, informa Caseiro.


Preparação


Apesar de ainda haver dúvidas sobre a possibilidade do País enfrentar uma segunda onda, o consenso entre os especialistas é de que as cidades e os estados não podem baixar a guarda. 


“A gente tem percebido que as autoridades estão acomodadas, muito confortáveis, e passam mensagens como se o pior ja tivesse passado. Isso não é comportamento para o momento. Temos de continuar com atenção máxima”, critica Stanislau.


Segundo ele, é preciso manter condições de mobilização de toda a estrutura de atendimento pronta para um eventual repique no número de casos. “Sobretudo para testagem. A primeira lição de casa para o momento é não descuidar do diagnóstico. Se a gente quer perceber uma nova onda chegando, a gente precisa de diagnóstico e notificação. Segunda coisa, é ter um plano”.


O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus no Estado afirma que São Paulo vem fazendo isso. “Os hospitais de campanha foram feitos numa emergência e muitos foram desmontados. Não foram ocupados da forma como a gente imaginava. Mas cresceu o número de leitos hospitalares. Agora, dá para ocupar leitos até de regiões diferentes”.


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