Covid-19: Maioria das cidades da Baixada Santista mantém indicação de cloroquina

Infectologistas afirmam que o mais indicado seria revisar o procedimento, uma vez que a prescrição do medicamento cada vez mais se comprova não ser o caminho para a cura de coronavírus

Por: Rosana Rife  -  27/05/20  -  21:13
nvisa afirma não ter havido alteração na regra até o momento
nvisa afirma não ter havido alteração na regra até o momento   Foto: DIRCEU PORTUGAL/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Um dia após a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspender os estudos sobre o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19, a maioria das cidades e hospitais da região informa que manterá a indicação do medicamento, seguindo orientações do Ministério da Saúde.


Apesar disso, infectologistas afirmam que o mais indicado aos municípios seria revisar o procedimento, uma vez que a prescrição do medicamento cada vez mais se comprova não ser o caminho para a cura do novo coronavírus.


O posicionamento da OMS seria a “pá de cal” sobre o tema, avalia o infectologista Marcos Caseiro. “Estamos falando isso faz tempo. Não há evidências que a cloroquina resolva em qualquer etapa da doença. Só os governos do Brasil e Estados Unidos insistem nisso”.


O infectologista Evaldo Stanislau também concorda com a OMS. “Se antes havia o benefício da dúvida sobre o uso da cloroquina, apesar dos riscos, e isso fazia com que a utilização fosse razoável, hoje não há dúvidas. A gente vê uma série de artigos, com grande número de pacientes, em estudos bem feitos, que demonstram que ela não traz benefícios e aumenta o risco”.


Cidades


Em Santos, o remédio é utilizado desde o final de março, quando o Ministério da Saúde o autorizou para pacientes graves. E, desde de 20 de maio, passou a adotá-la também no tratamento precoce da doença, conforme novas orientações do Governo Federal.


Em todos os casos, a indicação do medicamento fica a critério do médico, sendo preciso ainda autorização do paciente por escrito, informa a Prefeitura santista.


Já Praia Grande utilização a medicação em casos considerados graves. O Município disse ainda que tem um comitê formado por diversos profissionais da área de saúde que acompanha estudos e pesquisas lançados não só no País. No momento, analisa “o novo posicionamento da OMS para que os protocolos sejam revistos e a Cidade se adeque a essas recomendações”.


O secretário de Saúde de Guarujá, Vitor Hugo Straub Canasiro, informou que os medicamento continuarão a ser usados nos casos indicados pelos médicos, desde que haja consentimento do paciente ou de familiares.


Já a Secretaria de Saúde de São Vicente  informa que o Município possui protocolo clínico para uso de cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes hospitalizados, aguardando “novas decisões e notas técnicas do Ministério da Saúde”.
Mongaguá informou, em nota, que só atende casos leves da doença e, portanto, não há prescrição do medicamento. “Os casos moderados e graves são transferidos para hospitais-referência”. Itanhaém e Peruíbe seguem na mesma linha. 


Outra linha


Cubatão é a única cidade a ter uma posição diferente. Segundo a Secretaria de Saúde, diante das mais recentes publicações e recomendações científicas, o Comitê Estratégico Municipal Covid-19 “não recomenda a adoção desses medicamentos”. Bertioga não respondeu até o fechamento da edição.


Hospitais


Na Santa Casa de Santos, a cloroquina costumava ser usada em pacientes graves e nos protocolos de pesquisa. “Diante das evidências negativas da literatura mundial e da não resposta clínica dos pacientes, além da necessidade de suspensão por alterações cardíacas em cerca de 10% dos indivíduos, foi diminuída a utilização a casos selecionados”, explica, em nota, o médico e diretor técnico. Alex Macedo. Segundo ele, está mantido, quando indicado, o uso de azitromicina, anticoagulante e corticoide.


O diretor da Beneficência Portuguesa, Mario da Costa Cardoso Filho, diz que, desde que o uso de cloroquina e hidroxicloroquina virou polêmica, os remédios são prescritos para casos de UTI ou isolamento, e com indicação do médico assistente, com avaliação do médico coordenador do setor e do diretor técnico. “Não recomendamos o uso em pronto-socorro porque, nesse caso, o doente não fica sob nossa observação”.


A Casa de Saúde divulgou que reverá, com seus especialistas, a continuidade do uso da medicação, após o posicionamento da OMS. Até agora o hospital segue protocolo adotado pelo Ministério da Saúde. 


Já a Secretaria de Estado da Saúde, que responde pelos hospitais Guilherme Álvaro e Regional de Itanhaém, além do Hospital Municipal de Cubatão e o Hospital Ana Costa, não responderam até o fechamento da edição.


Responsável pelos hospitais Guilherme Álvaro e Regional de Itanhaém, o Governo de São Paulo havia se posicionado na semana passada, por meio do governador João Doria (PSDB), que disse que não fará “distribuição nem aplicação generalizada da cloroquina porque a ciência não recomenda”.


O Hospital Municipal de Cubatão e o Hospital Ana Costa não responderam até o fechamento da edição.


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